Dois poemas em forma de rosto

Dos Direitos da Criança

"Todas as crianças são iguais e têm os mesmos Direitos, não importa a sua cor, raça, sexo, religião, origem social ou nacionalidade."

"Todas as crianças têm o direito de crescer em ambiente de solidariedade, amizade e justiça entre os povos."

Photographias de arquivo ( XXIX ) - Sto. António dos Cavaleiros

1ª Exposição de Artes Plásticas
em Santo António dos Cavaleiros
(7 a 21 de Junho de 1970) 

Praça D. Miguel I

Prometido num post de ontem, subordinado ao mesmo título gerérico, registam-se "para a história" algumas imagens da que foi, de facto, a 1ª Exposição de Artes Plásticas em Santo António dos Cavaleiros, mais precisamente, na Praça D. Miguel I, onde agora a festa voltou durante quinze animados dias.


























































































































































Bordéus em baixa velocidade ( 1 )

Maio de 2004

Um mês em Bordéus? Porquê Porque sim: está cheia de portugueses, não é muito longe, o combóio leva-nos lá, não se podia dizer, na altura que era caro estar, agora não sei. Fui, fomos. "Fingir" de emigrantes. Estar junto de ... o mais possível. Não para trabalhar, mas também não para fingir que se trabalhava. ESTAR e SER até ao limite do não ser. No fundo, observar. Para não jurar falso. Carruagem de dois riscos. Vacanças? Quase. Mas, sobretudo, dormir em Bordéus, ir à mercearia em Bordéus (de preferência, portuguesa), com passe local para os transportes públicos, cozinhar no aparthotel (indicado, por amabilidade, pelo consulado português), falar francês-português e português-francês, com dicionário de bolso à mão, por causa das moscas ... Respirar, que remédio, a poluição da cidade e arejar nos arredores como quem vai a Sintra ou a Cascais, a partir de Lisboa. Vou contar como foi ... Devagarinho, com algumas fotografias, na altura, sem saber para ilustrar o quê...

Nota importante: até pode ser que nas quase 3000 mensagens aqui deixadas até agora, já haja apontamentos do que foi esta viagem a cheirar a caminhos de ferro, mas eu, por mim falo, já não sou exactamente o mesmo do inicio deste "folhetim" e, se não têm mais nada para ler, ou ver, cheguem-se a este banco de jardim que aqui há sempre qualquer coisa para tentar estimular o bestunto ... Umas vezes a propósito da "porca", que é a preferida do Zé (sei-o, nomeadamente, pelos "mails" que recebo), mas outras a respeito dos tempos livres de cada um que, naturalmente, merecem a um verdadeiro blogueiro não azedo, a maior atenção.

Basta! Está feita a apresentação do BORDÉUS EM BAIXA VELOCIDADE. Para continuar, devagarinho, um dia destes. Talvez acabem por ter algumas surpresas ... Não percam. A não ser que sejam da Ciência e isso, pa(ciência), está fora de qualquer propósito, aqui próximo do coreto.Onde, apesar de tudo, pára gente que sabe ler e escrever. Pela minha parte, o que tento, TENTO, é também saber contar ... E viva o velho!

Liga dos Campeões
Final Mónaco - Porto, às 20 h 45,
 já depois da Happy Hour, portanto,
no EL BODEGON

A sabedoria da pomba coxa


















Imagine-se um restaurante/café em forma de caixa de sapatos, mas em vidro e com cerca de uns doze metros de comprimento por seis de largo, mais coisa menos coisa, e uma altura idêntica á largura, com duas portas rasgadas de alto a baixo, uma em frente da outra. No interior, mesas por todo o lado, simetricamente colocadas, é evidente.

No exterior, muitos pombos e pombas, presumo, à espera de uma oportunidade para entrar e percorrer toda a periferia interior à procura de eventuais migalhas feitas pela exma. clientela.

De repente, entra uma pomba/pombo (?) que começa a fazer o circuito lateral das mesas, pata aqui, pata acolá, até que, eventualmente cansada/cansado,  levanta voo e ... e bate duas vezes, DUAS VEZES, com o bico, aparatosamente, na vidraça do fundo. Percebe-se que deve ter compreendido a existência do obstáculo e começa então a contornar o espaço sempre por baixo das mesas, e, calmamente ... calmamente sai pela porta aberta à frente da outra por onde entrara à procura, acredito, de novas superfícies, de preferência sem obstáculos ... A verdade é que, do lado de fora, estava um lindo dia de sol.

Photographias de arquivo (XXVIII) - Santo António dos Cavaleiros

Razões profissionais e habitacionais, proporcionaram ao da ruadojardim um arquivo, quiçá inédito, na hoje vila de Santo António dos Cavaleiros. Das dezenas de fotografias "em arquivo", algumas dão uma ideia do "como era" ... Podem ver-se, nomeadamente, várias imagens da Praça D. Miguel, onde hoje se retomou a alegria de outras eras, isto é, dos anos 60 e seguintes do século passado ...

