"Sabe-se lá o que uma árvore precisa de trabalhar para ser grande!"
Fialho de Almeida in "Os Gatos":
"Nenhum país possui (...) mais autómatos. A iniciativa particular escandaliza a nossa inércia. Qualquer vontade medianamente enérgica nos faz medo. E daqui dois males graves. O primeiro é aguardarmos toda a vida por um fundo sebastiânico da raça, esse protector misterioso que numa manhã de névoa há-de vir pôr-nos a mesa, arranjar-nos o emprego, mobilar-nos a casa, casar-nos rico, e que, não vindo nunca, constantemente nos impede de ganhar a vida por um trabalho sólido e higiénico.
O segundo é estarmos aptos a sofrer constantemente o jogo dum subalterno audaz que qualquer golpe de mão leve ao pináculo, e que, uma vez sagrado chefe, chocoteie a seu gosto a caterva de humildes pulhas que nós somos.
Estes dois males ponte-vistam a história de todas as nossas misérias e de todas as nossas subserviências, internas ou externas, quaisquer que sejam, e vão-nos aproximando com uma aceleração vertiginosa do terrível dia em que enfeudaremos por completo futuro e casas ao devorismo da primeira potência forte que nos queira."
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