Morreu hoje, dizem os noticiários, Václav Havel,
antigo presidente da República da Checoslováquia.
Poucas palavras. Das que escreveu na prisão a Olga, sua mulher, uma carta curta, das muitas que falam de afectos:
"14 de Agosto de 1979, terça-feira.
Nada de especial a assinalar. Talvez só o facto de ter um novo companheiro, ou seja, acabaram-se as massagens. Mas não me dá transtorno, estou a melhorar da ciática, pelos vistos não era nada de grave. Estou ansioso por saber se recebo a tua encomenda. Se tudo correr normalmente, o mais tardar até fins da próxima semana deve cá estar. Sinto-me feliz com a ideia. Dá lembranças aos amigos, conhecidos, familiares - não vou enumerá-los, sabes muito bem todos a quem mando lembranças.Escreve-me então sobre as rosas a desabrochar e sobre a evolução de todas aquelas plantas diferentes e especiais que ambos plantámos e semeámos.
FICA BEM DISPOSTA, CALMA, QUE NÃO TE FALTEM SAÚDE E AMIGOS, EXECUTA COM CONSCIENCIA AS TAREFAS QUE TE FORAM CONFIADAS, MANTÉM-TE A PAR DOS ACONTECIMENTOS, NÃO TE IRRITES COM COISAS QUE NÃO VALEM A PENA, PENSA EM MIM E DESEJA-ME BOA SORTE, TENTA DAR-TE BEM COM TODA A GENTE.
PARA TI, SAUDADES E BEIJOS DO V."*
(* no livro, também em maiúsculas)
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