Aqui, é simples: estamos na lógica das imagens recentes dos
15 dias de festa em Santo António dos Cavaleiros, que aí para trás (e talvez mais para diante, em novas mensagens) se podem, se vão, encontrar.

Antes de mais, porém, o livro de Pinharanda Gomes que, sobre o primórdios de Santo António dos Cavaleiros, conta tudo ... E, posso confirmá-lo, tudo certíssimo, como é próprio de quem tem dedicado parte da sua vida a uma investigação cuidadosa, séria e ... e discreta, quase conventual.

Poderia, no meio disto, o signatário deste blogue hesitar, ao "falar ao mundo" de uma simples vila. Não! Vamos, vou continuar. Não resolvo nada. A Crise, as crises vão prosseguir. Mas pior seria, seriam, se lhe (s) faltasse a memória. Por isso ... Deixa-me ir contigo, amigo Quixote...




A fábrica da ICESA, na Póvoa de Santa Iria










... e ... e, finalmente, a entrega das primeiras chaves das dezenas de milhar actuais.


Em próximo post, fotografias
da
1ª Exposição de Artes Plásticas,  
na Praça D. Miguel,
em Santo António dos Cavaleiros












terça-feira, 29 de maio de 2012

Rostos

- Ó malhão, malhão, que vida é a tua? ... 

15 dias de festa em Santo António dos Cavaleiros (V)

A poesia é para comer
Natália Correia


Um blogue, este blogue, não é necessariamente um restaurante cultural, mesmo que, de tempos a tempos, possa roçar a poesia, sobretudo na intenção: temos os magros, que fogem do que se escreve como o diabo da cruz; temos os assim-assim que, de quando em vez, abrem para cheirar o que está a ser servido e, para além de outros simpáticos (são simpáticos todos quantos abriram, pelo menos, uma vez para espreitar ...), há os que me encontram aqui, ou nos mails, e me dizem coisas bonitas: "percebo que não agrade politicamente a toda a gente e que haja mesmo pessoas que fujam ...; percebo que haja uns "cientistas" que esperam Ciência ao voltar da esquina ..."

 Entretanto,  há os que ... os que, generosos, estão a fazer deste mês, diz o Google, o mês de maior audiência de sempre desta nossa ruadojardim ... Permitam, por isso, que a ilustração da conversa seja a que é ... Nesta festa que dura 15 dias em Santo António dos Cavaleiros, e que se apresenta, a meu ver, um excelente pretexto para divulgar também imagens ... imagens, eventualmente, bonitas ... Como esta, que é parecida com a tua mãe, com a tua tia, com a tua avó ... Ou com o teu ideal de pessoa feliz aos 90 ... 90!... Respira fundo e esquece o resto. Ainda há gente a querer viver. E que se sente estimada - no seu cantinho ...

- Profissionais do azedo, tratemos a bronquite com um sorriso, com o sorriso possível no olhar.

"Tenho 90 anos. Sou do Norte.
Tenho bronquite,
mas sou muito estimada!..."
Eu penso que esta jovem não acha que a poesia é para comer.
Acha que a poesia é para viver.

Canteiro de palavras ( LIII ) - Vergílio Ferreira

"(...) a escrita não tem que ver com o real mas com o outro real dele. Assim ela constrói outro mundo que aponta apenas para o primeiro mas se não parece nada com ele, mesmo quando se parece e todos os elementos se lhe ajustam. Porque aquilo com que se parece é o invisível dele, a outra coisa das coisas, o mistério que lá mora e se reconhece, depois, que lá mora e o reconstrói na sua invisibilidade para ser enfim o real como tal reconhecido. Há no homem o insondável da sua interrogação. Mas só o artista a conhece e a pode revelar aos outros para ela ser desses outros e a verdade do ser se lhes iluminar. Escrever bem. Ser sensível ao que se quer revelar e ser só a sua revelação. E o mundo existir, porque ele o revelou. E é tudo."

Entrada livre *




















* Transcrevo-me (1980):

Já há uns anitos bem bons passei uma parte das férias em Lisboa. Foi oportunidade para rever museus e fazer um ensaio: assistir a uma conferência dessas que se diziam de entrada livre. Não me recordo do tema tratado, mas há pormenores que ainda hoje me fazem lembrar aquela meia hora que passei na biblioteca do Palácio Foz a tentar ouvir uns senhores falar com muito aplauso da selecta assistência. Selecta assistência, digo bem, já que eu era apenas espectador, e, como tal, vi mais do que ouvi. Fiquei de pé, logo à entrada, não só por deferência para com o reumático dos demais presentes, como porque não seria cómodo - nem humano - ficar sentado entre dois "amigos do elogio mútuo" que se quisessem mimosear um ao outro com o apoio dos da fila da traseira.

O que aconteceu, pois, foi ter de me encostar aos armários do fundo da sala, para aí, reduzido a mim próprio, tentar vir a absorver as palavras do conferencista que falava nesse dia de Verão de um ano, já não me lembro qual, a propósito de um tema literário de que a memória não me faz presente.

