domingo, 16 de dezembro de 2012
Carta aberta ao Senhor Dr. Passos Coelho
Bater numa criança é crime. Bater num velho, crime é. Senhor Dr. Passos Coelho, quando o Senhor, com o ar mais natural do mundo, se refere a eventuais cortes nas reformas de pessoas da chamada terceira idade, o que é que sente do ponto de vista cívico? O Senhor, por acaso, já reparou que, se calhar, sem pensar nisso, está a diminuir rendimentos a quem, do ponto de vista físico e cívico, está impedido de "lutar" como os demais pelos seus direitos? Que greve pode fazer um reformado? Que capacidade física, em muitos casos, tem um reformado para se envolver numa manifestação contra o que quer que seja? Não tem, pois não?
Então, Dr. Passos Coelho, se o Senhor insistir em diminuir as reformas dos que não se podem defender, o Senhor está a ser o quê?... Justo? Abusador? O que é que acha?... Qual é a palavra exacta que o Senhor encontra para se auto-definir?
Se o Senhor mandar aumentar o que se compra, toda a gente compra ou não compra, mas se o Senhor mandar subtrair determinado montante a uma reforma de alguém da chamada terceira idade, o que é que acontece? O Senhor consegue dormir só porque sabe, à partida, que o idoso não está em condições físicas de o confrontar?
O Senhor bate nas crianças? Não, claro. Mas é capaz de dar uma sova num velho? Amachucá-lo?
"Ah, mas eu tiro para o defender", dirá. "Quero que haja reformas para todos." O Senhor sabe que, não raro, a chamada terceira idade é, pelo menos, parte do subsídio de desemprego de filhos e netos para quem a Economia Nacional ainda não conseguiu arranjar emprego?
Alguma vez mandou ver quantos anos de trabalho estão atrás de cada reforma atribuída? Porque é que o Senhor, em vez de, sem mais, mandar mexer no dinheiro, não manda ver quantos anos de trabalho representam as reservas matemáticas em causa? O Senhor sabe que há por aí "meninos" que mal descontaram e ...
Pessoalmente, Senhor Dr. Passos Coelho, o Senhor já está mesmo a ver que não vou ajudar a fazer multidão, mas também já deve ter percebido que sou dos que acham, em relativo silêncio, que o que está para acontecer, se não vai ser, parece uma afronta aos mais básicos DIREITOS HUMANOS. Entretanto, Senhor Doutor, tenha cuidado com a sua saúde, mas tente, apesar de tudo, ver isto bem ... Sob pena de, não se acautelando, passar a ter insónias permanentes e desgastantes. E a ficar mais depressa velho do que espera - ainda que com as vantagens que ... que não dá mostras de querer dar aos que ainda votam, mas já mal aparecem.
Eu sei que se perguntar ao Zé o que é que ele pensa, o Zé e a família remetem-no para os casos dos Altos Cargos a que ainda paga contra nada, ou muito pouco, mas ... mas uma coisa de cada vez. Hoje, agora, gostava de o tentar fazer reflectir acerca do eventual abuso da força do Bilhete de Identidade.
Espero que ao receber desta se encontre ainda de "perfeita e feliz saúde".
M.A.
co-proprietário de um banco de jardim
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