Nesta série de apontamentos a propósito de uma Volta ao Mundo (em ... 90 dias), é hoje a vez de aqui deixar, com parcimónia NETiana, um "testemunho" que, não sintetizando nada, me empurra para a exclusividade que lhe dou, fazendo, do mesmo passo, digo eu, apelo à leitura atenta de uma frase de Almada Negreiros, que também lembro...
Vamos à transcrição da prosa:
"EXIJO!"
"O ensino da língua portuguesa é peça vital da nossa estrutura de acompanhamento dos filhos dos emigrantes. Daí o interesse em ouvir um dos professores que, na Alemanha, o ministram às nossas crianças.
Para o efeito, contactei a Embaixada de Portugal em Bona e, em poucas horas, estava à fala com uma professora portuguesa de Dusseldorf, cidade de que, por ser um centro de maior concentração de compatriotas nossos naquele país, fizera o meu quartel-general para a colheita de elementos.
Assim, no mesmo dia em que, pessoalmente, dera conta, na nossa representação na capital da R.F.A.,do meu interesse, recebi no hotel o telefonema da professora, entretanto contactada pela embaixada portuguesa para o fim em vista. E logo se combinou que me deslocaria, por interesse recíproco de horários, à escola onde a professora leccionava as crianças portuguesas, aproveitando um intervalo das aulas, por volta das onze da manhã.
Chegado à escola, procurei de imediato a professora e tudo parecia ir decorrer com naturalidade. Porém, quando estavamos a combinar a sala em que o trabalho se efectuaria, entrou de repente a respectiva directora (que mais parecia um homem de saias...), que, desabridamente, quis saber o que se passava. Lá lho explicou a professora (que, aliás, é funcionária pública portuguesa, subsidiada pelas autoridades alemãs) sem, contudo, ter conseguido fazer acreditar a directora da impossibilidade de o ter feito mais cedo... Tudo "esclarecido", porém, foi posta à nossa disposição uma pequena sala e...e a entrevista iniciou-se...
Decorria a gravação há já uns minutos quando a srª directora do colégio volta a aparecer para, com um olhar desvairado, nos comunicar:
- "Stop", não continuem!... Acabo de falar, pelo telefone, com o director-geral da região que exige a presença desse senhor junto dele!... Só posso consentir a entrevista com uma autorização escrita.
Telefonei, de imediato, para o Consulado de Portugal a relatar o incidente a que, naturalmente, era alheio e, tudo esclarecido, saí...
"- Boa tarde, senhora directora. Agradeço que diga ao senhor director-geral que tinha muito prazer em falar com ele...mas, mas... tenho de partir hoje da Alemanha..."
A entrevista, entretanto, completou-se mais tarde no consulado português. E eu vim para Lisboa no dia seguinte, pensando no quanto deve ser, de facto, difícil a adaptação dos portugueses aos que se fazem respeitar - EXIGINDO."
Geneticamente, que eu saiba, português não é assim, noto agora... A verdade é que, acrescente-se, "naquele tempo", não estavámos, formalmente, na mesma secretaria europeia... E, a meu ver, a Alemanha tinha ainda tiques de que a "outra" Europa não gostava...
sexta-feira, 30 de abril de 2010
BOSTA
Popular: "...mas lembrando-se da esmerada educação que recebera na Suiça, disse porra não, chiça!..."
"Temos o sossego interior e temos a paz no estrangeiro; gozamos da liberdade política e da liberdade individual, e não obstante no País todo há um surdo descontentamento geral."
"( ... ) Está provado que pelo regime em que vivemos a dívida pública duplica invariavelmente de 15 em 15 anos. Portugal deve 54 mil contos mais do que devem, reunidos, todos os demais pequenos países da Europa - a Bélgica, a Suíça, a Dinamarca, a Grécia e a Noruega."
"( ... ) se em vez de grande dispêndio de prosa, Sua Majestade houvesse dito simplesmente: "Dignos pares e senhores deputados da nação portuguesa. Com o novo ano, que hoje começa, acho-me resolvido a começar nova vida. Tenho, portanto, a dizer-vos que, sendo a receita de Portugal de 26 193 contos de réis, uma parte desta soma será destinada a pagar os juros da dívida e a parte restante a satisfazer os encargos do Estado. Se estes encargos forem superiores aos rendimentos, o Estado que reduza os seus compromissos.Todo o ministro que, sob qualquer pretexto que seja, despender mais do que aquilo que o País possui será entregue aos tribunais como troca-tintas e ladrão. ( ... ) Está aberta a sessão."
in "As Farpas", de Ramalho Ortigão
"Temos o sossego interior e temos a paz no estrangeiro; gozamos da liberdade política e da liberdade individual, e não obstante no País todo há um surdo descontentamento geral."
"( ... ) Está provado que pelo regime em que vivemos a dívida pública duplica invariavelmente de 15 em 15 anos. Portugal deve 54 mil contos mais do que devem, reunidos, todos os demais pequenos países da Europa - a Bélgica, a Suíça, a Dinamarca, a Grécia e a Noruega."
"( ... ) se em vez de grande dispêndio de prosa, Sua Majestade houvesse dito simplesmente: "Dignos pares e senhores deputados da nação portuguesa. Com o novo ano, que hoje começa, acho-me resolvido a começar nova vida. Tenho, portanto, a dizer-vos que, sendo a receita de Portugal de 26 193 contos de réis, uma parte desta soma será destinada a pagar os juros da dívida e a parte restante a satisfazer os encargos do Estado. Se estes encargos forem superiores aos rendimentos, o Estado que reduza os seus compromissos.Todo o ministro que, sob qualquer pretexto que seja, despender mais do que aquilo que o País possui será entregue aos tribunais como troca-tintas e ladrão. ( ... ) Está aberta a sessão."
in "As Farpas", de Ramalho Ortigão
quinta-feira, 29 de abril de 2010
China 1980-Curta metragem a preto e branco (I) *
"Sete horas na China. Na República Popular da China. A que foi de Mao e teve um Bando dos Quatro - mau, dizem eles agora. Uma China mais aberta. Comunista, sem dúvida, mas gostando muito de Hong-Kong e de Macau. E também do restante mundo ocidental a que dedica um amor discreto, mas de que os soviéticos não parecem gostar.
Sete horas em território chinês. Com entrada pela Porta do Cerco, em Macau. Sessenta quilómetros e cinco horas de perguntas - ao povo: um motorista de primeira classe (filiado no PC local), uma guia turística que não devia ter mais do que a instrução primária (não filiada) e um responsável por um museu que afirmou ter instrução que deve ser correspondente ao nosso antigo sétimo ano do liceu (inscrito no partido).
De qualquer modo, se, como dizem, o comunismo se caracteriza por uma certa preocupação de igualdade, não há dúvida de que posso dizer que "vi" a China toda e que falei com os seus dez biliões de habitantes. Ou melhor: dialoguei com dez biliões menos trinta por cento, que são os analfabetos com quem não tive tempo de contactar. Mais precisamente, também não fui à fala com os seus dirigentes pardidários, que devem ser muitos...
De todas as maneiras, ao trocar impressões com as "bases", julgo ter tido o direito de não excluir as cúpulas das minhas perguntas. Que foram tantas e tão variadas quanto possível. E sem obediência a qualquer esquema prévio que não fosse o desejo de um esclarecimento amplo, que terminou com um abraço ao responsável pelo museu.
