terça-feira, 25 de maio de 2010

Fora do contexto ...ou talvez não...


1967 - 13 de Maio (43 anos antes de Bento XVI, em Portugal)

Paulo VI, em Fátima (primeira visita de um Papa ao nosso país)

"O mundo está em perigo porque o progresso moral não iguala o progresso técnico e grande parte da humanidade encontra-se em estado de indigência e fome"

"Pensai na gravidade e grandeza desta hora que pode ser decisiva para a história das gerações presentes e futuras"

"Vede como o quadro do mundo e dos seus destinos se apresenta (...) imenso e dramático".

Ao Clero Português:

"Estamos ao vosso lado em tudo o que empreendeis, em união connosco, para bem espiritual do povo que vos foi confiado e de toda a Igreja de Deus"

Ao Corpo Diplomático:

"Possa a grande família humana progredir nos caminhos da fraternidade e da paz"

Ao laicado português:

"Dedicai-vos à realização perfeita da vossa vocação na Igreja"

Aos não católicos:

"Temos em comum este modelo de fé e de humildade"

segunda-feira, 24 de maio de 2010

BOSTA

"O homem que mais ama a liberdade não é aquele que mais escreve, que mais fala, que mais declama em favor dela. É aquele que mais lhe sacrifica.

Não ser de nenhum partido, de nenhuma política, de nenhum poleiro, de nenhum comedouro; pertencer unicamente à nossa razão e ao nosso trabalho, sacrificando todos os outros meios de chegar à fortuna e ao êxito, isto é que é ser livre, isto é que é amar a liberdade."

in "As Farpas", de Ramalho Ortigão

domingo, 23 de maio de 2010

Se eu mandasse...(IV)



1. "Se eu mandasse", chamava ao meu gabinete meia dúzia de funcionários públicos que fossem técnicos subaproveitados, ou não, e, em estreita ligação com as nossas embaixadas, ou serviços consulares, em países a determinar com urgência, punha-os a observar e estudar o que é que podia estar ao nosso alcance (discreto...)  produzir com qualidade e preço competitivo, e ter mercado externo "garantido" - com pequena mobilização de capital (talvez, envolvendo nisto as universidades...).


2. Chegado a rápidas, mas fundamentadas, conclusões, abria os cordões à bolsa dos empréstimos a juro baixo e fomentava (com eventual apoio da RTP, por exemplo) a criação de micro e médias empresas (e apoiava as antigas que aderissem, pois claro...). Com as "garantias possíveis", e muita determinação, das nossas embaixadas, feitas "pontas de lança" activas, incentivava "o pessoal" a uma exportação - acompanhada.

O risco seria assumido por todos nós.


3. Isto é, sem grandes investimentos, procurava verdadeiros "nichos de mercado". JÁ! E criava um grupo de acompanhamento do que fosse feito.


4. Rejeitaria, sistematicamente, a comum versão do NÃO DÁ, já experimentámos... Tratar-se-ia de criar Novas OportunidadesNovos Rumos - sector por sector.

NOTA
Queridos Internautas que têm a paciência de abrir o meu blogue, SE estiverem de acordo, e vos for possível, façam chegar "isto" ao Senhor Engenheiro ou a quem tenham mais "à mão" para o efeito.

Por favor! Multipliquem. Façam de conta que estamos num "Facebook" (sem retrato), por exemplo. Mexam-se!...

 IMPORTANTE e, eventualmente, desnecessário sublinhar: não quero tachos, mas também não aprecio taxas...
Um abraço grato do M.A..

sábado, 22 de maio de 2010

Volta ao Mundo em 90 dias - França

"Porque de feitos tais, por mais que diga, mais me há-de ficar ainda por dizer"...

..."concluo", hoje, esta reposição, agora abreviadíssima, via NET, de uma "Volta ao Mundo em 90 dias", que preenche uma parcela motora do que tenho vindo a fazer, desde que me achei a escrever para outros - não familiares.

Tornaram, oportunamente, tudo possível, nos anos 80, oito patrocinadores institucionais e dezenas de outros que, também sem qualquer hipoteca, quiseram colaborar.

Foi bom. E viciante, como não será difícil concluir pelo que para atrás fica de incursões em "searas alheias"(além do mais que, espero, se irá "ver") ...


Mas, antes dos eteceteras, viajemos até França para breves passagens do que, em formato tabloide, foi escrito em 28 páginas de jornal.


João Paulo II, em Saint-Denis, aos emigrantes portugueses:


"Trabalhadores portugueses, vós sois um povo numeroso em Saint-Denis. Feliz no meio de vós, convosco, eu rezo por todas as vossas intenções e pelas intenções das vossas famílias que estão em Portugal.


