Não foi uma assembleia geral o que ontem teve lugar aqui no banco de jardim, não! Aqui, no banco de jardim, o que há, diariamente, é uma inevitável troca de impressões sobre a VIDA ...A vida simples, ou não, mas que é sempre agenda, no intervalo do clássico milho aos pombos que há quem, com regularidade, venha "preparado de casa" para dar. Mas uma pergunta que, como agora se diz muito nos meios ditos intelectuais, é recorrente: como é que, decorridos tantos séculos da chamada civilização, ainda, todos os dias, temos no mundo, na Humanidade, gente que, para além das diferenças circunstanciais de opinião a respeito das coisas simples da vida, ainda leva o tempo a procurar impor (impor-se) tudo, esquecendo que é, sobretudo, no mérito individual que cada um tem que ter (ou não tem ...) o essencial do bem-estar?!...
É claro que, por este caminho, ano após ano, as diferenças de mérito podem trazer mais benefícios a quem o teve (mérito). Mas que fazer? IMPEDIR O MÉRITO? Ou ser suficientemente inteligente para perceber que, em condições normais, é ele que gera progressivo bem-estar?
"Isso é muito bonito, mas, a maior parte das pessoas logo que se apanha, mesmo que por força do trabalho e/ou da inteligência, com mais "posses", tende a provocar invejas, tende a ser arrogante, tende a esquecer-se do próximo e, pior, tende a amesquinhar o vizinho ..."
Num banco de jardim não se consegue ir longe nestas divagações, mas por força da disponibilidade natural de quem, em princípio, já se deu, surge esta espécie de reflexão, que depois aparece também nos púlpitos das igrejas, nos bancos das universidades, nas conversas de café, nas tertúlias expressamente convocadas para trocar experiências (milhões, biliões, incontáveis tertúlias, é crível), mas as notícias, devidamente actualizadas na forma, são IGUAIS, SEMPRE IGUAIS, dir-se-á, desde Adão (supondo que conversava com Eva ...).
Entretanto, como não podia deixar de ser, após a conversa de A com B, na cama da época, porventura, surgiu C e começaram as turras ... Até que veio D, que gerou E, etc. Quer dizer, o ser humano, que poderia ter criado um mundo normal, pacifico, foi, pouco a pouco, ao descobrir-se, encher-se de um sentimento estranho, tão estranho que ... que deu nisto: o regresso às cavernas, onde tudo terá começado, desde logo, é de supor, com a escolha nas ditas do mais abrigado local para se defender dos animais entretanto já criados (sabe Deus como ...) e à solta ...
Até que, AVANÇANDO SÉCULOS E SÉCULOS, à medida que a natural fecundação foi tomando conta dos seres nascidos (entretanto, nascidos), começou a ambição, a inveja, nasceu a DÚVIDA ... Tão grande desde logo, que, a breve trecho, originou, primeiro troca de sons, depois palavras deles saídas, e ... e, ao longo de milhares de anos, é o que se vê: gente que para viver, nem cavernas tem, gente que para comer tem que roubar, gente que a roubar fez/faz riqueza, gente que não quer saber como tudo começou e começa a fazer guerras. Estuda como vencer pela força. Não consegue. Entretanto, não pensa noutra coisa e, por dificuldades que acabam ancestrais, às vezes, quase sem perceber porquê, desata a bater no vizinho, e depois noutro vizinho, que, por sua vez, se zanga com outro, que, por seu lado ...acaba por saber que há no mundo zonas onde nasceram árvores e que, se existem, também são suas ...
E assim, avançando, cavalgando no tempo, desata a palmilhar as superfícies em redor ... e toma conhecimento de que, longe embora, há também gente e ...
- E, boa noite (passam-se séculos e séculos ...), boa noite, Paris (Paris ou Nova Iorque?) aqui estou eu, que não consegui e ... e, revoltado, quero que tudo recomece ... O que eu tenho é saudades do tempo das cavernas ... Do tempo em que me falaram de um deus que nunca cheguei a conhecer ... Mas em que acredito ... Não posso aceitar o vosso progresso (é progresso que vocês dizem, não é?!...) e, por isso, não venho fazer mal: venho propor, pelos meios que tenho, o regresso à estaca zero (é "estaca zero" que lhe chamam, não é?) às cavernas onde tudo começou ..."
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