O número de visitantes de Macau estabeleceu em Agosto um recorde acima dos três milhões de pessoas, indicam dados estatísticos oficiais, o que tem consequências positivas, mas mais aspectos negativos, sublinhou o economista Albano Martins.
De acordo com os mesmos dados, entre 1 e 31 de Agosto entraram em Macau 3.086.271 visitantes, mais sete por cento do que no mesmo mês de 2013, e com os excursionistas a representarem 54 por cento - ou 1,66 milhões de pessoas - do total.
Perante os números, Albano Martins sublinhou como aspecto positivo a maior despesa que os visitantes fazem em Macau, fruto do maior número e da sua capacidade financeira.
"Os visitantes do continente chinês demonstram cada vez maior capacidade de despesa e por isso também viajam mais e gastam mais nos locais que visitam", disse o economista, salientando, contudo, que para Macau "os números podem ser muito redondos, mas trazem consigo mais aspectos negativos que positivos".
"O ‘boom' do turismo, especialmente com uma forte dependência do mercado continental chinês, é mais negativo para Macau do que positivo porque o elevado número de visitantes faz aumentar o custo de vida com a maior procura que leva ao aumento de preços e, por outro lado, potenciando a degradação da qualidade de vida da população", referiu.
Albano Martins lembrou, por exemplo, que o "aumento do custo de vida cria maior pressão sobre as famílias locais e nem os aumentos salariais do público e privado cobrem hoje a inflação que já ultrapassou os seis por cento ".
Por outro lado, acrescentou, as "enchentes" que o turismo provoca na cidade - entrada de 99.557 pessoas em média por dia no mês de Agosto - e a permanência fugaz dos visitantes e turistas - um a dois dias - "transforma a cidade num aglomerado de gente com os residentes a serem preteridos face aos forasteiros".
"É nas lojas, nos restaurantes, nos táxis, nas ruas, os caminhos estão todos tomados por quem nos visita, o que leva também a uma degradação da qualidade de vida dos residentes", disse, sublinhando que essa enorme procura do exterior "tem reorientado a oferta de serviços pelo têm vindo a aparecer lojas totalmente viradas para o visitante em detrimento da procura interna".
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