quinta-feira, 14 de agosto de 2014

in Cartas à minha neta *

* Cartas à minha neta era um projecto de livro M.A. que, quando faleceu, Carlos Pinto              Coelho tinha em mãos com vista a eventual publicação por editora a contactar

 Uma das muitas cartas, rezava assim:

"... ... ... ... ... ...

Pode, deve um avô falar de sexo, ou melhor, de sexualidade feminina, à sua neta? Com eventual introdução de metáforas ... Utilizando esta via, ou outra ... Pode. Claro que pode. É fundamental complementar o que, a respeito, diga a mãe, o pai, a escola. Pode! Pode, mas não é assim sem mais nem menos ... Talvez começando por ... Nada disso: falemos, por exemplo, do uso (não te rias ...) de brincos e nos cuidados que há que ter ... ao furar as orelhas: os perigos de infecção, a irreversível novidade criada, uma certa violência sobre o corpo ... Sem esquecer, é evidente, que essa afirmação de vontade é apenas uma gracinha para animar o espelho que ... Mesmo que ... Estou a lembrar-me dos "graffitis" que, dizem os autores quando admoestados, só "dão pica" se forem clandestinos ... Não. Com as orelhas é diferente: o próprio não tem outras ... Apesar da quase inocência do querer, confesso que não lhe vejo nem bilhete de identidade que responsabilize, nem grandes preocupações imediatas ou a prazo ... Nada ... Não. Pode ser giro e, com a idade apropriada, dar um toque ... Sim!

Já os "piercings", bom, os "piercings", sobretudo, no umbigo, na língua ... - mas os outros também são um pouco canibalescos ...

Voltaremos ao assunto."


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