segunda-feira, 27 de julho de 2015

O COMMUNITAS e o Colégio Universitário Pio XII



Recordando o padre Joaquim de Aguiar

 | 24/10/20
"Na madrugada do primeiro dia de Outubro, faleceu o padre Joaquim António de Aguiar. Pela marca e obra que deixou a sua morte não merecia o silêncio, nem a sua memória tão repentino esquecimento.
Comemoraria 90 anos, a 3 de Janeiro próximo. Natural do concelho de Penedono, professou a vida religiosa na Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria (Missionários Claretianos). Foi, sobretudo, um homem de cultura, portador de uma visão que se não confinava nos estreitos limites do presente. De uma determinação coriácea, animada por uma vontade inquebrantável, conseguiu - com muitos dissabores e alguma incompreensão - fundar, em meados do século passado, o primeiro Colégio Universitário em Lisboa, como resposta às necessidades das famílias da província e do então Ultramar, cujos filhos demandavam a Universidade e careciam de estruturas de apoio logístico e de enquadramento pedagógico e humano. Assim nasceu o Colégio Universitário Pio XII, em terrenos confinantes com a Cidade Universitária. Foi bem mais do que a sua obra maior. Foi, sobretudo, a devoção da sua vida inteira. Concebeu-o e criou-o sonhando um país mais desenvolvido, mais culto e, consequentemente, mais livre. Quis incutir em cada aluno este espírito e esta ambição. Para tanto, dotou o Colégio de uma vida cultural fervilhante, convertendo-o num espaço de discussão e debate para onde concorreram todos os grandes intelectuais do tempo. Com uma notável percepção do Mundo e do futuro, conseguiu proporcionar aos alunos - em plena década de 60 - o acompanhamento do movimento europeu que emergia como a grande esperança de paz na Europa do pós-guerra. Para tanto, promoveu os Encontros Europeus de Universitários, que perduraram durante anos, difundindo as bases estruturais do pensamento europeu que substantiva a Europa que hoje somos.
O padre Aguiar dirigiu o "Pio XII" (como era conhecido pela comunidade académica) com uma autoridade indiscutida, fundada na liberdade responsabilizadora de cada aluno. Concomitantemente com esta sua missão, fundou muitas outras instituições, animou movimentos de leigos, criou associações, promoveu academias, organizou, realizou e agiu num ritmo ciclópico, impelido por uma energia interior de uma fecundidade verdadeiramente ímpar.
Discreta e serenamente, cruzou-se com a História em momentos decisivos com a inquietude que o mobilizava para a intervenção cívica. Não aceitava a passividade e não gostava do protagonismo. Tinha uma relação quase que sobranceira com o Poder, traduzida pela distância e pela independência. Não pedia, exigia; não suplicava, reclamava; não vacilava, ia em frente. O porte hirto de uma certa fidalguia provinciana transparecia na sua forma de encarar os poderosos, expressa por uma voz grave e decidida, adornada pelo sotaque característico que nunca chegou a perder. Talvez por isso, e também pela sua coragem e determinação, o Colégio ultrapassou todas as fases conturbadas das vidas nacional e académica sem crises, nem agitações, nem perseguições de qualquer espécie.
Sói dizer-se, em circunstâncias semelhantes, que Portugal fica mais pobre. No caso do padre Aguiar o que verdadeiramente releva é o que Portugal ganhou com a sua vida."


Acabo de receber (depois de um longo interregno) e agradeço muito, e muito aprecio, o COMMUNITAS - Jornal do Colégio Universitário Pio XII, Mas, mas, uma vez mais, não leio uma palavra que lembre (pode ser falha minha, enquanto leitor) o, para mim, saudoso PADRE AGUIAR, que tanto se deu ao "seu" Colégio Universitário. Lamento! Deus vos perdoará, se for o caso.Que a INTERNET, essa, teve quem o recordasse, como se pode ler acima.

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