Aos caríssimos emigrantes de língua portuguesa, com uma afectuosa saudação e votos de todo o bem, exorto igualmente a serem fiéis aos autênticos valores da família como Deus quer e no trabalho honrado. E isto ainda que sejam difíceis as condições de vida. Pede-lho a sua vocação cristã e as dignas tradições de que são portadores, mesmo fora da Pátria querida. E que Nossa Senhora para todos seja luz, exemplo a seguir e que, qual mãe da nossa confiança, lhes alcance assistência, conforto e graça de Deus."


Manuela Aguiar, secretária de Estado da Emigração e Comunidades Portuguesas:


"(...) posso garantir-vos que o Governo há pouco empossado continuará, na mesma orientação anterior, intensa e sinceramente empenhado (...) na abertura a novas iniciativas, tendo por objectivo a institucionalização do diálogo entre as Comunidades Portuguesas e destas com o Governo (...)."


Nandim de Carvalho, deputado eleito pelo círculo da Emigração da Europa:


"Vai ter lugar em Junho de 1981 o Primeiro Congresso das Comunidades realizado depois do 25 de Abril (...). Vamos lançar mãos às nossas tarefas para que os problemas reais venham ao de cima com as respectivas propostas de solução que certamente terão que ser diferenciadas consoante a natureza das comunidades (...).


António Siqueira Freire, embaixador de Portugal em França:


"A adesão de Portugal ao Mercado Comum integra-se numa busca voluntária e natural da nova dimensão do nosso País."


Maria de Jesus Geraldes, luso-descendente, em França:


"(...) A primeira reacção de quem se sente diferente no meio dos outros é fazer tudo para se parecer com eles e eu quis fazer assim. Essa atitude durou até que tomei novamente consciência de que esta diferença nunca a poderia eliminar de mim porque me definia e era por causa dela que os meus sofriam certos vexames na vida quotidiana. Foi uma das razões que contribuiu para que eu não me nacionalizasse francesa. (...) Sou uma mistura de duas culturas: a francesa e a portuguesa.

Morra o Dantes! Viva Cutileiro.

Em época de crise económica, social e política, a resolver, entre nós, com transparência, equilíbrio e sentido das responsabilidades, uma reflexão pessoal, muito pessoal - e breve - sobre ... 1975, em Portugal.


Não sei se o "auto-retrato à la minute", incluído neste blogue, é suficientemente esclarecedor. Entretanto, para quem possa ter dúvidas, e não só, aí vai: trabalhador por conta de outrém desde os 14 anos, subindo a pulso nas hierarquias das 14 empresas por que passei (sem contar com, eventuais, voluntariados...), não esqueço a forma ABJECTA como me tentaram condenar (?) numa espécie de tribunal popular, no caso, no extinto jornal "O Século", onde (podia deixar de o dizer agora que estou retirado) o meu maior pecado terá sido o de ter contribuido para a PROMOÇÃO, meses antes do 25, de alguns dos pulhas que, na primeira esquina, me quiseram, depois, "condenar" - estou para saber porquê...


Descendente de homens e mulheres com calos nas mãos, trabalhador por conta alheia desde os 14 anos, o que quero dizer aos que, nesta altura, se agitam é que, se é preciso lutar com determinação contra o que AGORA está mal, bom é não esquecer que, uma vez no poder, as sociedades têm sempre no seu bojo, escondidos, interesses sem escrúpulos que não hesitam em ATROPELAR, ASSASSINAR CARACTERES e... MENTIR em nome de... Às vezes, de nada...



É bom que, quem, Generoso e Amigo, me envia "mails" de revolta, saiba que, podendo (ía a dizer, devendo...) continuar a enviarmos, saiba que o está a fazer para quem foi durante quase CINQUENTA ANOS trabalhador por conta dos outros - que podiam ter sido melhores, mas que nunca o fizeram passar fome, e, jamais, o quiseram, de facto, humilhar. Que se saiba...


Uso, entretanto, a liberdade, que nem sempre tive, para aqui, na NET, deixar este testemunho, sem cuidar de "indagar" quem, eventualmente, o vai ler. 
                                                             Morra o Dantes! Pim. Viva o Cutileiro. 
                                           
                                                             M.A.

P.S.: eu não votei Sócrates.E tu?...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Pompeia - "a chinela"

Para a minha Amiga Rosa Brás

Que pode, AQUI, um cidadão comum escrever sobre Pompeia que não seja a repetição chata do que já terá sido debitado - aqui ou, por certo, em milhares de linhas de livros de estudo, de teses, que sei eu?!...

Há, no entanto, uma realidade, banal, que me provoca o atrevimento: ninguém no mundo tem, teve ou terá o recorte da minha impressão digital. O que, se não me autoriza a "sapateiro, ir além da chinela...", me dá  "autoridade" suficiente para expressar emoções. ÚNICAS, por consequência. E, com estas, fazer apelos.

