Sinto-me (ainda bem!) a respirar. Só que a respirar sem filtro que me valha. E então, ganhei medo a tudo e até ao ar que me chega. Abro a televisão e oiço palavras que o médico desaconselha; ligo o rádio e o que oiço dizer são verbos que fazem mal à saúde; chego-me à janela e, da rua, pouco mais oiço do que gente a gritar adjectivos de revolta - revolta a propósito de tudo, que o mal, quando chega não escolhe ...
E assim sobrevivo. Sempre à espera do bem que alguns, distraídos por certo, um dia me/nos anunciaram quando estavam com fome de poder.
Viver é um acto de resistência. A dúvida é quantos anos se viveriam mais se não se ouvissem promessas, falsas promessas ...
Para o próximo ano vamos ter melhorias em ... e em ... - dizem.
Vivo, vivo no intervalo das promessas, na esperança, quiçá parva, de amanhãs floridos. Mas tenho receio de escancarar a janela. Quanto mais não seja, porque temo abelhas nas flores de que mais gosto. Nunca se sabe se abelha é ou não disfarce de político ...
Sem comentários:
Enviar um comentário