segunda-feira, 18 de abril de 2016
Legados
Filho de algo não era. Quicá, educado nas dificuldades de tempos difíceis, sim. E as perguntas surgem: leu Gil Vicente? Que lhe disse Camões na obra que nos deixou? Eça e Ramalho alguma vez o fizeram reflectir - e sorrir? Aquilino Ribeiro foi alguma vez "livro de cabeceira"? E Álvaro Cunhal, o intelectual político, sim ou não?
Respondo em nome de nada: NÃO. "Herdei", quiçá, lido e relido, páginas da Guerra Civil de Espanha; das lutas espanholas por espaço a que, hoje, politicamente extremado, se, não extremado, se apelidaria, não e "libertados", mas de monotonamente "pintados" de uma só cor, porque sim ...
Impossível discutir, trocar pareceres com quem só decorou um nome - e a esse, apenas a esse, disse sim uma vida inteira, sem debate, monótono. Em extremo, a droga, o álcool, enquanto refúgio, enquanto Capadócia, eventualmente bela na primeira aproximação, mas sempre igual, sempre único refúgio de uma Vida repleta de razões para a desigualdade serena, mas debatida.
Uma estante cheia de Lenines, por exemplo, deve ser uma chatice - porque deve ser o mesmo que ir à Bertrand - em Lisboa, e não passar da leitura do autor do dia.
A droga, o álcool, o isolamento intelectual bloqueia e um cidadão bloqueado politicamente, por exemplo, é um eleitor de NADAS. E NADAS não fazem países. Percebe-se isso quando se lhes consulta o que leram e "nos deixaram" - ou, simplesmente, deixaram quando a morte lhes destinou a hora, essa sim, idêntica para todos. E assalta-nos um sentimento de revolta - acrescida da que se adivinha ao imaginar alguém que nada terá feito que não tenha sido comentar noticiários - não lidos, mas ouvidos aos fanáticos cromáticos monocolores que assim passam, passaram o tempo, a dizer mal de tudo e de todos em nome de nadas - nem sequer de utopias.
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