Dito isto...

 Pompeia, não sei muito bem como, mas não deveria ser pisada assim... Já lhe bastaram as pilhagens de que foi alvo, os riscos naturais a que esteve, e está, sujeita, os milhões e milhões de pés que a calcaram, as "pedrinhas" que os visitantes lhe roubaram, a pretexto de "recuerdo", o lixo que por lá deixaram alguns dos que a dizem amar, para... para ponderar (se o não foi... Não parece...) a "invenção" de um sistema de protecção permanente, sobretudo, do que se pisa.

 Por exemplo, digo eu, que não percebo nada dessas coisas, mas que fiquei a amar Pompeia: obrigar ao uso de uma qualquer sandália, por exemplo (não estou a avançar para "além da chinela..."), fornecida pela organização, à entrada, e incluida no preço do ingresso, que, não fazendo escorregar, permitisse percorrer Pompeia "sem a magoar..."

É uma sugestão que dá vontade de rir? Talvez, talvez, sobretudo, aos que não estiveram, por exemplo, em Petrópolis, nos arredores do Rio de Janeiro, e visitaram o Palácio Imperial - onde só se ingressa depois de calçar umas... pantufas, PANTUFAS, que são emprestadas a todos os que querem pisar os mármores de Carrara e  madeiras nobres dos seus diferentes salões. 

Mas talvez não seja necessário sair de Itália para sentir a mesma necessidade. A catedral de Siena, por exemplo (bem sei que é diferente...), tem grande parte dos seus pisos interiores, ía a dizer, resguardados, ou por cordões à sua volta, ou por uma espécie de linóleo que, disseram-me, só é retirado do chão uma vez por ano, em dia especialmente festivo.

Ria-se à vontade quem me ler neste espaço de "apressados", mas, acerca de Pompeia, é o que me apetece sublinhar. O "resto" está noutras páginas NET e nos escaparates de milhares e milhares de bibliotecas de todo o mundo. O que aqui deixo tem, pois, quando muito, o eventual "interesse" de uma impressão digital e quer dizer, sobretudo, uma banalidade: Pompeia é uma lição de história inolvidável, que não pode esgotar-se assim...aos pés de curiosos - "mal calçados"...

"Adormecida durante dezanove séculos", é urgente salvar Pompeia dos "novos bárbaros", reis do lixo e da insensatez... Com sandálias apropriadas, que são provocação, ou como quiserem. Mas salvá-la.

Gostam de Pompeia? Então, contribuam para a sua existência e...e digam de vossa justiça para as autoridades europeias, ou outras, o que deve ser "começado" a pensar - para aplicação urgente. O que sei é que se impõe pôr fim a um certo Vesúvio naquele exemplo espectacular das capacidades humanas de resposta  às necessidades de sobrevivência. Organizada.

Nas grutas, sempre terá sido sempre crime, que se saiba, tocar nas formações rochosas em desenvolvimento ( estalactites e estalagmites) à nossa volta. No caso de Pompeia, só de imaginar, por exemplo, certos sapatos...arrepia. Então...

Na sugestão, a homenagem.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

De Roma, bué...


 Indisciplinadas, um dia destes, as nuvens vulcânicas goraram a possibilidade de, no dia imediato àquele em que saí de Roma, pedir a Sua Santidade uma boleia para Lisboa, na Sua aeronave, por certo, benzida contra todos os riscos terrenos e celestes.

 Com efeito, poderia ter sido assim. Embora eu não seja, confesso, um devoto praticante como muitos, depois de ter visto, em Portugal, o sorriso discreto e comovido, de Bento XVI, estou convencido de que o Papa, sabendo-me português, não me deixaria em terra, cheio de sono e apetite - por causa de umas, quase satânicas, nuvenzecas...

 Cheguei a Lisboa às três da manhã, quando deveria ter aterrado às sete da tarde do dia anterior, mas cá estou...

Então o que é que te ficou, desta vez, de Roma?, perguntar-se-á (perguntar-se-á?...).

Bué de coisas... Estão num livro que publiquei em ... em 1980, já mencionado em "post" anterior. E é tudo. Roma é eterna.

PS - achei-a, no entanto, agora, ainda mais, indisciplinada, se possível, no trânsito. Mas o Coliseu resiste; os Césares continuam de pedra; o Vaticano, como é óbvio, está para lavar e durar; as Fontes ainda têm água; o Metro insiste em não crescer para, creio, evitar (?) encontros complicados com o passado...As mulheres continuam bem servidas de seios. Leite e queijo não faltam.

O Poder é que parece que está a ter que ser partilhado com Bruxelas... Permanece, entretanto, uma certa, e incurável, rivalidade com Milão, que cheira a suor, dizem. Como, no Brasil, S. Paulo para os cariocas.

