Para Vergílio Ferreira, MESTRE nestas coisas da escrita, "serviu-lhe" o título genérico CONTA-CORRENTE para, com ele, "desfibrar" a sociedade em que viveu.
Se a inspiração, o olhar de V.F., foi suficiente, tê-lo-a sido para o tempo que viveu e para a personalidade que revelou. Mas quem sou
eu?...
Eu acho que, AGORA, o mundo está a precisar de quem se insurja e escreva CONTRA A CORRENTE, que (primeira aproximação pessoal, aqui, num jardim, num banco de jardim, que se pretende plural ...), que, no caso português, acredita-se, começou com o filho a bater na mãe... Com razão, dir-se-á na análise histórica, mas à
RUA isso não interessa, o que é relevante, eventualmente relevante, é que, em sentido figurado, nunca mais deixámos de viver assim, não só na Lusitânia, mas no mundo que nos é relatado nos manuais que nos foram sendo aconselhados na escola.
Porque é que terão surgido, por exemplo, tantas religiões? Será porque o HOMEM confiou no HOMEM , ou porque foi exactamente o contrário? Ou será que, mais do que aventura, o vencer do desconhecido, foi superior à ganância ou é esta que acaba eleita por ser a grande motora de tudo o que de bom e mau aconteceu à Humanidade?
Cite-se o simples, o muitíssimo simples: quando alguém convida alguém para almoçar em sua casa, está a convidar ou, bastas vezes, a tentar abrir o caminho para qualquer coisa a haver? E agora siga-se, tente seguir-se, este raciocínio de trazer por casa e tente-se, a partir dele, ler a história e as histórias do quotidiano ... Há quem diga, por exemplo, mal dos ciganos, mas, a mim, apetece-me escrever que eles, pelo menos, não enganam ninguém: assim nasceram, assim morrem. Como D. Afonso Henriques, quiçá, que, em nome da Fé, bateu na mãe ... Como, se calhar, terá sido, com outros contornos, desde Adão e Eva.
Numa palavra: o Mundo não é bom, porque o Homem é mau. Geneticamente mau. E tem tanta consciência disso que, quando lhe aparece, por exemplo, um Papa Francisco, como o relatam, abre-se-lhe uma esperança, a esperança de voltar atrás na maior parte do que foram os seus reiterados actos quotidianos. E, em desespero, vai a uma coisa que se chama confessionário - para que possa continuar, de preferência, impune, a praticar os actos que, antecipadamente, sabe errados.
Positiva em tudo: a religião, não pelo diz, mas, eventualmente, pelas obras materiais e exemplos que quis deixar ... Por oposição ao mal genético que encontrou. E que vai continuar - porque a perfeição não existe. Nem este apontamento e outros (inúmeros) que por aí circulam lhe vai dar uma vida nova. Eu bem vou ouvindo, por exemplo, os telejornais que os Tempos Modernos nos trouxeram, mas nada ... Nada mesmo. Experimente-se, já não digo, ler a história, mas comparar a história das histórias que nos foram contadas ... Ganhou-se, deixe-se que ouse, o poder dizê-lo, por exemplo, AQUI, "nesta coisa" ... Duvido, também por exemplo, que, quando D. Afonso Henriques bateu na mãe isso tenha sido do
imediato conhecimento público ... O que se conheceram com alguma rapidez foram, por certo, as consequências práticas do acto ... Quiçá, vendo bem, o que teremos ganho foi velocidade: a guerra, HOJE, acontece numa ponta do mundo e, "na hora", sabe-se na outra ponta ... Mas. em regra, pouco se passa que modifique o Homem. E aí é que está o ponto. Experimente-se, entretanto, listar o que, à vossa volta, e sem opinião alheia conhecida, se acha que está errado ... E talvez se conclua que, para tentar um mundo melhor, ter-se-ia que recuar ao Adão e Eva...
Quem matou Cristo e porquê? - a pergunta continua válida, diz-se aqui no
jardim.