Escrevo porque me disseram como é. E já escrevi a pedido de quem sabia mais do que eu. Mas chego aqui, a esta coisa, depois de ter detestado esta coisa, o quer dizer que não garanto escrever aqui, mais tarde ou mais cedo, apenas para ver as letras que penso a saltar para aqui ... Feitas tolas, brincando às frases ... Como no tempo é que já havia livros, mas eu não os tinha e copiava os que bibliotecas alheias me emprestavam porque sabiam que eu gostava de palavras, gostava de palavras que, conforme as circunstâncias, queriam dizer, por vezes, coisas diferentes ... É verdade: cheguei a ser coleccionador de palavras. Não tinha livros e ia aos livros alheios, de caderno em punho, copiar palavras ... A certa altura, só as palavras que achava bonitas, quase sempre ligadas a outras que pouco significavam. Melhor: lembro-me de juntar palavras para as querer mais ...
E assim cheguei às crónicas que quase ninguém leu, mas que, juro, estão nos Arquivos oficiais e noutros. No meu, por exemplo. E algumas até estão em livros - à espera de leitores. Como, aliás, estas que aqui tenho deixado depois de ter aprendido a encher o "espaço" com elas.
Já participei numa comunidade de leitores para ouvir palavras...antes de o vento as levar.
Alguma coisa há-de eternizar o que escrevo. Ou durar, pelo menos, enquanto eu duro, para que possa morrer com a sensação de que escrevi e de que alguém acabará por me ler - sem ter que me dizer nada. Nem bem, nem mal.
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