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Carla Félix, candidata do Livre/Tempo de Avançar às próximas Eleições Legislativas pelo círculo eleitoral “Fora da Europa”, assume como bandeira a importância de reaproximar as comunidades portuguesas do poder político, com uma aposta forte no recenseamento.
Chega com a frescura e a descontracção de quem não faz da política activa um ofício, e caminha pelas ruas do centro de Macau com a familiaridade de quem aqui viveu boa parte da vida. Carla Félix é também ela emigrante, com uma história que se divide em três continentes. Os últimos cinco anos, passou-os em África, como consultora em economia social no Banco Africano de Desenvolvimento. Primeiro, na Tunísia, de onde transitou, há 8 meses, para a Costa do Marfim.
Integra o Livre através das eleições primárias, em Maio. A contagem de votos, conhecida em Junho, estende-lhe a candidatura enquanto cabeça de lista pelo círculo eleitoral “Fora da Europa”. “Sou uma mera cidadã que se candidatou às primárias, fui eleita nesse processo. Diria mais, que sou independente no Livre, não pertencia ao movimento antes disto começar”. Justifica com as suas vivências pessoais e profissionais no mundo a acção que acredita poder desenvolver junto da diáspora portuguesa. “Conheço três comunidades portuguesas no mundo, em dois continentes. Devido ao meu trabalho, também conheço as comunidades portuguesas na África Lusófona, porque viajo muito nessa área. E depois porque os teus contactos, as pessoas com quem cresceste, estão espalhadas pelo mundo. Acabas por conhecer uma série de problemas das comunidades portuguesas no dia-a-dia, tudo se torna um problema na primeira pessoa. Eu não li, eu conheço”.
Questionada sobre as propostas do Livre para Fora da Europa, Carla atira para a “regeneração da democracia”. “A abertura da democracia também se aplica aos emigrantes, os emigrantes não podem ser tratados como cidadãos de segunda. Para já, porque temos obrigações, e, segundo, porque com a mudança do recenseamento eleitoral tornou-se muito mais complicado todo este processo do voto. Quem se quer recensear, tem que o fazer 60 dias antes, e as pessoas não sabem, não há campanhas a explicar. Em Macau, tens o Consulado, mas em muitos países fecharam, e em muitos casos nem sequer têm o equipamento necessário para renovar a documentação. É o meu caso, não me consegui recensear na Costa do Marfim, o consulado mais próximo é em Dakar, mas todos os e-mails que enviei estão sem resposta. Sou candidata e não sei se consigo votar”.
Importa, por isso, “facilitar o processo de recenseamento”, pedra de toque da consultora de 32 anos. “Percebi que tenho que voltar atrás, a um processo de advocacia que é aproximar a diáspora de Portugal, e aproximar a diáspora do interesse pelo voto. Tenho conhecido muita gente que me diz: ‘eu gostava de votar, mas nem sequer me recenseei porque não acredito no sistema, estou magoado com o sistema’. E eu quero conseguir essa reaproximação”.
A candidata do Livre/Tempo de Avançar pelo círculo “Fora da Europa” assume não ter ainda, em matéria de emigração, um conjunto de medidas fechado, o que deverá acontecer na II Convenção Cidadã, a 12 de Setembro, em Lisboa, onde será “aprovado o programa final”, e onde serão integradas “todas as propostas, inclusive as que vieram de fora, para todos os círculos”. SG
O regresso a Macau para auscultar a comunidade lusa
Chegada a Macau a 4 de Setembro, a candidata do Livre/Tempo de Avançar estende até dia 14 a estadia num território que conhece como a palma da mão. Carla Félix, filha de emigrantes, viveu em Macau entre os 7 e os 17 anos. Seguiu depois para Lisboa, onde se formou em Relações Internacionais. Em 2010, ruma ao Magrebe, levada pelo programa INOV-Mundos, e, finalmente, à Costa do Marfim. De férias em Macau, aproveita para “dar a conhecer o projecto do Livre e consultar”. “Esta campanha tornou-se um exercício de aprendizagem para mim, através da consulta é que posso perceber quais são as propostas mais pertinentes, ainda estamos em espaço de elaboração, é agora que posso ouvir”.
E de que problemas lhe falam os portugueses em Macau? “Da especulação do imobiliário, é uma preocupação para todos, porque as rendas sofreram aumentos exorbitantes, as oportunidades também já não são as mesmas. Houve também quebra a nível de rendimento salarial. Essas questões são as mais levantadas”. SG
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