A censura dos meios de comunicação no Continente ao movimento de desobediência civil de Hong Kong é notada pelos turistas que chegam a Macau. Mesmo entre os que estão contra a ocupação das ruas.
Lou Shuo
Muitas plataformas de media da China Continental sofreram bloqueio ou censura aquando do início do movimento de desobediência civil de Hong Kong, do qual as redes sociais mostravam imagens de milhares de estudantes a ser alvo de granadas de gás lacrimogéneo lançadas pelas autoridades da região vizinha. Apesar do bloqueio, a informação sobre os protestos passou para o lado de lá da fronteira e também a censura foi notada por quem vive no Continente.
“No início, quase não passou nenhuma notícia na televisão, nem nos jornais principais da China. E pouco a pouco, começaram a surgir algumas informações de fontes diferentes na internet, como o por exemplo no Weibo”, conta Yu Biao, turista proveniente de Zhongshan ao PONTO FINAL, falando sobre a experiência da censura durante o período das manifestações em Hong Kong. Para Yu, a censura dos media do país é um "problema sério". "Está muito difícil descobrir o que está a acontecer em Hong Kong verdadeiramente", confirma.
O registo da censura nos media sociais da China Continental atingiu o pico este ano, noticiava o jornal South China Morning Post dia 29 do mês passado.
No Weibo, a maior plataforma de microblogging do país com mais de 300 milhões de utilizadores, no dia 28 de Setembro, 15 de cada mil posts foram apagados. Na mesma data, o Instagram também foi bloqueado no Continente.
Os meios de comunicação oficiais do Partido Comunista da China têm continuado a propagar palavras críticas relativamente ao Occupy Central. Ontem, na página da agência de notícias oficial Xinhua, o maior portal de notícias do país, a manchete do dia citava uma frase de CY Leung, Chefe do Executivo de Hong Kong: "Farei o melhor para a vida dos cidadãos voltar a ser normal". Uma notícia sobre o trânsito na região causado pelo protesto, e outra em relação à perda económica do sector da restauração local também foram publicadas no site no mesmo dia.
"As deficiências e as ocultações nas reportagens publicadas deixaram as pessoas perdidas. Os media têm uma responsabilidade relevante na nossa sociedade, os jornalistas devem ter noção sobre isso”, diz-nos uma jovem do Continente que actualmente está a estudar em Macau. A jovem manifesta oposição aos protestos estudantis de Hong Kong, que considera "um erro" e “um sonho dos estudantes inocentes e impulsivos".
Um residente local, Ray Au, trabalha numa loja de óptica. Au, natural de Hong Kong, está entre os que apoiam totalmente a ideia do Occupy Central. "O povo tem que se levantar e lutar para os seus direitos políticos”, afirma, estabelecendo comparações entre Macau e a sociedade vizinha. Estas, diz, têm muitas características sociais comuns e são ao mesmo tempo duas regiões administrativas especiais da China.
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