- Abracei o homem, não o comunista!...
Riu.
E - quase sem comentários - aí vão as perguntas e as respostas obtidas dos três elementos do povo que comigo conviveram desde as oito e meia da manhã até às três e meia da tarde de um dia nublado, algures na China.
- Comunismo chinês, comunismo soviético. Dois comunismos?
- Não é comunista quem invade outro país...
- Gostaria de ser rica?...
- Gostaria... mas não tenho coragem de pensar nisso...
- Barracas à beira do rio e mais além casas de bom aspecto exterior. Que dizem os das primeiras dos das segundas?
Assinatura adiante, em caracteres chineses, segundo um amável local.
Sete horas em território chinês. Com entrada pela Porta do Cerco, em Macau. Sessenta quilómetros e cinco horas de perguntas - ao povo: um motorista de primeira classe (filiado no PC local), uma guia turística que não devia ter mais do que a instrução primária (não filiada) e um responsável por um museu que afirmou ter instrução que deve ser correspondente ao nosso antigo sétimo ano do liceu (inscrito no partido).
De qualquer modo, se, como dizem, o comunismo se caracteriza por uma certa preocupação de igualdade, não há dúvida de que posso dizer que "vi" a China toda e que falei com os seus dez biliões de habitantes. Ou melhor: dialoguei com dez biliões menos trinta por cento, que são os analfabetos com quem não tive tempo de contactar. Mais precisamente, também não fui à fala com os seus dirigentes pardidários, que devem ser muitos...
De todas as maneiras, ao trocar impressões com as "bases", julgo ter tido o direito de não excluir as cúpulas das minhas perguntas. Que foram tantas e tão variadas quanto possível. E sem obediência a qualquer esquema prévio que não fosse o desejo de um esclarecimento amplo, que terminou com um abraço ao responsável pelo museu.
- Abracei o homem, não o comunista!...
Riu.
E - quase sem comentários - aí vão as perguntas e as respostas obtidas dos três elementos do povo que comigo conviveram desde as oito e meia da manhã até às três e meia da tarde de um dia nublado, algures na China.
- Comunismo chinês, comunismo soviético. Dois comunismos?
- Não é comunista quem invade outro país...
- Gostaria de ser rica?...
- Gostaria... mas não tenho coragem de pensar nisso...
- Barracas à beira do rio e mais além casas de bom aspecto exterior. Que dizem os das primeiras dos das segundas?
(sujeito a eventuais interrupções, esta é uma entrevista a "quase 10 biliões de chineses" que irei recordando, agora via NET, nos próximos tempos...).
* Entrevista publicada no suplemento "Sete Dias", do extinto jornal "O Dia"(cont.)
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Volta ao Mundo em 90 dias - Japão *
"É Japão, onde nasce a prata fina..."
Ou lembrando diálogos?...
"- Sinto uma grande admiração pelos japoneses que proguidem mas não esquecem o que de bom têm as suas tradições... O japonês trabalha com o computador e extasia-se com as flores..."
"-Sim, é verdade, mas há muito de português nos nossos hábitos e maneira de ser..."
Cito-me (peço desculpa...):
"Tudo começa em 25 de Agosto de 1543. Os portugueses viajavam a caminho da China, mas "fustigados pelo mau tempo" vão parar a Tanegashima, no Japão, onde hoje a nossa memória está assinalada por cinco monumentos e um museu. Surge nessa altura a primeira arma de fogo no país do Sol Nascente e, a partir daí e durante largos anos, Portugal não mais deixa de fazer sentir a sua presença até 1630, data em que se verifica a expulsão definitiva dos portugueses, antecedida de massacres com origem em perseguições e na proibição do cristianismo.
Há, portanto, um longo período de interregno de que quase só Wenceslau de Morais, já muito próximo de nós, é excepção."
Entretanto, há palavras portuguesas que passaram a fazer parte do vocabulário japonês: banco, vidro tempero, pão e...e muitas mais. Já lá tivemos os nossos Francisco Xavier, Fernão Mendes Pinto, padre e médico Luís de Almeida...
E surge a pergunta: "será que Portugal, pioneiro nos Descobrimentos, ousado marinheiro nas Tormentas, se esqueceu do Oriente? A resposta, triste, a dar é a que parece: sim!"
Ou não?- pergunto eu, agora que estamos para cá do ano 2000. E deixo a resposta antiga do padre Jaime Coelho, que foi Leitor na Universidade da Sofia, em Tóquio: "Se Portugal produzir e tiver uma administração à maneira da Europa, for uma ponte eficiente de ligação com outros países não europeus e conservar a beleza da sua paisagem e do seu carácter - eu diria, do seu coração - então terá influência cada vez maior no Japão."
O que é que acha "disto" Senhor Presidente da República? Ou que é que pensa deste "desafio", Senhor Primeiro-Ministro?
Por aqui me fico. Não sei, neste meio provocador de resumos, actualizar melhor. Mas se, do que foi dito e escrito, está concretizado o essencial... tudo bem... Podem apagar as dúvidas. Caso contrário, fica aquele pedido quase idiota que aparece nos "mails" que nos enviam em nome de... : "lê e reencaminha para os teus amigos as boas sugestões que possas ter, se queres que não te lixem o juízo..."
É mais ou menos assim - em versão"light"...
* in "Os Portugueses no Mundo", de M.A.
Como é que, tendo estado no Japão no início de 1980, se sintetizam, hoje, na NET, as emoções então vividas no país do Sol Nascente?
Dissertando acerca do que foi dito, em Tóquio, durante o jantar com Mlle. Takano, em que se falou do Prof. Vitorino Nemésio, da existência de delegações da Sociedade Luso-Nipónica em várias cidades do Japão, de uma possível edição biligue de parte da obra de Eça de Queirós?
"- Sinto uma grande admiração pelos japoneses que proguidem mas não esquecem o que de bom têm as suas tradições... O japonês trabalha com o computador e extasia-se com as flores..."
"-Sim, é verdade, mas há muito de português nos nossos hábitos e maneira de ser..."
Cito-me (peço desculpa...):
"Tudo começa em 25 de Agosto de 1543. Os portugueses viajavam a caminho da China, mas "fustigados pelo mau tempo" vão parar a Tanegashima, no Japão, onde hoje a nossa memória está assinalada por cinco monumentos e um museu. Surge nessa altura a primeira arma de fogo no país do Sol Nascente e, a partir daí e durante largos anos, Portugal não mais deixa de fazer sentir a sua presença até 1630, data em que se verifica a expulsão definitiva dos portugueses, antecedida de massacres com origem em perseguições e na proibição do cristianismo.
Há, portanto, um longo período de interregno de que quase só Wenceslau de Morais, já muito próximo de nós, é excepção."
Entretanto, há palavras portuguesas que passaram a fazer parte do vocabulário japonês: banco, vidro tempero, pão e...e muitas mais. Já lá tivemos os nossos Francisco Xavier, Fernão Mendes Pinto, padre e médico Luís de Almeida...
E surge a pergunta: "será que Portugal, pioneiro nos Descobrimentos, ousado marinheiro nas Tormentas, se esqueceu do Oriente? A resposta, triste, a dar é a que parece: sim!"
