domingo, 16 de dezembro de 2012

Guerras vestidas "à civil"

Crise lembra crise. Difícil é, pelos modos, lendo a História, um homem não ter, pelo menos, atravessado um ou mais desses períodos que o tenham afectado, directa ou indirectamente. Lembro três datas, do fim para o princípio:

Em Portugal, na Europa, o actual, em que o desemprego é chaga e a fome ou espreita, ou está instalada.

Em Portugal, o do 25 de Abril das perseguições (sim, também das perseguições!...), com o extravasar de ódios acumulados.

Na Europa, no Mundo, a guerra de 1945/1949, de que, menino, recordo as filas para comprar pão e as dificuldades económicas em casa (meu pai, por exemplo, a trabalhar três dias por semana).

De facto, se analisarmos a História, ou se morre cedo e se "escapa", ou é fatal "calhar-nos" uma qualquer convulsão - sempre para que passemos a viver melhor.

Quando, nos anos quarenta do século passado, menino, disse a minha mãe, sentido-a em dificuldade, que me desse "um bife com batatas fritas e um ovo, que também era de alimento ...", ignorei que a hesitação de minha mãe era outra, mais profunda, eventualmente parecida com aquela que, hoje, sisuda, nos bate à porta - por vezes já sem pão.

Vale a pena chorar. Não resolve, mas alivia e recarrega forças.

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