 Gostei.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Siena - dos Três Vês

Que pode um bloguer de fresca data, por muito viajado que possa ser, na vida e nos caminhos, escrever de, eventualmente, novo, sobre, por exemplo, Siena? Mesmo não sendo estreante em Itália e tendo na "bagagem", de há largos anos, nomeadamente, Florença?

Tento ordenar as ideias. E começo por Florença, que, na auto-estrada de Roma para Siena, grita a sua presença poucos quilómetros adiante...

Florença, então, tal como a vi*...

" (...) Sai-se de Roma triunfalmente por baixo de um dos seus arcos, deixando a César o que é dele. Cá fora uma quadriga espera-nos. E é um salto a Florença. Em poucas horas, umas vezes de quadriga, parte a cavalo, avançam-se catorze séculos até à porta dos Médicis. Amarra-se o animal à entrada e vai-se a pé pela cidade. E devagar. Em cada dois passos um de distracção é, em Florença, tentar ler a enciclopédia, página si, página não. Mas ler a enciclopédia é difícil e moroso. Florença leva também uma vida a ler. Para não perder tudo, lê-se por capítulos, que é como quem diz, por quarteirões. E passam-se à frente muitos, para não omitir algumas sequências preciosas a que uma leitura só das páginas pares conduziria. É que há páginas ímpares na história de Florença. História de Florença ou do Homem? Florença é reencontro, Florença agora é ontem feito amanhã. É renascer. É  futuro. Futuro é Homem. O Homem é Florença.

Miguel Ângelo esteve ontem em Florença, mas vai permanecer. David desdobrou-se da Academia e guarda-a do alto da "piazzale" do seu autor. E, do alto, Florença é medieval. Às vezes reconstruída. Ainda sem ruínas. Roma ficou para trás e é agora sinfonia incompleta. Degrau que foi escadaria. Tronco de mármore que foi coluna. Florença não. Florença é Giotto com setenta e cinco anos ainda corpo inteiro, jovem altivo contemplando a cidade do cimo do seu campanário. Florença foi uma vez Renancença e nunca mais deixou de o ser (...).

Mas, então, numa altura em que, na auto-estrada, Siena "está à vista", o que dizer?... A resposta...a resposta, passado o biombo dos prédios vizinhos da linha férrea da cidade, é só uma: a falta de palavras secas, se... se conseguir falar... Com efeito, bom é que não nos tenham dado pormenores acerca do que nos espera... A Piazza del Campo é uma síntese de História. É a lágrima comprimida, que explode de emoção.
 É a alegria mal contida que não sabiamos - mesmo depois de muitas leituras...

É, para citar, da divulgação, "um pormenor": o coração de Siena, onde, em 2 de Julho, todos os anos, se realiza o famoso Palio - a festa dos dezassete bairros da cidade que "competem entre si adversários ou aliados, pela ambicionada tela de seda pintada; é uma espécie de rito em que Siena, a partir do momento do sorteio dos bairros, quatro semanas antes da corrida até ao momento da entrada dos cavalos entre cordas para a desenfreada volta final, revela o seu rosto mais autêntico e revive com entusiasmo e paixão nostálgica o maravilhoso sonho de grandeza passada".

Cito Terços e Bairros da cidade - enquanto enxugo a emoção... E fica o desafio para a visita que se propõe. Aqui, neste universo sem alma que é a NET.

Terzo di Città - seis bairros: Águia, Caracol, Onda, Pantera, Selva e Tartaruga;

Terzo di San Martino - cinco bairros: Coruja, Unicórnio, Concha, Vale do Carneiro e Torre;

Terzo di Camollia - cinco bairros: Lagarta, Girafa, Porco-espinho, Loba e Ganso.

Ver Siena e...Viver - para Voltar! Siena dos Três Vês, digo eu.

* in "À Sombra da Minha Latada", de M.A.

terça-feira, 18 de maio de 2010

in CARTAS À MINHA NETA *

"Dominguiso, s/data, mas neste período dos 13 aos 19 em que achei por bem escrever-te - sem prejuízo de nada


Frontalmente, a banalidade que, se não houvesse perdão, transformava o mundo numa cadeia: errar é humano. Só que, para que tudo se encaminhasse para a harmonia, no Princípio começou a falar-se de justiça divina, de leis, de códigos e, mais tarde, de sociologia, de psicologia e de coisas assim - e a humanidade foi dando o jeito... Passou, como sabes, por inúmeras e imensas dificuldades, mas lá foi acertando o passo...Olhou, olhou-se, percebeu-se. Avançou, recuou, avançou. Tropeçou muito, estudou bastante, até descobrir que, sem falar nos intervalos das rabugices (iniciais e finais) havia que dar a maior atenção, em particular, ao período da vida humana (é esta fase que agora te interessa especialmente) a que os camones chamam a dos "teenagers", isto é, dos indivíduos com, idades compreendidas entre os 13 e os 19 anos, em que muito se define...

