Antologia da gente que passa (11) - SONETO *
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in As Luzes de Leonor de Maria Teresa Horta
Feito ao pé de uma oliveira, na cerca
Que me falta? A vida me sobeja,
Obséquios da fortuna não espero,
Nem riquezas, nem gostos eu já quero,
Nem quanto pelo mundo se deseja.
Vive o homem feliz, não tenho inveja,
Se desgraçado, não me desespero,
E em quanto no mundo considero
Sempre indiferente estou, seja ou não seja.
De glórias e paixões o peito isento,
Não sinto prazer, nem pena intensa,
Que mais tarde ou mais cedo as leve o vento.
Nem disto quero outra recompensa
Que o conservar-me o céu o pobre alento,
Pois com ele conservo esta indiferença.
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