quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Antologia da gente que passa (11) - SONETO *












* in As Luzes de Leonor de Maria Teresa Horta

Feito ao pé de uma oliveira, na cerca

Que me falta? A vida me sobeja,
Obséquios da fortuna não espero,
Nem riquezas, nem gostos eu já quero,
Nem quanto pelo mundo se deseja.

Vive o homem feliz, não tenho inveja,
Se desgraçado, não me desespero,
E em quanto no mundo considero
Sempre indiferente estou, seja ou não seja.

De glórias e paixões o peito isento,
Não sinto prazer, nem pena intensa,
Que mais tarde ou mais cedo as leve o vento.

Nem disto quero outra recompensa
Que o conservar-me o céu o pobre alento,
Pois com ele conservo esta indiferença.

Sem comentários:

Enviar um comentário