A mudança para o novo campus da Universidade de Macau, com uma área 20 vezes superior ao anterior, não resolveu, segundo alunos e professores, a falta de diversidade e internacionalização, que consideram um dos grandes problemas da instituição.
"Seria bom se houvesse mais diversidade de alunos e julgo que o ensino também podia ser melhor, o inglês dos professores asiáticos não é assim tão bom, os professores de fora são melhores e acho que a universidade devia contratar mais", afirmou Peter Sun, aluno do curso de Finanças, oriundo de Qingdao, na província de Shandong.
Actualmente, 80 por cento dos alunos de licenciatura são locais (uma quota obrigatória) e os restantes são maioritariamente da China Continental. Nos cursos de mestrado, os alunos da China são cerca de metade e em doutoramentos são perto de 75 por cento, segundo dados da UM.
"Sinto-me um pouco isolado, às vezes não sei se estou em Macau ou na China. A China é já ali e até a rede de telemóvel por vezes é da China", diz o estudante de 22 anos, que agora só se desloca à cidade ao fim-de-semana devido à escassez de autocarros.
A sensação é partilhada pela professora Teresa Vong, que considera que a instituição "não é nada diversa".
"Atraímos mais alunos da China, devíamos atrair mais alunos dos países de língua portuguesa porque mais ninguém vai fazer isso, devia ser o nosso nicho. Quando nos visitam de Hong Kong dizem ‘ Uau, parece a China' porque toda a gente fala mandarim, até na cantina", refere.
Há um ano que os primeiros alunos começaram a mudar-se para o novo campus da UM - que foi oficialmente inaugurado em Agosto - localizado num terreno de um quilómetro quadrado na Ilha da Montanha, território de Zhuhai arrendado a Macau e que se encontra sob jurisdição de Macau.
Antes da mudança, a UM estava localizada na colina da Taipa, numa zona de fácil acesso e frequentes transportes. Agora, a viagem a partir do centro de Macau pode demorar entre 20 a 30 minutos, consoante o tráfego e o meio de transporte.
Já Lucy Choi, aluna de 2º ano de Educação disse apreciar o espaço, embora no início o tenha achado “grande demais”.
Para a jovem de Macau, a vida no campus trouxe a tão ambicionada independência, permitindo-lhe viver fora de casa.
Os quartos são divididos: duas camas lado a lado, roupeiros e secretárias. Há uma cozinha partilhada, com uma placa eléctrica e micro-ondas, e uma mesa comum.
O alojamento e 15 refeições semanais custam anualmente 20 mil patacas.
"Estes dormitórios são muito pequenos, os antigos eram maiores", lamenta Peter Sun, considerando, ainda assim, que as condições são muito melhores que as das universidades chinesas.
"Na China é muito pior, partilha-se o quarto com oito pessoas e os jovens têm de estudar políticas chinesas. Aqui temos Facebook e Twitter, os professores são mais abertos e discutem coisas que não se discutem na China", acrescenta.
No entanto, precisa, isto não quer dizer que se pode falar de tudo: "Se formos contra o Governo não vamos ter um bom futuro aqui. Ao contrário de Hong Kong, Macau é bastante obediente”.
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