quarta-feira, 25 de novembro de 2015
História do avô-pastor
O avô gostava muito de ovelhas. Eram o seu encanto e da família: todos os dias as levava ao olival que, ali, perto de sua casa, o neto adorava. Manhã chegada, quase madrugada, cena repetida.
Parecia uma festa, não daquelas com datas marcadas pelo senhor prior que faziam, na aldeia, toda a gente levantar-se mais cedo para os preparos que obrigavam a roupas novas, mas para as alegrias da pastorícia.
Assim a modos que gozo sem calendário: véspera de sol, manhã mal aberta, aí estava o avô-guia de ovelhas e, às vezes, também de cabras, como se fosse uma única qualidade animal, a caminho do verde, crescido durante a noite anterior, para a festa da refeição garantida, acabado que estava o resguardo do sol-posto.
E era um regalo para os meus olhos catraios ver o avô entusiasmado com a lanzuda, a preta, a zanaga, a esperta, a como que ceifar os arredores das oliveiras, também elas em natural trabalho de parto para azeite a haver.
E assim todos os dias, de domingo a domingo, de manhã - com um pequeno intervalo, já ao cair da tarde, que era a altura em que o avô matava as/os que tinham comido mais ... E assim desde sempre: já coisa de bisavô e de bisavô de bisavô, é o que consta ... Desde que o mundo é mundo: matar para sobreviver. Sem, claro, querer ser mau exemplo para os que nasceram gente.
E, pronto, mais não se sabe, nem se se sabe, é coisa para conversa de banco de jardim ...
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