Ou não?- pergunto eu, agora que estamos para cá do ano 2000. E deixo a resposta antiga do padre Jaime Coelho, que foi Leitor na Universidade da Sofia, em Tóquio: "Se Portugal produzir e tiver uma administração à maneira da Europa, for uma ponte eficiente de ligação com outros países não europeus e conservar a beleza da sua paisagem e do seu carácter - eu diria, do seu coração - então terá influência cada vez maior no Japão."
O que é que acha "disto" Senhor Presidente da República? Ou que é que pensa deste "desafio", Senhor Primeiro-Ministro?
Por aqui me fico. Não sei, neste meio provocador de resumos, actualizar melhor. Mas se, do que foi dito e escrito, está concretizado o essencial... tudo bem... Podem apagar as dúvidas. Caso contrário, fica aquele pedido quase idiota que aparece nos "mails" que nos enviam em nome de... : "lê e reencaminha para os teus amigos as boas sugestões que possas ter, se queres que não te lixem o juízo..."
É mais ou menos assim - em versão"light"...
* in "Os Portugueses no Mundo", de M.A.
terça-feira, 27 de abril de 2010
BOSTA
"Ora os economistas... Mas é melhor citar J.B. Say, considerado como um dos publicistas que melhor têm compreendido e estudado o imposto. Diz:
"Quando os povos não gozam das vantagens que o imposto deve proporcionar-lhes, quando o sacrifício a que os submeteram não é contrabalançado por vantagens supervenientes, dá-se a iniquidade. Se a importância do tributo lhes não ministra um benefício que tenha o valor do tributo comete-se um roubo."
in "As Farpas", de Ramalho Ortigão
"Quando os povos não gozam das vantagens que o imposto deve proporcionar-lhes, quando o sacrifício a que os submeteram não é contrabalançado por vantagens supervenientes, dá-se a iniquidade. Se a importância do tributo lhes não ministra um benefício que tenha o valor do tributo comete-se um roubo."
in "As Farpas", de Ramalho Ortigão
in CARTAS À MINHA NETA *
"Pode, deve um avô falar de sexo, ou melhor, de sexualidade feminina, à sua neta? Com eventual introdução de metáforas... Utilizando esta via ou outra...
Pode. Claro que pode. Mas não é assim sem mais nem menos... Talvez começando por... Nada disso: falemos, por exemplo, do uso (não te rias...) de brincos e nos cuidados que há que ter... ao furar as orelhas: os perigos de infecção, a irreversível novidade criada, uma certa violência sobre o corpo... Sem esquecer, é evidente, que essa afirmação de vontade é apenas uma gracinha para animar o espelho que... Mesmo que... Estava a lembrar-me dos "graffitis" que, dizem os autores quando admoestados, só "dão pica" se forem clandestinos... Não. Com as orelhas é diferente: o próprio não tem outras... Apesar da quase inocência do querer, confesso que não lhe vejo um bilhete de identidade que responsabilize, nem grandes preocupações imediatas ou a prazo... Nada... Não. Pode ser giro e, na idade apropriada, dar um toque... Sim!
Já os "piercings", bom, os "piercings", sobretudo, no umbigo, na língua... - mas os outros também são um pouco canibalescos...
Voltaremos ao assunto."
* a publicar ("Cartas do meu avô") quando houver um editor que não esteja falido e tenha netos. Bom dia, Facebook!
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Volta ao Mundo em 90 dias - Zaire *
Com os naturais cortes (estamos na NET...), "uma certa actualidade" do que, em Novembro de 1980, foi a "visita de médico" (anos depois, quase sem pressas ... repetida) a Kinshasa. Descontem-se-lhe, mesmo assim, alguns laivos de entusiasmo e...
"Não é a dimensão das comunidades que define a sua qualidade, como é óbvio. Os portugueses, muitos ou poucos, têm de comum tudo o que de bom e de mau os particulariza. Sem que as estatísticas existentes ajudem, admite-se que existam no Zaire cerca de seis mil compatriotas nossos. Gente que, fundamentalmente, se dedica ao comércio e que, de uma maneira geral, vive com desafogo, embora, sempre trabalhando "no duro". Uma vez mais, porém, há os outros (os belgas, os franceses e o branco, que é, na fala local, uma maneira simpática de nos denominar.
Uma viagem à volta do mundo para, quase em jeito de amostragem (a ida a todas as comunidades talvez levasse anos...), falar da presença dos portugueses é assim uma emoção indescritível, dando-nos bem a ideia - já o disse noutra oportunidade - de como "a obra é grande e o homem é pequeno".
Relatar, por isso, a forma como um simples representante de um jornal português foi recebido em Kinshasa, se é motivo de orgulho, é também tarefa extremamente difícil.
Desde logo, para resolver os eventuais problemas da chegada, tinha no aeroporto o Victor Antunes, eficiente e atencioso funcionário da embaixada de Portugal na capital zairense - e que útil ele foi!... Depois, do aeroporto N'Djili à cidade (cerca de vinte e cinco quilómetros), comecei a perceber as atenções que me estavam reservadas. Para começar, a marcação de hotel, que havia feito à partida de Lisboa, seria anulada: um português de Lei - Jaime Viana ( a minha homenagem, hoje póstuma, querido Amigo!) - tinha tudo preparado para me receber em sua própria casa. Inclusivamente, pensando-me com estada mais prolongada do que a que acabei por ter que ter, o nosso compatriota mandara arranjar um "stúdio" destinado a ser meu "quartel-general", onde não faltaria a máquina de escrever para trabalhar.
Portanto, qual hotel, nem meio hotel: em casa de uma família portuguesa, isso sim. Primeiro ponto.
A seguir - Embaixada. Recebido de imediato pelo nosso representante no país, Dr. António Baptista Martins, prosseguiram as emoções. Falámos, como era inevitável, de Portugal e dos portugueses com aquele entusiasmo (que me desculpem os aqui residentes...) de quem está fora do espaço físico lusitano. E chegou o primeiro convidado, Dr. António José Nogueira, que se juntou assim a um dos secretários da Embaixada, Dr. Fernando Ramos Machado, que, antes, aparecera no convívio.(...) Falava-se Portugal.
(...) "- E Goa, como encontrou Goa? E Macau? Olhe, como é que vão as coisas por Lisboa?..."
(...) Estivemos em Marvão e em Angola, Campo Maior e Goa. Em Portalegre e no Japão.
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
(...) Caminhava para a uma hora da madrugada quando Jaime Viana, desejoso de me dar uma visão do meio tão completa quanto o tempo de que dispunhamos permitia, destravou o seu carro em direcção ao casino da cidade para aí vermos como brancos e negros se não distinguem na ânsia da vitória ao jogo, a que também não faltam as senhoras de cor com os seus penteados em forma de antena colectiva de televisão - com UHF e VHF...
Dir-se-ia que o serão estava terminado quando o meu cicerone e amigo Viana se lembra de visitar a "boite" "Le Chateau" onde, sem distinção de raças, se "rebolava o caneco" em frenética agitação ocidentalizada. Eram três da manhã. O avião para Dakar, meu destino seguinte, partia às oito. Contudo, ainda se arranjou folgo para ir para casa conversar da minha volta ao mundo (...)
- Como é tudo isso possível?- perguntarão alguns estrangeiros.
