terça-feira, 6 de janeiro de 2015

MACAU: espaço de liberdade até quando?

in PONTO FINAL

Sandra Lobo Pimentel




"A Associação Novo Macau entregou ontem uma queixa no Comissariado contra a Corrupção (CCAC) pedindo uma investigação aos recentes casos de impedimento de entrada de pessoas provenientes de Hong Kong, nomeadamente, a presidente do Partido Democrático de Hong Kong, Emily Lau.
De acordo com Jason Chao, tratam-se de “restrições caprichosas da migração que têm como alvo figuras políticas de Hong Kong”, mas não só: “parece que um vasto numero de cidadãos inocentes foi envolvido”.
Recorrendo a números que, ainda assim, não conhece na totalidade, o activista sublinhou que “nas últimas semanas, desde o começo do novo mandato do Governo, temos vistos vários casos de impedimento de entrada em Macau”.
Jason Chao citou os casos de jornalistas do grupo Next Media e do Apple Daily, de estudantes da Universidade de Hong Kong e amigos, não esquecendo o incidente “mais ridículo” com uma criança que tem o mesmo nome de alguém que consta da lista negra que está nas mãos das autoridades locais, informação proveniente da polícia de Hong Kong.
“O envolvimento da polícia de Hong Kong é óbvio. Sem as autoridades de Hong Kong, como poderia a polícia de Macau ter estes nomes? O que a Associação Novo Macau teme é que a política caprichosa da migração prossiga”.
Os responsáveis da associação entendem que os recentes acontecimentos dão indicações de que a situação possa estar a piorar, já que, “não importa a altura em que isto acontece, os impedimentos de entrada continuam a acontecer”. Sobre a lista negra, querem que o Governo revele de forma transparente o seu conteúdo. “Na minha opinião, neste novo mandato do Governo, é possível que sejam cometidos mais abusos de poder”, disse Chao.
Apesar do novo Executivo ter poucos dias desde a entrada em funções, o activista prefere sublinhar que “estes casos têm acontecido com frequência”. O facto de o secretário da tutela ser o antigo director da Polícia Judiciária também ajuda na teoria de que os abusos vão suceder-se. “Encontrámo-nos várias vezes com Wong Sio Chak e este justificou várias violações dos direitos humanos cometidas”, acusou, relembrando os incidentes em que o próprio se viu envolvido. “É óbvio que ele [secretário para a Segurança] é responsável”.
A queixa apresentada ao CCAC pede uma investigação acerca da legalidade dos impedimentos, afirmando que os cidadãos que tentaram entrar na RAEM não devem ser discriminados em razão das suas convicções políticas. “Se a culpa é do movimento de desobediência civil em Hong Kong, essa
não deveria ser uma razão válida”.

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