O arquitecto português não ficou ressentido com a retirada, por parte do Executivo, do convite por ajuste directo para a reconversão do hotel Estoril. Numa resposta escrita enviada à agência Lusa, Siza Vieira diz acatar “naturalmente” a decisão do Governo, sem referir se vai apresentar um projecto ao concurso público apresentado por Alexis Tam.
"O arquitecto português Álvaro Siza Vieira diz “naturalmente” aceitar a decisão do Governo de Macau de realizar um concurso público para a reconversão do antigo Hotel Estoril, apesar de o projecto ter sido encomendado numa primeira fase ao Prémio Pritzker.
“Tomei conhecimento da decisão em organizar um concurso para o projecto respectivo, decisão que naturalmente aceitei, comunicando-o ao excelentíssimo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura”, disse o arquitecto, numa resposta escrita enviada à Agência Lusa.
Na sexta-feira, Alexis Tam anunciou que por uma “questão política”, o projecto do hotel deixaria de ser entregue por ajuste directo a Siza Vieira, já que muitos arquitectos locais manifestaram interesse em participar no processo de requalificação da zona do Tap Seac, o que só seria possível com um concurso público.
Questionado, ainda na sexta-feira, sobre se já tinha informado o arquitecto português, o governante respondeu que “muito por alto, informalmente”, indicando que Siza será convidado a participar no concurso: “Vai ser convidado, em vez de ser adjudicação directa. [O ajuste directo está] de acordo com a legislação. Só que isso foi a ideia do ano passado. Hoje em dia, a situação é diferente porque muitos arquitectos querem concorrer. No fim, é uma questão política”, afirmou Alexis Tam, citado pela Rádio Macau e pelo canal em português da Teledifusão de Macau. Segundo o secretário, “em Macau também há bons arquitectos” e um concurso público é “mais transparente”, argumentou.
O Governo convidou Siza Vieira, em Abril do ano passado, para reconverter o edifício do antigo Hotel Estoril num centro de artes e escolas artísticas direccionado para os jovens. O arquitecto português defendeu publicamente a demolição e a não manutenção da fachada do edifício, associado ao início da exploração de casinos pelo magnata Stanley Ho e, portanto, à história da maior indústria do território.
Surgiu então um debate sobre a requalificação do edifício, que está abandonado desde os anos de 1990, e o seu eventual valor patrimonial e histórico, tendo o Governo de Macau lançado uma consulta pública e encomendado um inquérito. Em Setembro, a associação de urbanistas de Macau Root Planning lançou uma petição para pedir a avaliação do valor patrimonial do antigo Hotel Estoril e piscina adjacente.
A 15 de Março deste ano, o Conselho do Património Cultural de Macau decidiu que o edifício não será classificado."
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