"Não é a dimensão das comunidades que define a sua qualidade, como é óbvio. Os portugueses, muitos ou poucos, têm de comum tudo o que de bom e de mau os particulariza. Sem que as estatísticas existentes ajudem, admite-se que existam no Zaire cerca de seis mil compatriotas nossos. Gente que, fundamentalmente, se dedica ao comércio e que, de uma maneira geral, vive com desafogo, embora, sempre trabalhando "no duro". Uma vez mais, porém, há os outros (os belgas, os franceses e o branco, que é, na fala local, uma maneira simpática de nos denominar.
Uma viagem à volta do mundo para, quase em jeito de amostragem (a ida a todas as comunidades talvez levasse anos...), falar da presença dos portugueses é assim uma emoção indescritível, dando-nos bem a ideia - já o disse noutra oportunidade - de como "a obra é grande e o homem é pequeno".
Relatar, por isso, a forma como um simples representante de um jornal português foi recebido em Kinshasa, se é motivo de orgulho, é também tarefa extremamente difícil.
Desde logo, para resolver os eventuais problemas da chegada, tinha no aeroporto o Victor Antunes, eficiente e atencioso funcionário da embaixada de Portugal na capital zairense - e que útil ele foi!... Depois, do aeroporto N'Djili à cidade (cerca de vinte e cinco quilómetros), comecei a perceber as atenções que me estavam reservadas. Para começar, a marcação de hotel, que havia feito à partida de Lisboa, seria anulada: um português de Lei - Jaime Viana ( a minha homenagem, hoje póstuma, querido Amigo!) - tinha tudo preparado para me receber em sua própria casa. Inclusivamente, pensando-me com estada mais prolongada do que a que acabei por ter que ter, o nosso compatriota mandara arranjar um "stúdio" destinado a ser meu "quartel-general", onde não faltaria a máquina de escrever para trabalhar.
Portanto, qual hotel, nem meio hotel: em casa de uma família portuguesa, isso sim. Primeiro ponto.
A seguir - Embaixada. Recebido de imediato pelo nosso representante no país, Dr. António Baptista Martins, prosseguiram as emoções. Falámos, como era inevitável, de Portugal e dos portugueses com aquele entusiasmo (que me desculpem os aqui residentes...) de quem está fora do espaço físico lusitano. E chegou o primeiro convidado, Dr. António José Nogueira, que se juntou assim a um dos secretários da Embaixada, Dr. Fernando Ramos Machado, que, antes, aparecera no convívio.(...) Falava-se Portugal.
(...) "- E Goa, como encontrou Goa? E Macau? Olhe, como é que vão as coisas por Lisboa?..."
(...) Estivemos em Marvão e em Angola, Campo Maior e Goa. Em Portalegre e no Japão.
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
(...) Caminhava para a uma hora da madrugada quando Jaime Viana, desejoso de me dar uma visão do meio tão completa quanto o tempo de que dispunhamos permitia, destravou o seu carro em direcção ao casino da cidade para aí vermos como brancos e negros se não distinguem na ânsia da vitória ao jogo, a que também não faltam as senhoras de cor com os seus penteados em forma de antena colectiva de televisão - com UHF e VHF...
Dir-se-ia que o serão estava terminado quando o meu cicerone e amigo Viana se lembra de visitar a "boite" "Le Chateau" onde, sem distinção de raças, se "rebolava o caneco" em frenética agitação ocidentalizada. Eram três da manhã. O avião para Dakar, meu destino seguinte, partia às oito. Contudo, ainda se arranjou folgo para ir para casa conversar da minha volta ao mundo (...)
- Como é tudo isso possível?- perguntarão alguns estrangeiros.
Como referi anteriormente, voltei ao Zaire, da minha emoção, anos depois. Não foi fácil o visto, mas os de Mobutu lá mo acabaram por dar quando, em Lisboa, faltavam ... duas horas para apanhar o avião, ao encontro do luso entusiasmo que já tivera oportunidade de conhecer.
* Actual República Democrática do Congo.In "Os Portugueses no Mundo", de M.A.
domingo, 25 de abril de 2010
Terreiro do Passo *
"Convocam-se plenários. Discute-se. Ouve-se o que se gosta e o que se não gosta. Cochicha-se. Sai-se. Entra-se de novo. Segreda-se ao ouvido da presidência. Volta-se. Nomeiam-se comissões. Que discutem. Que cochicham.Que segredam. Que nomeiam subcomissões. Subcomissões que procuram obter pareceres técnicos, primeiro nacionais e depois internacionais.
Chovem relatórios. Despachos que despacham. Despachos que mandam arquivar. Despachos que ordenam. Ordenam mais pareceres de novas subcomissões. Que reúnem. Amanhã e quinze dias depois. Para dar tempo. Tempo a um estudo mais profundo. Sempre mais profundo.
O assunto tem várias implicações não só políticas como económicas e sociais.É preciso ouvir, por isso, diversos ministérios. Que reunirão em plenário. Onde se ouvirão coisas agradáveis e outras que o não serão. Onde se cochichará. E se nomearão comissões que, por sua vez, delegarão em subcomissões que farão mesas redondas entre si. E, mais tarde, trabalharão em equipa que, inicialmente, não será interministerial.
Mas virá uma ordem. UMA ORDEM. Há que reunir interministerialmente.
Minutam-se cartas. Fazem-se horas extraordinárias. Correm os contínuos. Preparam-se "dossiers". Procuram-se antecedentes. Descobrem-se falhas. Procede-se a uma reconstiuição. Telefona-se para a 1ª Repartição. Almoça-se com o chefe da 2ª. Em segredo. Prepara-se tudo para a interministerial. Obtêm-se os dos outros participantes. Informa-se o director que nada sabia. E logo a seguir chama-se a secretária - e o contínuo ao mesmo tempo. Ouvem-se ordens. Tocam telefones. Fazem-se reuniões. Interministeriais. Ministeriais. Plenárias. Especializadas. Discute-se. Segreda-se. Cochicha-se. E dactilografam-se relatórios. Consulta-se bibliografia. Fazem-se traduções. Pedem-se orçamentos. Cá dentro. E lá fora - só para confirmação.
Fazem-se contas. Abrem-se cartas. Reunem-se as subcomissões. E as comissões. Convocam-se plenários. Demitem-se comissões. Erguem-se braços. Baixam-se braços. Cochicha-se. Sai-se. Entra-se de novo. A mesa é afastada com um voto de censura. Volta a votar-se. Por escrutínio secreto agora. Surgem novas caras na mesa. Votam-se novas comissões. E novas subcomissões. Consultam-se "dossiers". Fazem-se sindicâncias. Estudam-se reintegrações. Procede-se a um inquérito. Fala-se em saneamentos. Elaboram-se processos disciplinares. Discute-se futebol. E o tamanho do entremeio da colcha. Chama-se o contínuo. Compra-se contrabando e envia-se um parecer. Para juntar ao relatório. Que anula o da comissão, que mandara a subcomissão ouvir o parecer do técnico estrangeiro por intermédio do especialista nacional do outro ministério e que haveria de ser apensado aos orçamentos em tempos pedidos, mas que carecem de actualização.
Pedem-se novas propostas. Ouve-se a opinião pública. Solicitam-se entrevistas. Convoca-se a imprensa. A rádio. A televisão. Dá-se um prazo para sugestões.
Reunem-se as comissões centrais. As distritais. As concelhias. As de freguesia. As de bairro. Que, por sua vez, emitem comunicados. Fazem reuniões. Comícios. Fala-se do assunto cinco minutos e a assembleia demora noventa. E aprova a proposta do senhor que estava na primeira fila. Por aclamação.
