Bocage foi homem nobre
Nobres foram seus parentes
Foi frei e conventual
Um dos últimos parentes.
Bocage que se alistou
Cadete de infantaria
O posto que lhe cabia
Não quis seguir, desprezou.
Seu nome não desonrou
Ainda hoje não se encobre.
Por ser poeta foi pobre
Ser pobre não é defeito
Se o vulto é de respeito
Bocage foi homem nobre.
Dinheiro não possuía
De dia tudo gastava
Se algum resto lhe ficava
Toda a noite dormia.
Na roda da fidalguia
Tinha muitos pretendentes.
Com esses homens decentes
Nunca gostou de viver
Se nobre não queria ser
Nobres foram seus parentes.
Dois Bocages conheci
Um padre e outro empregado
O padre um vulto sagrado
Algumas missas lhe ouvi.
Algumas vezes o vi
A lastimar o seu mal.
Este padre espiritual
Chorava p'la sua cela.
No convento de Palmela
Foi frei e conventual.
Talvez que alguma memória
Dessas que há na capital
Seu antigo original
Não tenha tão boa história.
Quem hoje tem mais glória
São homens influentes
Pois dos Bocages viventes
Só um ramo está lá em cima:
É o ramo Bocage Lima
Um dos últimos parentes.
Quem é que foi fundador
Do teatro de Bocage?
Quem foi esse personage
Que lhe deu tanto valor?
Quem foi o possuidor
Dessa casa tanto ano?
Se acaso me não engano
E a ideia me não me mente
Foi um ilustre parente
Do grande poeta Elmano.
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