Tempos estranhos estes que vivemos: (a linguagem não é minha) chegada a época, os clubes vão ao mercado e compram jogadores de futebol, a olho... Com defeito, uns; sem defeito, outros. Depois levam-nos para o verde dos (seus) campos, estudam-lhes cientificamente as eventuais carências disto ou daquilo e começam a administrar-lhes exercícios físicos, e outros, enquanto os submetem a modos de vida em grupo que façam deles, se possível, únicos em futuros mercados da especialidade, de preferência, internacionais.
Entretanto, ao longo do ano que se segue à compra, vão-lhes experimentando as capacidades perspectivadas, com vista, não à sua futura utilização na espécie de prado que é o relvado dos estádios, mas, numa como que engorda, para futura venda. Se correspondem ao que o olheiro de serviço "viu", vão jogando para não perderem a forma e manterem os adeptos, adeptos ... Acontece, entretanto, a dita espécie de engorda, enquanto os especialistas do clube, ou contratados, começam a perspectivar as hipóteses das correspondentes mais-valias em presença.Chama-se a comunicação social para os ver, fazem-se-lhes, se possível, rasgados elogios e quando os frequentadores dos estádios começam a estar ao rubro de contentes com as novas aquisições, os gabinetes financeiros dos clubes desatam a ver em que mercado os podem publicitar, com vista a uma eventual venda com as mais-valias adquiridas.
Entretanto, enquanto decorre o tal processo de anafar, põem-nos a jogar e a ganhar, mais do que jogos, imagem pública, de preferência, internacional. E, todos os anos, sempre o mesmo processo: prospecção, compra, engorda, venda (de preferência depois de terem ajudado a ganhar medalhas) e presença em novos mercados para eventuais (chamam-lhes os donos dos clubes) transferências. Em última análise, recuperado, na medida do possível, o investimento feito, há sempre a possibilidade de aparecer na feira da ladra mais próxima e tentar vender por bom preço o que terá sido, pelo menos, na aparência, uma compra prometedora ... E assim gira a coisa. A chamada comunicação social dá o jeito, entusiasma-se, e entusiasma, e o processo é sempre o mesmo: se já é bom, ou se tem probabilidades de fazer crescer as suas capacidades, é dinheiro em caixa para as associações desportivas envolventes. Os jogadores, uma vez adquiridos, sabem que quanto melhor jogarem mais probabilidades têm de, a curto prazo, serem bem vendidos; os espectadores que, entretanto, os viram jogar, o que querem é vitórias; e os capitalistas da bola, no fundo, o que visam são bons negócios - de preferência, apoiados em boas exibições. Temporárias que sejam.
E assim gira a máquina dita desportiva: aquisição, engorda, venda, aquisição, engorda, venda. Com prémios (campeonatos ganhos) pelo meio, de preferência. E como o Zé o que quer é festa, está tudo certo. Tão certo que até há uma espécie de Mercado Comum, com campeonatos e tudo. E feiras da ladra várias por todo o lado.
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