Diz quem sabe que é aí que os seres humanos verdadeiramente abrem os olhos e, quais potros à nascença, começam a tentar ver (e reinventar) o mundo. Fascinante! Fascinante e, apetece dizê-lo, determinante em que ou aparecem as mais "surpreendentes" asneiras ou se definem os mais convicentes carácteres. São frequentes os erros, é frequentíssima a generosidade, é quase sempre bonito o desabrochar.


Surgem, então, sabe-se, vindos do quase nada, os meninos embirrantes, os contestários, os poetas da desgraça, mas aparecem também os generosos, os ávidos de conhecer, os da força renovadora do futuro, os sonhadores que, à vezes, na sua fresca e fraca, ingenuidade (ou pureza) acreditam que os mais novos ainda não sabem e os mais velhos nunca souberam...


E está lançada a dinâmica da vida onde errar é, de facto, uma consequência do ser ou estar - tornado impossível, isso sim, em qualquer idade, sem tolerância e amor. Sobretudo, da família.


Mas basta de catecismo que eu, enquanto avô, o que mais desejo é que, como diria a tia Lígia, possa haver sempre mesa farta para todos e bailarico no adro para os que quiserem.
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ..."

M.A.

* a publicar ("Cartas do meu avô") quando houver um editor que não esteja falido e tenha netos. Bom dia, Facebook!

Disfarçando...

Enquanto, madrugada à vista, os perigos das nuvens vulcânicas preenchem pensamentos e retardam vôos, conversa de cais de embarque, com sotaque brasileiro:


"o meu marido cria e educa, na nossa chácara, 30 passarinhos: cada um tem um compartimento, onde lhe coloca um disco de música clássica... Como se fosse uma aula de canto..."

E em Fiumicino foi como se, no perigo da favela, alguém falasse de samba...

Depois o avião chegou, subiu, subiu e...e nada aconteceu na noite escura, a não ser uma viagem maior, pelo norte da Peninsula Ibérica até à Portela - onde havia gentes do Brasil, Espanha, África, Grã-Bretanha, Portugal e não sei de que mais países à espera de tudo...

domingo, 16 de maio de 2010

Renato Sá - "Harpa Goesa"

Foi pela mão amiga do Dr. Leonel Gonçalves, antigo director da Biblioteca do "Diário de Notícias, que uma filha de Renato Sá, me fez chegar (coisa boa!) uma fotocópia de um número especial da revista do "Centro de Cultura Latina" de Goa (1981),"Harpa Goesa", de homenagem a seu pai. Do que aí escrevi, solta-se a saudade:


Renato de Sá - O exemplo vivo de um profundo amor à cultura portuguesa 


"Quando nos primeiros dias de 1980 pedi, quer ao Dr. José Blanco, quer ao Dr. Narana Coissoró, alguns pontos de referência para os meus contactos em Goa com vista a um trabalho a efectuar para "O Dia" sobre "Os Portugueses no Mundo", ambos me salientaram a necessidade de ali procurar, nomeadamente, Renato de Sá. Assim aconteceu. Felizmente.


Renato de Sá era, na verdade, o exemplo vivo de um profundo amor à cultura e língua portuguesa:  "...eu na minha modesta casa tenho a família com quem convivo falando português; tenho duas filhas que fizeram os cursos em inglês, devido à suspensão do português no liceu. Mas ambas mantiveram a cadeira da língua de origem, tanto no bacharelato de Letras, como no bacharelato de Ciências. A que está em Lisboa, é uma delas: é professora no Colégio da Imaculada Conceição das Irmãs Franciscanas de Maria. É uma pequena minha formada há quatro anos e que já é professora há três.


É uma prova de que a língua vive, que tem alunos. A língua portuguesa não morrerá em Goa - se a apoiarem." 


Mas agora reparo que escrevi Renato de Sá era e quero rectificar o pretérito para o presente. Na verdade, Renato de Sá não nos deixou. Renato de Sá é. Renato de Sá permanece na sua obra, no amor lusíada a brilhar, em patriótico testemunho, nos olhos das suas filhas "que mantiveram a cadeira da língua de origem". Renato de Sá só morrerá, de facto, quando desaparecer o último livro de língua portuguesa que ele ajudou a levar para Goa; quando já nem memória escrita haja do que procurou ser, e foi, o Centro de Cultura Latina, em Goa, que ele apaixonadamente fundou; quando desta sua Harpa Goesa, para que hoje escrevo, já nada mais restar do que a saudade.


Bom dia, Renato de Sá! Continuamos. Estamos. Seremos. Somos Portugal!"

M.A.

