segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

PONTO FINAL: Marcelo Rebelo de Sousa perto da maioria absoluta em Macau




"Do total de 15.977 inscritos para votar no Consulado de Portugal em Macau, compareceram às seis secções de voto disponibilizadas apenas 526 eleitores. O frio que se fez sentir terá contribuído para que muita gente preferisse ficar em casa. A abstenção foi na RAEM a grande vencedora.

Rodrigo de Matos

A votação para as eleições presidenciais portuguesas no Consulado de Portugal em Macau decorreu ontem e anteontem com normalidade, mas come a afluência às urnas afectada pelo mau tempo. Apurados os votos colectados no território, Marcelo Rebelo de Sousa quedou-se muito acima da concorrência com cerca de 49 por cento dos votos, contra 26,5 por cento de Sampaio da Nóvoa, o segundo mais votado.
Nos escrutínios – que excluem para já os votos respeitantes a uma mesa onde se irão adicionar os resultados relativos aos eleitores de Xangai, Pequim, Seul e Tóquio, que só serão conhecidos mais tarde (na quarta ou quinta-feira) – Marisa Matias aparece, para já, em terceiro, com 7,3 por cento, logo à frente de Maria de Belém (5,2 por cento) e de Paulo de Morais (4,4 por cento).
A votação em Macau, de resto, “decorreu na mais absoluta normalidade”, na opinião de Vítor Sereno. O cônsul de Portugal em Macau e Hong Kong falou ao PONTO FINAL após o apuramento dos resultados e destacou o “aumento no número de votantes relativamente às Presidenciais anteriores”. Do total de 15.977 inscritos, compareceram às seis secções de voto colocadas em Macau 526 eleitores (sem contar com os portugueses que votaram a partir de Xangai, Pequim, Seul e Tóquio). Nas Presidenciais anteriores, votaram 369 eleitores de um total de 11219 inscritos (incluindo já os de Xangai, Pequim, Seul e Tóquio).

Frio e apatia afectam acto eleitoral

Tendo em conta o número de eleitores recenseados, 526 parecem poucos votos. Mas o forte frio que se fez sentir terá contribuído para que muitas pessoas tenham preferido ficar em casa. O PONTO FINAL passou ontem pelo Consulado de Portugal por volta das 16h (a três do fecho das urnas) e deparou-se com um panorama de total ausência de filas à frente das mesas de voto. Os eleitores que pontualmente iam chegando, votavam sem demora.
“Rafael Cheong!”, lia em voz alta um dos voluntários da primeira secção de voto, devolvendo de seguida o cartão de eleitor com o número 1705 ao seu dono, um macaense de 50 anos que, num par de minutos, introduziu o seu boletim na urna: “Vim exercer o meu dever cívico enquanto cidadão português, como faço sempre que há eleições sem Portugal”, confidenciou Cheong. “A afluência, comparado com eleições anteriores, parece baixa. Deve ser por causa do tempo”, explicou sem revelar em quem tinha votado. “É segredo!”, exclamou sorridente.
Fernando Cal, há 32 anos em Macau, nem sempre tem votado em eleições portuguesas, mas desta vez nem o mau tempo o fez ficar em casa, “até porque é domingo e não há grande problema em vir aqui”. Sem revelar ao certo qual o candidato da sua preferência, este economista de 70 anos considera tratar-se de um “momento de renovação”.
Por sua vez, Madalena Santos, de 28 anos, reside em Hong Kong e apanhou o ferryboat de propósito para vir votar: “Este foi o voto mais caro da minha vida. Mas penso que, mais do que um direito, votar é um dever. Não tinha vindo nas eleições anteriores e arrependi-me”, disse, admitindo ter votado em Marcelo Rebelo de Sousa. “Votei no professor porque acho que uma das funções do Presidente da República é dar uma boa imagem de Portugal no estrangeiro e penso que ele é o candidato mais bem preparado para isso”, resume.
José Álvares, de 26 anos, não só votou como foi voluntário numa das mesas “por dedicação à pátria”. Apesar de ter sido a primeira vez que exerceu a tarefa, ficou com a ideia de que este acto eleitoral teve uma participação baixa.
“A afluência tem sido muito limitada”, disse, reforçando a ideia com a crueza dos números: “Na nossa mesa estão inscritos 2300 eleitores mas até agora só compareceram 16”, explica. No total dos dois dias, as mesas de voto estiveram abertas 11 horas no sábado (das 8h às 19h) e outras tantas no domingo, o que – a título de exemplo – apenas na mesa em que José Álvares foi voluntário, dava uma média de 0,82 votos por hora.
“A minha suspeita, além obviamente do frio, é que as pessoas estão um bocado desiludidas com a política em Portugal e não sentem qualquer incentivo para vir votar”, disse.

 Resultados provisórios de Macau
(excluindo os da mesa 6, onde a 145 votos de Macau faltará adicionar os relativos a Xangai, Pequim, Seul e Tóquio)

Marcelo Rebelo de Sousa        187     49%
Sampaio da Nóvoa                    101     26,5%
Marisa Matias                              28       7,3%
Maria de Belém                           20       5,2%
Paulo Morais                               17       4,4%
Edgar Silva                                   6          1,5%
Henrique Neto                             4          1%
Jorge Sequeira                           2          0,5%
Vitorino Silva                                2          0,5%
Cândido Ferreira                                    0          0%

Brancos                                        12       3,1%
Nulos                                            2          0,5%

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