Conhecem-se todas as opiniões. As das bases, das semicúpulas e das cúpulas. Está decidido: será cor-de-rosa, por fora!
Quanto ao interior, ver-se-á mais tarde. Talvez museu. Louvre - à portuguesa.
A fachada, contudo, já está. Do Terreiro do Paço. E não só...
Por exclamação."
* Este apontamento foi publicado em 1976 (sob o título "À portuguesa", primeiro na imprensa e, mais tarde, em "À Sombra da Minha Latada", de M.A.) quando o problema do Terreiro do Paço era a cor das fachadas.
Nos últimos tempos, o caso não tem sido o mesmo... E vai terminar com missa. Haja Deus!...
sábado, 24 de abril de 2010
Volta ao Mundo em 90 dias - EUA
"No Japão, por exemplo, português é estrangeiro. De facto. Para todos os efeitos. Quando chega e sempre. Nos Estados Unidos da América é só quando chega (agora, depois do 11 de Setembro, do Bin Laden, da bronca nas finanças no país e no mundo ... não sei ...). Depois, pouco a pouco, faz-se cidadão americano, desde que tenha entrado no país ao abrigo das leis de imigração. A América do Norte é assim uma manta de retalhos - de boa qualidade, acrescente-se, em que vivem gentes de todas as raças e etnias, numa fraterna convivência. Americanos de gema só os peles vermelhas. O resto, são descendentes de irlandeses, italianos, judeus, porto-riquenhos, polacos, gregos, portugueses, espanhóis, brasileiros, eu sei lá...
A verdade é que o respeito pela cultura de cada origem é assegurada nos EUA que, aliás, fazem disso ponto de honra. Parece-me, afinal de contas, a única atitude inteligente possível num país jovem e com enormes potencialidades naturais que só com peles vermelhas, decerto, não resolveria nem o seu problema, nem o que dele espera a humanidade.
(...) Surge, de vez em quando, apesar de tudo, o engodo desmedido pelo dólar(*) e a vida torna-se, assim, menos bela, mais interesseira, algo desagradável. Os que reagem, contudo, a este estado de coisas, fazem-no, não raro, sem conta, peso e medida e surgem, deste modo, aqui e além, os americanos marginais, ou simples rebeldes, descontentes uns, vivendo à sombra da sociedade outros. Há ainda os que, fartos da abundância, procuram na droga a nova "emoção" que o comum dos mortais não tem."
Pois é!... 30 anos depois do que escrevi em "O Dia", é o que se sabe... "O engodo desmedido pelo dólar" fez o seu caminho...
Disse. Estes apontamentos sobre 90 dias inesquecíveis não são, entretanto, mais do que pretextos para reflexão...(se é que o M.A. e a NET - das pressas - proporcionam reflexões...). Mas como foram escritos sem censuras, de vez em quando, podem revelar actualidade... Digo eu, que sou suspeito.
* in Os Portugueses no Mundo, de M.A.
A verdade é que o respeito pela cultura de cada origem é assegurada nos EUA que, aliás, fazem disso ponto de honra. Parece-me, afinal de contas, a única atitude inteligente possível num país jovem e com enormes potencialidades naturais que só com peles vermelhas, decerto, não resolveria nem o seu problema, nem o que dele espera a humanidade.
(...) Surge, de vez em quando, apesar de tudo, o engodo desmedido pelo dólar(*) e a vida torna-se, assim, menos bela, mais interesseira, algo desagradável. Os que reagem, contudo, a este estado de coisas, fazem-no, não raro, sem conta, peso e medida e surgem, deste modo, aqui e além, os americanos marginais, ou simples rebeldes, descontentes uns, vivendo à sombra da sociedade outros. Há ainda os que, fartos da abundância, procuram na droga a nova "emoção" que o comum dos mortais não tem."
Pois é!... 30 anos depois do que escrevi em "O Dia", é o que se sabe... "O engodo desmedido pelo dólar" fez o seu caminho...
Disse. Estes apontamentos sobre 90 dias inesquecíveis não são, entretanto, mais do que pretextos para reflexão...(se é que o M.A. e a NET - das pressas - proporcionam reflexões...). Mas como foram escritos sem censuras, de vez em quando, podem revelar actualidade... Digo eu, que sou suspeito.
* in Os Portugueses no Mundo, de M.A.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Actualidade 3 *
Mário Soares à Antena Um:
1. "Os políticos não são todos ladrões."
2. "Os políticos não são todos ladrões."
3. "Os políticos não são todos ladrões."
* Leia em voz alta todas as palavras com a mesma energia - mas,
por exemplo, a três ou mais vozes.
1. "Os políticos não são todos ladrões."
2. "Os políticos não são todos ladrões."
3. "Os políticos não são todos ladrões."
* Leia em voz alta todas as palavras com a mesma energia - mas,
por exemplo, a três ou mais vozes.
Dia do Livro
DIÁRIO
"Toda a semana me apeteceu gostar da Vida,
Por causa deste dia, que sonhei
Tão grande como o Dia do Juízo...
"Toda a semana me apeteceu gostar da Vida,
Por causa deste dia, que sonhei
Tão grande como o Dia do Juízo...
Afinal, anoiteceu,
E o meu pobre coração
Trabalha como nos dias
Em que nada aconteceu.
Ora isto vem de tão longe,
É já tão velho e revelho
Adormecer como um justo
E acordar roubado e morto;
É tão natural em mim
A ânsia ser um aborto
Ao fim
Dos nove meses do prazo,
Que era lógico e seguro
Ouvir cantar as sereias
Sem fazer caso...
Ah! mas isso é que não! Ninguém se iluda!
Ninguém pense que vou desanimar!
Não, senhor:
A Sagrada Teologia
Previu isto e muito mais...
Deus lá sabe
As linhas com que me cose...
Deus lá sabe
Se para meu sumo bem
Terá de aumentar a dose..."
in Antologia Poética, de Miguel Torga
BOSTA
1. "De quando em quando há um relâmpago de júbilo, porque parece por um momento que o alforje do deficit está vazio, isto é, que está sem vácuo dentro: é a dívida, que se achava em estado de flutuação no saco da frente, que passou no estado de consolidação para o saco de trás."
2. "Para cada um desses (...) Governos sucessivamente encarregados de trazerem o deficit ao regaço da representação nacional, o Governo que imediatamente o precedeu nesse mesmo encargo é o último dos imbecis."
in As Farpas, de Ramalho Ortigão
quinta-feira, 22 de abril de 2010
"Arte PARTILHADA" (?), na S.N.B.A.
Desde o final do mês passado que, em Lisboa, nas renovadas instalações da Sociedade Nacional de Belas-Artes (SNBA) está aberta ao público (de borla...) a exposição de 74 obras de pintura de "abstraccionismo português e estrangeiro", seleccionadas da colecção de arte do Millennium BCP.
Entre outros (não me apetece a ordem alfabética...), podem ver-se nesta mostra obras de Vieira da Silva (cujos trabalhos ocupam a parte central da exposição), Paula Rego, Júlio Pomar, Mário Cesariny, Nadir Afonso, Nikias Skapinakis, Júlio Resende, Eduardo Nery, Artur Bual, Manuel Cargaleiro, Menez, Tom, Ângelo de Sousa, entre muitos outros igualmente ilustres (acrescento eu para evitar melindres...).