ROMA - Homenagem a MATTEO RICCI, no IV Centenário da sua Morte

Jesuíta nascido em 6 de Outubro de 1552 e falecido a 11 de Maio de 1610, Matteo Ricci (cito, de João Botas, "Macau Antigo", "post" de 15 de Setembro de 2009) "aos 19 anos entrou na Companhia de Jesus e aos 25 anos recebeu autorização para residir em Portugal. (...) Já com 31 anos de idade está finalmente em Macau para (...) evangelizar a China. É em Macau que Ricci inicia os seus primeiros estudos de chinês".

Contudo, "Ricci não venceu a barreira que caracteriza a impenetrabilidade da China à cultura ocidental" e "numa primeira fase do seu apostolado vestiu os hábitos dos monges budistas e tentou aproximar A Palavra de Deus aos usos e costumes das populações locais. À medida que melhor ía conhecendo a estrutura social, apurava a sua táctica, se bem que mantivesse a estratégia inicialmente definida.  Foi assim que no percurso para Pequim trocou as vestes dos monges pelas dos letrados (...) e, usando os conhecimentos da ciência ocidental (...) foi subindo degrau a degrau até entrar na corte Imperial, onde morreu com 58 anos de idade, no gozo de reconhecido prestígio".

O que, especialmente, me motiva aqui para o que outros, quiçá, mais versados fariam melhor? Um facto simples: aconteceu...aconteceu, entretanto, a grata coincidência de estar em Roma no dia 4 deste 
mês de Maio e poder assistir, na igreja de S. Inácio, à homenagem que, no IV Centenário da sua morte,  foi prestada ao jesuíta Matteo Ricci, a anteceder concerto que encheu naves. Eu que, em Macau, bastas vezes, tinha ouvido, nomeadamente, Monsenhor Manuel Teixeira, referir-se-lhe com profunda admiração e entusiasmo.

Fica o apontamento. 

Estranhos, ou talvez não, estes momentos de eventual "encontro"... Afinal, com os italianos estava, anónimo, alguém português... Que esteve em Macau, onde ouviu falar de Matteo Ricci e lhe fixou o nome.

sábado, 15 de maio de 2010

Nápoles

"Ver Nápoles e morrer."

"Deve-se ver Nápoles antes de morrer."

"Ver Nápoles e nunca morrer."

Napolis, Neápolis, "Cidade Nova", fundada 500 anos a.C.. Estive lá. Estou vivo. E pronto a voltar. À beira do Vesúvio que é ameaça e deslumbramento.Berço do poeta Torquato Tasso e de Caruso.

"Cidade insolente".O caos no trânsito. A condução sem cinto de segurança.Mas também a beleza embriagadora do golfo. Os camarotes habitados no teatro da encosta, onde nos leva o esforço da subida e a bondade dos ascensores.

Mas também, pela negativa, a presença/ausência para quem chega do carteirista disfarçado. E "famosa" camorra, que é o crime organizado, secreto, sobretudo, dizem, em determinadas zonas de Nápoles.O susto! 

Para não falar no contrabando (ganha-pão de muitos...) que, rezam as crónicas, "é uma das mais antigas actividades" da cidade.

A visita que fiz ao burgo foi um embuste. Queixei-me no hotel. Disseram-me: "essa agência tem o monopólio... Mas vamos reclamar..." Descontei o embuste na conta da beleza envolvente. E fiquei, apesar de tudo, a ganhar... Respira-se Cultura. Olha-se para o depois de... 

Enfeita-se o pensamento para o voltar costas... Carrega-se a imaginação com a verdade da paisagem... Treina-se o olhar para a retenção que se deseja eterna... Enriquece-se a imaginação. Admira-se o que na montanha é belo e não se acredita na catátrofe possível, onde agora as nuvens têm a tranquilidade inocente que apela ao esquecimento do que foi Tragédia e hoje é Pompeia arrasada - e atracção turística.

Há Grécia em Nápoles. E se isso não é tudo, apetece-me dizer, quiçá, que...que Nápoles é uma ex-cidade grega, com bordados cariocas... E, por isso, digna do que, para alguns, terá levado Goethe a dizer "depois de ter visto Nápoles..." Isso: morrer.

Morrer? Sem voltar a Nápoles? E ao Rio de Janeiro, que, de algum modo, é uma Nápoles de língua portuguesa? 

Nápoles? Sim.Em muita coisa: na beleza do mar que a banha, no recorte da beira-água, na encosta onde as fotos salientam "presépios" (nem sempre, também, vistos ao pé, pelas melhores razões...), nos perigos do "andar por lá..." E ainda, se se quiserem salientar contrastes: na Europa, frente a Nápoles, o Vesúvio-ameaça; no Brasil, voltado para o Rio, o Cristo-Rei,  esperança de muitos. Que, em parte significativa, falam português, com sabor a "pizza".

