segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Cerejas? Não, conversas: a montra e a inflação

Brasil. S. Paulo. Numa das ruas mais concorridas do centro da cidade, a montra de uma loja de venda de tudo. Objectos pequenos, os mais diversos, à mistura com outros maiores, sem a mínima arrumação: a desordem em madeira, plástico, loiça, vidro, papel, tecidos.And so on, and so on...Com forma definida, em monos à espera de baptismo, em...sei lá... mas, "graças a Deus", tudo às cavalitas de tudo. Pó com fartura. Preços, nem vê-los... A MONTRA: dois por dois, a meia altura do passante, que na rua quase se atropela. Uma metrópole a ferver, em hora de ponta.

Passo. Passo, mas... o que é isto?... Que raio de montra!..., gagajo de mim para mim. Uma estatueta de madeira... S. Francisco de Assis?...

Lembro-me da Feira da Ladra, em Lisboa e...

- Ó, você aí, por favô... Quanto custa o boneco de madeira que está ali na montra? Aquele... - e aponto.

- Qual?...

- Aquele que tem os braços partidos, partidos ou levantados... Cheios de pó... - desvalorizo.

- É o S. Francisco de Assis ... De boa madeira...

- Mas está tão...

- É assim!... São...

Lá me disse o valor. Não me lembro, mas, para a história se perceber, vou usar a unidade 100. Discuto um pouco...

- Está bem! Vou num instante buscar  dinheiro...  Já volto...

- Faça favô...

E, sem lhe tirar o pó, foi pôr "a coisa" de novo na montra.

Não disse onde ia buscar o dinheiro (hotel faria subir o preço...) e ... e, passadas cerca de duas horas, voltei para concretizar a compra.

- É o boneco de madeira, fá favô... Quanto é?...

- 150!

- 150?... Mas ainda agora me pediu 100...

A minha "demora" revelou-lhe eventual procura. E procura faz subir...

- 100?...

- Sim!...

- Tá bem. Não me lembro, mas... mas pode levá-lo.

Fiquei a pensar na consequências das leis da oferta e da procura e aqui têm o S. Francisco de Assis, das andorinhas (ver "post" anterior), por mim libertado do lixo de uma montra caótica do centro de uma das cidades do mundo que mais cresce - ou  crescia, que isto deu-se há um bom par de anos.

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