A exposição chama-se "Arte PARTILHADA (...)". Na NET, até este momento, teve "177 leitores", interessados ou não, e, ontem à tarde, durante quase uma hora, fui o seu único visitante... O que me leva a agradecer, muito mais vivamente, a "PARTILHA" que, SE era com os "espectadores", a SNBA acabou por fazer comigo de tão valioso património da colecção de arte de um banco, em que nem sequer tenho conta.
É tudo. Gostei. Muito! Dos "abstractos" expostos. Embora não tenha percebido bem a história da partilha... Afinal, Arte é o quê? Não é sempre partilha?...Ou é coisa entre amigos do "elogio mútuo"? Ou, no fundo, apenas dos que, entre si, se amam com os dentes?...
Entre outros (não me apetece a ordem alfabética...), podem ver-se nesta mostra obras de Vieira da Silva (cujos trabalhos ocupam a parte central da exposição), Paula Rego, Júlio Pomar, Mário Cesariny, Nadir Afonso, Nikias Skapinakis, Júlio Resende, Eduardo Nery, Artur Bual, Manuel Cargaleiro, Menez, Tom, Ângelo de Sousa, entre muitos outros igualmente ilustres (acrescento eu para evitar melindres...).
A exposição chama-se "Arte PARTILHADA (...)". Na NET, até este momento, teve "177 leitores", interessados ou não, e, ontem à tarde, durante quase uma hora, fui o seu único visitante... O que me leva a agradecer, muito mais vivamente, a "PARTILHA" que, SE era com os "espectadores", a SNBA acabou por fazer comigo de tão valioso património da colecção de arte de um banco, em que nem sequer tenho conta.
É tudo. Gostei. Muito! Dos "abstractos" expostos. Embora não tenha percebido bem a história da partilha... Afinal, Arte é o quê? Não é sempre partilha?...Ou é coisa entre amigos do "elogio mútuo"? Ou, no fundo, apenas dos que, entre si, se amam com os dentes?...
Volta ao Mundo em 90 dias - Brasil
Faz hoje anos que se deu o achamento do Brasil (22 de Abril de 1500), depois...depois de: "terça-feira das Oitavas da Páscoa, que foram vinte e um dias de Abril, topamos alguns sinais de terra, estando distantes da dita ilha, segundo diziam os pilotos, obra de 600 ou 670 léguas... E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves que chamam "fura-buxos". Nesse mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra!"
"...Primeiramente...um grande monte, mui alto e redondo...ao qual monte alto o capitão pôs nome O Monte Pascal e à terra A Terra de Vera Cruz", que "é de muito bons ares..."
Salto, quiçá, abruptamente, que os internautas são de leituras rápidas, para o apontamento que escrevi numa edição especial de O DIA, em 5 de Setembro de 1980:
"(...) Não sou de intrigas. Nesta coisa de rivalidades, tipo Lisboa-Porto, o melhor é não fazer juízos precipitados, tanto mais que o que me apetece salientar é que não é S. Paulo que trabalha: o dinâmico da questão não é este ou aquele senhor ou grupo de senhores, mas o Brasil. Força tem o país, ele próprio. Quem empurra não são as pessoas, é a terra, que é rica e imparável. Não tenho a certeza de que os brasileiros são diligentes. Ao invés, o que sinto é que o meio é que o obriga a andar para a frente."
Actualizando o discurso, o que me apetece dizer AGORA ao Brasil é semelhante ao escrito em 1980: a terra é quem mais ordena. Basta um bom olheiro para tudo andar... Assim vistas as coisas, afinal quem é Lula, em termos académicos? Talvez o menos...de sempre... Só que...
E mais não escrevo hoje acerca desta "estada" no Brasil. Brasil que, em regra, é pretexto para rasgados elogios aos contemporâneos portugueses. Que seja, caramba! Mas o que eu queria era vê-los (agora) aqui, onde a terra não é (não é ) graciosa... E o samba é fado...
Livro de consulta: "Os Portugueses no Mundo", de M.A.
"...Primeiramente...um grande monte, mui alto e redondo...ao qual monte alto o capitão pôs nome O Monte Pascal e à terra A Terra de Vera Cruz", que "é de muito bons ares..."
Salto, quiçá, abruptamente, que os internautas são de leituras rápidas, para o apontamento que escrevi numa edição especial de O DIA, em 5 de Setembro de 1980:
"(...) Não sou de intrigas. Nesta coisa de rivalidades, tipo Lisboa-Porto, o melhor é não fazer juízos precipitados, tanto mais que o que me apetece salientar é que não é S. Paulo que trabalha: o dinâmico da questão não é este ou aquele senhor ou grupo de senhores, mas o Brasil. Força tem o país, ele próprio. Quem empurra não são as pessoas, é a terra, que é rica e imparável. Não tenho a certeza de que os brasileiros são diligentes. Ao invés, o que sinto é que o meio é que o obriga a andar para a frente."
Actualizando o discurso, o que me apetece dizer AGORA ao Brasil é semelhante ao escrito em 1980: a terra é quem mais ordena. Basta um bom olheiro para tudo andar... Assim vistas as coisas, afinal quem é Lula, em termos académicos? Talvez o menos...de sempre... Só que...
E mais não escrevo hoje acerca desta "estada" no Brasil. Brasil que, em regra, é pretexto para rasgados elogios aos contemporâneos portugueses. Que seja, caramba! Mas o que eu queria era vê-los (agora) aqui, onde a terra não é (não é ) graciosa... E o samba é fado...
Livro de consulta: "Os Portugueses no Mundo", de M.A.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
BOSTA
1. "O Estado não é mais do que uma ficção através da qual toda a gente se esforça por viver à custa de toda a gente."
2. "E o comandante da companhia dos vivas, incumbido, mediante a espórtula de 3$200 réis e jantar, de fazer de Povo nos dias de gala, havia terminado os seus trabalhos; o Rei, com a sua natural afabilidade, havia-lhe dito, comovido, batendo-lhe no ombro e metendo-lhe nas mãos os 3$200 - Obrigado, meu Povo! - e ele, com o vozeirão restaurado por duas gemadas, partira à pressa para ir levantar os vivas à República numa manifestação de província para que estava escriturado."
in "As Farpas", de Ramalho Ortigão
Volta ao Mundo em 90 dias - África do Sul
Reporta-se o brevíssimo apontamento de hoje (como os demais, sob este título genérico) a um dos destinos (África do Sul) de uma Volta ao Mundo (de facto, em 90 dias), concretizada pelo signatário em 1980 e descrita no livro "Os Portugueses no Mundo", a que me tenho vindo a referir.
Palavras do, então, embaixador da África do Sul em Portugal:
os portugueses "espalharam-se pelo mundo fora, enriquecendo as sociedades onde criaram raízes, com a sua própria cultura, língua e o seu modo de viver e contribuindo ainda, com o seu esforço, para o desenvolvimento desses países, onde são olhados com apreço pelas suas qualidades de trabalho e respeito pelas leis (...)."
"Senhor, falta cumprir-se Portugal."
Joe Berardo:
"Acredito que Porto Santo tenha grandes possibilidades de petróleo bruto (...). Se ninguém faz a exploração, ninguém sabe se tem ou não..."
Senhor Berardo, falta investigar...
"Senhor Dr., falta cumprir..."