Bom é viver! Apesar de tudo, em Nápoles como no Rio, onde a montanha toca os céus - e há verdes que revigoram o melhor da nossa imaginação.

A promessa: continuar em Itália.

China 1980-Curta metragem a preto e branco (IV) *

Volto à China, para concluir o "Diálogo com quase 10 biliões de chineses", relembrado em 29 de Abril, 1 e 2 do corrente.

"Vê-se um vestido de azul e sabe-se que todos trajam de igual modo. Fala-se de política e não se descortina outra que não seja a do comunismo - mais ou menos suave.

"União Soviética é imperialista, os Estados Unidos são amigos" - e é tudo. Todavia, anda no ar como que um enigma que levaria séculos a decifrar.

Sete horas de estada e cinco de conversa são, por isso, amostragem da amostragem. Apenas."

Uma "curta metragem a preto e branco", digo eu agora.

Existe a figura da dona de casa?

Não. Toda a gente trabalha. Só as idosas é que ficam em casa.

E no capítulo da saúde, como é?

Garantida graciosamente assistência para os que trabalham numa unidade de produção. Os agricultores utilizam os serviços de cooperativas em que funciona uma espécie de obra social. Todos os meses descontam 5% do seu salário para um fundo de assistência médica.

Como é que é constituída a comuna?

Por brigadas e estas por núcleos de produção. A comuna é a família das famílias...

Mas a família, enquanto tal, é importante?

Sim. Muito (a resposta é da única pessoa, dos três interlocutores, que não é filiada no PC).

Normalmente, com que idade se casam as pessoas?

O governo procura que isso aconteça aos 24 anos para as mulheres e aos 27 para os homens.

Ligações fora do casamento?...

Há...

Apesar de tudo, existe a hipótese de possuir propriedade privada?

Pode ter quantas casas quiser, mas os terrenos são todos do Estado: ninguém tem seja que área for para hortas ou construção.

A quem se deixa o que se ganhou durante uma vida de trabalho?

Aos familiares ou amigos, mas não se podem adquirir terrenos. O que se pode é viver melhor: variar na comida, ter mais mobílias, ventoínhas...

O bote de madeira que ali está é da mulher que vai a conduzi-lo a pulso?

Não. É da brigada de trabalho.

As bicicletas são privadas ou do Estado?...

Privadas e do Estado...

Têm a certeza de que o homem que além vemos no passeio a consertar uma mala de mão, entrega ao Estado todo o dinheiro que recebe?

O que está estabelecido, sim. Se levar mais é para ele.

A gorjeta é permitida?

Não, não podemos receber (aceitaram-me uma gorjeta no café...).

Os pensamentos de Mao ainda hoje são matéria escolar?

Não.

Que significado teve o facto de Mao tomar banho no rio com uma multidão de chineses?

Simbolizou a luta contra a força das ondas...

A autoridade, em particular, a polícia, é respeitada?

Com certeza!!!

Há presos políticos?

O Bando dos Quatro!... - resposta imediata.


Mas só?...

Há mais...

Têm polícia secreta?

Sim, sobretudo nas cidades...

Quem constitui os tribunais do povo?

São os quadros, não necessariamente formados em Direito. Entretanto, com habilitações literárias nunca inferiores às do ensino secundário, não sendo preciso ser membro do partido, embora, em regra, o juiz o seja.

Há partidos políticos?...

Sim, mas são todos comunistas... De qualquer modo, só depois do afastamento dos Quatro.

Não acha que o trabalho dos jovens do ensino secundário no campo três horas por semana pode, apesar de tudo, tirar empregos?...

De modo nenhum: contribui, sim, para melhorar a alimentação dos alunos.

Os jovens até aos 16 anos não podem trabalhar. A instrução não é obrigatória. Que fazem os rapazes e raparigas até essa idade?

Ficam em casa, por exemplo, a preparar as refeições da família que trabalha.

Quanto ganha o responsável pelo Museu Dr. Sun Chungshan?

Mais ou menos, 50 rmb (rumenbi). (Cerca de 1 500$OO por mês)

Quanto se despende, em média, com a alimentação e a renda de casa?

Em dinheiro português: alimentação, 600$00; renda de casa, 150$00.

Acham que são aqui mais pobres do que alguns indianos na sua terra?

Não. Vivemos modestamente. Os que "passam" pior são os que têm mais filhos.

Há direito à greve?

Foi recentemente aprovado, mas ainda não há casos concretos.

Como é o serviço militar?

Não é obrigatório. Mas há instrução militar para as mulheres dos 18 aos 25 anos e para os homens dos 18 aos 40 anos.

Turismo?

Consideramo-nos em fase de arranque.

Conhece alguma figura da história de Portugal?

Não. E também é a primeira vez que oiço falar português...

Se por absurdo eu tivesse conseguido entrar na China durante o chamado período do Bandos dos Quatro, acha que me teria sido possível fazer todas estas perguntas sem ser perseguido e preso?...

