Num pedaço de prosa, o escárnio, o amor, a gargalhada, a tragédia, a lágrima, a saudade ou a prece.
Às vezes, as palavras entregues à emoção, em "post" como este, eventualmente, apenas para minorias, por falar de cães e gatos. "Post" simples, se a ler estiver quem a tais companheiros conheça o olhar, o macio do pêlo, o aceno de cabeça e de cauda, os sorrisos do caminhar, as lágrimas com que acompanham humanos pesares, a alegria dos reencontros, o código das suas dissertações orais, toda a verdade dos gestos, a natural, a inocente denúncia dos erros alheios, o amor à vida pela vida de quem cuida. E, por fim, o último adeus, com a inevitável saudade dos que ficam e que, por mais que procurem, não encontram nos humanos que continuam, a fidelidade, a ternura, a beleza, a profundidade do olhar daqueles que, animais de companhia, nos deixam agarrados a esta busca permanente de uma gota de doçura que - consintam-me particularizar - só se afigura autêntica para além do vidrado tranquilo dos olhos do cão que se nos entregou sem limites.
Uma flor, pois, para os que morreram à beira dos amigos que seguiram. Uma prece pela alma - os cães têm alma, sim, senhor!... - dos tiquetaques, bobis e doutros que abalaram.
"Na natureza nada se perde..." O encontro fica marcado para, algures, entre silvas ou a bordo da arca das espécies, após a chuvada final.
...Vitor Gonçalves, bom amigo, sublinhou no FACEBOOK: "como eu compreendo isto. caro M.A."
ResponderEliminarSão únicos na sua entrega contra nada...
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