O que perdi - se é que perdi - do que foi dito, ganhei-o, todavia, pelo que vi e senti. Tratava-se, com efeito de conversa entre amigos, circunstanciais ou não, que, no fundo, para estarem juntos na cavaqueira do sim crónico, tinham conseguido aquela sala que sempre era maior - e com outro ambiente - do que a rotineira mesa de café. Por outro lado, neste entraria qualquer badameco e na sala já se sabia que a lotação era limitada e, quando muito, o que se iria dizer em voz alta não sairia dali - a não ser que o contínuo, que também já era conhecido, desse com a língua nos dentes.

Aliás, mesmo que a sala se não enchesse - o que seria impensável dado o conhecimento antecipado da dimensão do círculo dos "amigos do elogio mútuo" - o que era natural é que não aparecessem caras novas e, eventualmente, discordantes do bom tom de civilizado e vibrante aplauso ao orador da sessão e ao seu ilustre apresentador. Mas surgiu o inesperado para Suas Excelências: eu não tinha mais museus para ver e havia trocado o vaguear por Lisboa pela presença naquela conferência de entrada livre. E entrei. Sem quase passar da porta, mas entrei. Ante o olhar ansioso da mui douta e ilustre assistência cujas alvas carecas reluziam face ao meu olhar expectante e algo atrapalhado. No meio de tanta gente - e grada gente! - senti-me só.

Fez-se então silêncio. Levantou-se o apresentador, que, de improviso, ou melhor, de cor, enalteceu as virtudes do insigne conferencista a quem "tinha a subida honra de apresentar". Falou, falou, falou ... e falou. E recordo-me que foi vibrantemente aplaudido quando terminou a sua fala. Passei, então, por um momento de extrema aflição: eu que estava ali livremente, que queria ser verdadeiro, que julgava que nada, nem ninguém exercia sobre mim qualquer pressão, senti-me mal não aplaudindo como, pelo que vi, era de bom tom.

O que fora dito não me fizera vibrar. Deí os aplausos que julguei justificados. Paguei a minha "ousadia" com um fuzilamento de dezenas de olhares que, do apresentador à última fila, me foi atingindo até me fazer sentir infeliz e deslocado daquela "bela sociedade" em que desprevenidamente aparecera para combater o ócio de uma acalorada tarde estival.

Já não ouvi o insigne orador. A grande lição da conferência estava aprendida. Pus-me ao fresco, enquanto na biblioteca os aplausos continuavam e o contínuo de serviço aproveitava para, cá fora, fumar um cigarro.

Passaram-se, entretanto, os anos e, no Verão Quente do ano passado, achei que deveria ir a um plenário desses que se convocam para decidir coisas importantes e que nos tocam directamente. Não havia restrições à entrada para os interessados na matéria em causa e falava-se numa votação fundamental. Fui. E para o meio da sala. De pé, como os demais. Sem lugar previamente marcado. Solto. Livre. Disposto a participar. Era o primeiro plenário dirigido pela nova comissão que se dizia constituída por gente interessada no nosso bem. Ouvi com entusiasmo o primeiro inscrito. Ouvi o segundo. O terceiro. Tudo natural, tudo claro, tudo condizente com os interesses da maioria que cada um defendia à sua maneira, sem coacções, sem medo das palavras.

A certa altura, porém, inesperadamente, surgiu na mesa um requerimento de um fulano que estava rodeado de uma meia dúzia de companheiros. O presidente, como é das regras, procedeu desde logo à sua votação. Criou-se a expectativa. E quando eu me preparava para votar contra, senti no braço uma forte sacudidela. Vi-me impedido de dizer o não que a minha consciência impunha.

Como que por instinto, recuei no tempo. Ao espírito acudiu-me aquela tarde quente de Verão que me levara à "bela  sociedade do elogio mútuo", onde só os que aplaudiam cegamente não eram censurados pelos olhares inquisitoriais dos presentes.

Afinal, reprimir pelo olhar ou pelo safanão é sempre reprimir - sem se precisar de dizer que a entrada não é livre.

Livra!...

Palavras cruzadas VIII - feriados

"Mudam-se os tempos ..."

Hoje não é feriado, nem nacional, nem regional, mas já foi e, na tabuleta colocada numa propriedade privada que dá para a avenida que atravessa uma aldeia das Traseiras do Litoral, ainda é. É avenida Américo Tomaz, que é o mesmo ...

Mudaram os tempos e ... e hoje essa mesma avenida chama-se 25 de Abril, que é dia de feriado nacional.

Entretanto, o 28 de Maio, na Região Autónoma dos Açores, em homenagem ao Espírito Santo, continua a ser feriado.

São divertidas estas discussões sobre feriados. Eu, se mandasse, resumia tudo ao 10 de Junho, que celebra Portugal, e nos outros dias trabalhava e exigia que me pagassem decentemente (?) e a horas.