Pobrete, alegrete ( 2 )
António Feijó
Fábula
Encontram-se um dia dois lagartos
Na curva sinuosa duma estrada;
Ambos tranquilos e de ventre fartos,
Na digestão pesada.
Perto, mas sem se verem, o primeiro
Diz, terminada a saudação do estilo:
"Eu cá sou um mansíssimo cordeiro
Que passeia tranquilo ..."
E dando curso à pérfida loquela
Fala o segundo com subtil recato:
"Pois eu sou uma tímida gazela
Que procura o regato"
Mas apenas se viram, frente a frente,
E um instante se olharam, espantados,
Um do outro fugiram de repente,
Ambos horrorizados!
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