quinta-feira, 16 de julho de 2015

Maria Helena - cadáver procura-se


Ao que consta, tinha, ou chegou a ter, boa conta bancária, do ouro que vendia. Depois, viúva, adoeceu e, de algum modo, perdeu o controlo dos dinheiros que amealhara e revelou-se incapaz fisicamente de administrar (e também intelectualmente), que algumas "visitas", trataram de "guardar", crê-se. Morreu só, em hospital longe de casa, quase sem visitas. Enterraram-na, diz-se, no cemitério da sua terra - mas não se vê lápida que diga "está aqui"... Acredita-se que o funeral terá tido a presença, entre outras, de quem a terá abandonado em vida.
Mas, no cemitério da aldeia, talvez só a Junta de Freguesia, e um ou outro habitante, saiba onde terão ficado os restos mortais, de quem, ignorada, cheguei a ver, em hospital-sepultura, sem mais ninguém à volta, a uns dez quilómetros de sua casa, um olhar de adeus, em derradeira visita sem ouro que se visse ou adivinhasse.

Terá morrido só, como depois do nada que foram os seus últimos tempos de existência - sem visitas. E sem o ouro que lhe granjeara presenças.

Publicar aqui esta breve história porquê? Porque sim. Porque a amizade, o amor vale ouro. 

- Tia Maria Helena, não sei onde estás. Mas estás, de certeza, no coração daqueles que não amaram o teu ouro. Deixo aqui, este pequeno apontamento, que é também a homenagem ao sorriso, às gargalhadas que te ouvi largos anos a fio. 
E, sem pretensões, já agora, de algum modo que seja a denúncia pública do que não deve, não pode, acontecer - recôndito que possa ser o lugar onde ... onde a vida venha a pautar-se por faltas de carácter. No leve sorriso do teu retrato (inédito), está TUDO o que foi enterrado não se sabe onde ...

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