Falta-nos, quase sempre, qualquer coisa, como se deduz da amostragem acima... Que chatice!...
in CARTAS À MINHA NETA *
Escrito ao espelho.
Ver (-se)
Compreender (-se)
Estudar (-se)
Aceitar (-se)
Respeitar (-se)
Trabalhar (-se)
Ganhar (-se)
Defender (-se)
Divertir (-se)
Amar (-se)
... ... ... ... ... ...
M.A.
* a publicar ("Cartas do meu avô") quando houver um editor que não esteja falido e tenha netos. Bom dia, Facebook!
terça-feira, 20 de abril de 2010
BOSTA
"Imaginem meia dúzia de almocreves sequiosos que acham na estrada um pipo de vinho. Como nenhum deles tem mais direito que outros a beber do pipo, combina-se que cada um ponha a boca ao espicho e beba enquanto os pontapés dos outros o não contundirem até ao ponto de o obrigar a largar as mãos da vasilha para as apertar na parte ferida pelos golpes aplicados pela companhia.
É exactamente o que há muito tempo tem sido feito pelos partidos portugueses com relação ao usufruto do poder que eles acharam na estrada, perdido."
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Pulo do Lobo, enquanto parlamento
De repente, no Parque Natural do Guadiana, um letreiro tímido indica-nos Pulo do Lobo. E começa, no meio da caça que foge, a aventura da humana vontade de conhecer, em cima de um qualquer caixote sobre rodas, sujo de pó, desengonçado por curvas e caminhos que arrepiam...
Mas eis que, finalmente, chegados ao balcão do circo em que se adivinha a luta, é o Guadiana, desde sempre quase estrangulado, que não compreendendo obstáculos, se lança na luta milenar a que foi sujeito, na boa fé dos seus desígnios de irrigação.
E vale a pena ouvir-lhes, e sentir-lhes, o combate: há no rosto das pedras marcas de uma luta sem desistências, mas gloriosa... Afinal, o triunfo da água mole em pedra dura...
O Pulo do Lobo é assim, talvez, um dos encontros mais emocionantes entre antagónicos...
As feridas no rosto das pedras são notórias, mas o apaixonante é que nem pedras, nem águas dão sinais de fadiga... E, discretamente, lá no fundo, onde o homem quase os não vê, continuam a lutar naquele espécie de Parlamento da Natureza, em que cada elemento cumpre a sua função: um a querer matar sedes, outro a impedir afogamentos...
BOSTA
Aí vai...
Somos um ajuntamento fortuito de (...) egoísmos explorando-se mutuamente e aborrecendo-se em comum."
in "Farpas", de Ramalho Ortigão
Somos um ajuntamento fortuito de (...) egoísmos explorando-se mutuamente e aborrecendo-se em comum."
in "Farpas", de Ramalho Ortigão
Volta ao Mundo em 90 dias - Venezuela
De um infindável número de apontamentos que aqui poderia registar para a posteridade ( "porque de feitos tais, por mais que diga mais me há-de ficar ainda por dizer"), duas ou três notas, que, recuando aos anos 80, não perderam actualidade:
Dr. Rosa Lã, enquanto, na altura, Encarregado de Negócios da Embaixada de Portugal, em Caracas:
"...o aumento do porto de La Guaira é uma obra extremamente importante (...) à qual a técnica portuguesa deu o maior contributo (...) O porto de La Guaira é o ponto mais alto das relações económicas luso-venezuelanas".
Acrescenta-lhe-ia, agora, talvez, a entrada do computador "Magalhães" nas escolas do país...
Hipódromo La Rinconada
(...) à força de se integrarem na vida local, os portugueses também aqui jogam. E entram em jogadas... (...) No hipódromo, com efeito, desporto, desporto - só os cavalos o fazem, como podem e os deixam."
Acrescentaria, nesta altura, o aparecimento de um novo desporto, especial para emigrantes: "o jogo de cintura..."
Registo, em síntese das sínteses, o nome de Clement, alfaiate da alta roda, algarvio, que foi amigo de Cantinflas e é, ou era, amigo de Mário Soares.
Noto o registo, mais ou menos actualizado, de novos clientes ilustres: Cavaco Silva e ... e Chavez. E peço a vossa especial atenção para as fotos obtidas aquando da Volta ao Mundo em 90 dias - Venezuela, nestas que pretendem ser meras "actualizações".
sábado, 17 de abril de 2010
BOSTA
Lá vai...
"O aqueduto de Elvas levou cem anos a fazer. Durante um século seis gerações contribuíram, real a real, para custear a obra, até que, em certo dia, quando a erva crescera várias vezes sobre as ossadas dos que tinham iniciado a construção, a água começou enfim a correr na cidade para os netos dos netos daqueles que a tinham ido buscar. O que faríamos hoje em circunstâncias análogas? Não havendo água, contrairíamos um empréstimo, subsidiaríamos uma companhia que construísse a canalização no mais breve tempo e, depois de matarmos a sede, deixaríamos aos nossos netos...os encargos da nossa dívida."
in As Farpas, de Ramalho Ortigão
Polis em flor
Ao Vasco, que é um transmontano/algarvio
Chego de Lisboa e trago comigo o fado em pastilhas (leia-se discos). Estou no Algarve e, nado em Alte, que é do interior onde, em época própria, se podem ver amendoeiras em flor, entra-me pela casa dentro, quase sem convite, a música do acordeão, contra nada, a não ser sorrisos e uns copos soltos com lastro do que havia para comer...
E a festa fez-se (fez-se, sim!) ao som de corridinhos, e de fados, que solta vozes e anima o serão. Que foi surpresa em meio, dir-se-ia, agora apenas de rijo betão (às vezes, POLIS) e de falas inglesas. Não foi assim - e Alte, da simplicidade interior, disse presente.
Houve Algarve, onde, à beira-mar, há cartazes a insinuar "sereias" em bikini, Allgarve - e nem sempre muito mais...
Monchique - A Cera como dádiva
Decorreu em Monchique o I Simpósio Internacional de Escultura em Cera.
Disseram os organizadores que se tratou de "um acontecimento cultural único na Europa", que "já nos séculos XVI e XVII, durante a ocupação filipina, a cera era uma das grandes fontes de riqueza da actual Serra de Monchique" e que "na primeira metade do século XVII (...) a cera exportada era utilizada (...) para betunagem de madeiras e impermeabilização das velas das embarcações".
Parabéns!
Mas que venha a cera, propriamente dita, como a areia, como o gelo, para nos transmitir toda a Poesia do efémero. Que, exactamente por isso, é lição de Amor. Parabéns, mais uma vez, gentes de Monchique!
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Volta ao Mundo em 90 dias - Goa
No 4º Centenário do Nascimento de Camões, em 1980 *
"É deveras triste que um patriota e génio (Camões) tivesse que decorrer a última fase da sua vida na mais cruel indigência, tendo de depender exclusivamente dum escravo, Jau, para mera sobrevivência".
"(...) A intriga política tornou-lhe a vida um verdadeiro inferno".
Pratapsnigh Rane, "Chief Minister" de Goa, Damão e Diu:
"Camões sempre se esforçou pela mutua compreensão entre os povos (...) Os goeses nutrem por ele sincera e genuína admiração."
