sábado, 12 de junho de 2010

in Cartas à Minha Neta *

Atendendo à solenidade do dia, abro uma excepção: das "Cartas", de que prometi divulgar aqui algumas passagens, "ouso" hoje a divulgação quase integral de uma que se refere à ... à C.E.E., imagine-se... Está datada de 2006 e integra um apontamento meu publicado na imprensa em...em 1984. Não é que seja importante, mas...mas o melhor é "não mudar de canal"... E dar-lhe dois minutos de atenção.

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Quem lê o que os jornais belgas dizem nos seus folhetos de propaganda turística, em particular, os que se referem a Bruxelas, logo verifica que eles se consideram no cruzamento dos caminhos da Europa; no entanto, quem ouve falar os franceses e, em especial, os parisienses, em breve se dá conta de que, contrariando os belgas, são eles que se sentem no centro do continente europeu.

Não discuto geografia, sobretudo quando essa discussão não conduz a nada e o mundo insiste em parlamentar sobre mercados comuns.

A cena de que fui, recentemente, um dos actores, aconteceu, na verdade, em Paris, mas estou convencido de que poderia ter tido lugar em Bruxelas ou em Londres. Em Portugal é que não teria sucedido, com certeza: a Intersindical chamar-lhe-ia logo, por certo, nomes esquisitos...

Tudo se passa num cinema-estúdio, a dois passos do Sena, na capital francesa, na rua St. André-des-Arts, no bairro de St. Michel, sessão das duas da tarde.

A certa altura, poucos minutos antes da hora marcada para o início da primeira "matinée", abre a bilheteira e, ante o lusitano olhar admirado, o que se observa é que a empregada que vende os bilhetes é a mesma que, fazendo esperar os restantes potenciais espectadores, vai arrumando nos seus lugares os que acabaram de ser atendidos ao "guichet", segundos antes. E o resultado é que, na prática, com grande tranquilidade, a senhora da bilheteira, desdobrando-se em duas funções distintas, consegue receber num lado o valor do bilhete e no outro, como gorjeta, logo a seguir, os trocos que, não raro, resultam da venda anterior. E como no cinema, por ser estúdio, não é grande e também não tem lugares marcados, a estratégia resulta.

Depois, depois vem um funcionário pôr o projector a trabalhar e vai-se embora, que a madame da bilheteira fica atenta a alguma anormalidade.

A sala é digna, o filme era bom e a assistência decente. Aconteceu, acontece em Paris que, como é fácil dar por isso, é muito mais coração da Europa do que Lisboa. E já pertence, de facto, à C.E.E."

M.A.

Estamos, repito, em 1984.

* a publicar ("Cartas do meu avô") quando houver um editor que não esteja falido e tenha netos. Bom dia, Facebook!

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