Era você...e eramos nós...

E ficámos todos a rir.

* Entrevista publicada no suplemento "Sete Dias", do extinto jornal "O Dia".

domingo, 2 de maio de 2010

China 1980-Curta metragem a preto e branco (III) *

Para minha Mãe, que repetiu enquanto pôde, que um dia, no Jardim, se sentou a seu lado um senhor bem posto que, a certa altura, lhe disse  já ter lido um livro meu...






Saudades, minha Mãe!











"Apaguem as luzes" . Parte III


Quem é buda?


Um deus.


Segundo a Constituição, há liberdade religiosa.


Sociedade sem classes. E as diferenças físicas e de inteligência?


Todos são iguais em relação ao direito político, mas no que respeita à inteligência haverá sempre diferenças inevitáveis...


Quem é que pertence ao PC?


Duas em cada dez pessoas.


O nivel geral da China é mais ou menos o que se vê nestas zonas de Heong Chao e Seak Kei, a sessenta quilómetros de Macau?


É.


Quem manda?


Dá a entender que são os filiados do partido, mas não concretiza.


Há ricos?


Não. Rico é quem tem ventoinha, frigorífico, televisão...


E os membros do partido e do governo?


Têm mais, mas também gastam mais...


Há fome?


Ninguém passa fome!


Eu e o meu companheiro (interprete vindo de Macau) estamos vestidos de forma diferente um do outro. Vocês andam todos de igual...


O que interessa é o que está dentro do fato...


Qual a razão por que aparecem, de vez em quando, cadáveres humanos a boiar nestas águas que separam a República Popular da China do território de Macau?


São chineses que vão à procura de viver sem trabalhar.


Há quem viva sem fazer nada?


Não! Só não trabalham os jovens até aos 16 anos e os velhos que, aliás, são reformados.


Se se insultar o chefe pode ser-se despedido?


Ninguém é despedido, nem se despede.


Gosta deste carro?


É de luxo. Gostava de ter...


Há férias anuais?


Não.Salvo para casais separados trabalhando em locais diferentes e afastados. Têm doze dias.


Só para esses?


Os outros podem juntar os domingos...


Mas assim ninguém se pode deslocar mais de 100 ou duzentos quilómetros...


É verdade. A não ser em trabalho...


Natalidade. O que é que se passa?


O melhor é ter-se só um filho, no máximo dois. Mais de dois dá lugar a 10 por cento de desconto no salário.


O ensino é obrigatório?

Não. Mas nas aldeias e nas vilas a instrução primária está generalizada. E nas cidades o ensino secundário também.

Universidade mais próxima?

Em Cantão.

Reforma das pessoas, como é?

Professores e funcionários públicos: homens aos 60 anos e mulheres aos 55.
Trabalhadores em indústrias nocivas à saúde: homens aos 55 anos e mulheres aos 50. Não há descontos directos para o efeito e, em regra, recebe-se 70 por cento do salário normal. Mas se tiverem existido serviços distintos, podem atingir-se os 80 a 85 por cento.

* Entrevista publicada no suplemento "Sete Dias", do extinto jornal "O Dia" (cont.)

sábado, 1 de maio de 2010

China 1980-Curta metragem a preto e branco (II) *

"Apaguem" as luzes. Parte II

Acredita que dez biliões de pessoas pensem da mesma maneira?

Haverá diferenças mas têm que se subordinar à Constituição.

Há liberdade de imprensa?

Não. Não podemos criticar o governo.

E onde estão os jornais murais?

Deixaram de existir.

Quantos jornais há nesta região de um milhão de habitantes?

Cinco.

Acredita no comunismo como sistema do futuro?

As gerações vindouras responderão.

Mas admite que os EUA venham a ser comunistas?

Responde com um largo sorriso.

Porquê a aproximação com os EUA?

É um povo amigo e tecnicamente mais avançado.

Macau e Hong-Kong. Que pensa destas situações?

Admitimos que a sua existência pode contribuir para as quatro modernizações da China: agricultura, indústria, ciência e técnica e defesa nacional.

Quando esperam ter atingido o termo dessas fases?

No fim do século. Estamos na da agricultura.

Como se explica o atraso visível num país com história milenária?

Muita população.

Retratos de Mao?...

Durante o tempo do Bando dos Quatro, Mao foi considerado um deus. Por essa razão, viam-se muitos retratos dele espalhados pela China. Agora isso mudou: pendurar o seu retrato é falta de respeito.

*Entrevista publicada no suplemento "Sete Dias", do extinto jornal "O Dia". Cont.

(dos Noticiários, hoje: "Durão Barroso pede à China que o acesso à INTERNET seja livre"

Álbum

"Ó gente forte e de altos pensamentos"