Narana Coissoró, antigo deputado à Assembleia da República:
"Goa, através do seu longo processo histórico, constitui uma permanente afirmação da sua individualidade própria e uma destacada presença cultural no subcontinente indiano. (...) Em 19 de Dezembro de 1961, o exército indiano invade militarmente Goa, Damão e Diu e não encontra resistência significativa por parte do exército português (...) Devido à política de hostilidade lamentavelmente seguida pelos governos de Salazar e Caetano relativamente a Goa, a língua portuguesa entrou em declínio, sendo substituída pelo inglês, que se tornou língua oficial (...) Apesar de todas as vicissitudes, este pequeno povo, que habita 3700 quilómetros quadrados e tem 800 000 almas, soube sempre manter-se coeso e autónomo através de cerca de 2000 anos da sua história conhecida."
Nota: por sugestão pessoal, em Fevereiro de 1980, e em nome do jornal que representava, "19 anos depois da integração política na União Indiana, Camões foi, em 10 de Junho de 1980, centro de todas as atenções no Território e o IV Centenário da sua morte comemorou-se ali solenemente."
Esta é a verdade histórica, que tem a importância que tem, mas fica aqui registada, que jornal é papel...E já não existe.A não ser numa ou outra biblioteca.
Agora, assim, haja quem queira ler. Pelo meu lado, não vá o Diabo tecê-las, vou, como a outros, passar este apontamento para uma "pen".E seja o que Deus quiser!
A propósito, li algures, que, há uns anos, o Poeta, Camões, esse mesmo, depois de alguns radicais o terem querido "re-matar", foi obrigado a recolher ao lar do vosso Museu Arqueológico, onde passa agora os dias, diz-se, a lembrar que os portugueses, se não são, foram gente... Mal sabe o Homem que, entretanto, em Lisboa, pelo menos, foi permitida a presença de uma estátua de Gandi, enquanto, como o nosso Poeta, Figura Maior da Humanidade.
O que é que acha, Senhor Embaixador? Complicado... Percebo. Apesar de tudo, a lusa, dita, extrema-esquerda... Não quer dizer que não tenhamos os nossos pecados, mas... Olhe, o Salazar, lembra-se?, que foi aqui praticamente banido das molduras, vi-o eu, tranquilo, num museu vosso. Em Goa, justamente.
Ou já o tiraram? Não?... Vejam lá...
E o que é me diz, Vossa Excelência, àquela coisa das vacas... Tenho, a esse respeito, uma fotografia, a preto e branco, que...que me disseram, na altura, não ter nada a ver com colonialismo...
Olhe, Senhor Embaixador, guardei-a. Embora, posteriormente, a NET lhe tirasse valor, sempre é bom termos à mão registos destes... Seja como for, assim, ao menos,se me der jeito, posso cantar e espalhar por toda a parte...
Não acha?... É um dever.Entretanto, têm agora, assim, mais alguém digno, por exemplo, de uma rotunda?...É que temos muitas. Jeitosas.E também não falta por cá quem as inaugure.Para a India, que ajudámos a ter Goa, e não só (ainda hoje), somos uns mãos rotas.Em beleza.Como sabe.
* in Os Portugueses no Mundo, de M.A.
A propósito, li algures, que, há uns anos, o Poeta, Camões, esse mesmo, depois de alguns radicais o terem querido "re-matar", foi obrigado a recolher ao lar do vosso Museu Arqueológico, onde passa agora os dias, diz-se, a lembrar que os portugueses, se não são, foram gente... Mal sabe o Homem que, entretanto, em Lisboa, pelo menos, foi permitida a presença de uma estátua de Gandi, enquanto, como o nosso Poeta, Figura Maior da Humanidade.
O que é que acha, Senhor Embaixador? Complicado... Percebo. Apesar de tudo, a lusa, dita, extrema-esquerda... Não quer dizer que não tenhamos os nossos pecados, mas... Olhe, o Salazar, lembra-se?, que foi aqui praticamente banido das molduras, vi-o eu, tranquilo, num museu vosso. Em Goa, justamente.
Ou já o tiraram? Não?... Vejam lá...
E o que é me diz, Vossa Excelência, àquela coisa das vacas... Tenho, a esse respeito, uma fotografia, a preto e branco, que...que me disseram, na altura, não ter nada a ver com colonialismo...
Olhe, Senhor Embaixador, guardei-a. Embora, posteriormente, a NET lhe tirasse valor, sempre é bom termos à mão registos destes... Seja como for, assim, ao menos,se me der jeito, posso cantar e espalhar por toda a parte...
Não acha?... É um dever.Entretanto, têm agora, assim, mais alguém digno, por exemplo, de uma rotunda?...É que temos muitas. Jeitosas.E também não falta por cá quem as inaugure.Para a India, que ajudámos a ter Goa, e não só (ainda hoje), somos uns mãos rotas.Em beleza.Como sabe.
* in Os Portugueses no Mundo, de M.A.
As aparências
1. O Algarve, que acabo de rever, parece-me, após anos sem lhe pôr a vista em cima, do ponto de vista urbanístico, mais arrumadinho... E alegre!
2. Mas não me fez esquecer ainda aquilo que, noutro plano, um passante, há um par de anos, me disse em Ferreiras, quando me viu, chegado de Moscovo, rodeado de malas sem rótulos, à espera de um autocarro:
E tinha mesmo!
Conclusão: o que parece, é? No 2º caso, SIM! Quanto ao 1º, tenho que lá voltar com mais tempo... Para louvar esforços, com certeza, mas também para me certificar se há, ou não, por lá, mais elefantes brancos do que aqueles de que se fala... Como, por exemplo, o estádio de futebol que terá sido caro...mas não serve para quase nada...
"o senhor parece que acabou de chegar da Rússia..." Adivinhou.
E tinha mesmo!
Conclusão: o que parece, é? No 2º caso, SIM! Quanto ao 1º, tenho que lá voltar com mais tempo... Para louvar esforços, com certeza, mas também para me certificar se há, ou não, por lá, mais elefantes brancos do que aqueles de que se fala... Como, por exemplo, o estádio de futebol que terá sido caro...mas não serve para quase nada...
terça-feira, 13 de abril de 2010
Histórias da pesca
Como era frequente, foi fazer caça submarina.
Andara por lá, nos fundos verdes e azuis do mar, maravilhado como sempre, quando, de repente, se lhe atravessa no caminho, no meio de espécies várias, um rascasse...
Não perdeu tempo, zás! disparou. Disparou, mas...mas a ponta do arpão, essa, levou-a o peixe para longe, "em correria doida".
Desarmado, e desalentado, pela "atitude" do peixe em fuga, desistiu de tudo o mergulhador.
Desistiu, não por falta de ânimo, mas por falta de "munições"...
A verdade é que o bom mergulhador não desiste. Foi o caso. Voltou três/quatro dias depois, lançou-se, de novo à água e lhe apareceu outra vez um rascasse a desafiar a pontaria.
Zás! Tiro certeiro e rascasse à mercê da sua insistência, bem longe do local da anterior infrutífera tentativa...
Nâo! Desta vez tudo deu certo... Tão certo que, horas mais tarde, na cozinha, se verificou tratar-se do mesmo rascasse do mergulho anterior - que guardara a ponta do arpão para lho devolver à mesa.
Outro foi o peixe que, noutra ocasião, lhe trouxe do fundo o relógio de pulso onde, ainda hoje, triunfante, vê a quantas anda...
Para não falar nos que lhe "deram" taças que, naturalmente feliz, mostra a quem chega.