Eleições 2011

- Desculpa, mas agora é a minha vez ...

Fotomontagem

Portugal há 160 anos

Alexandre Herculano, em Outubro de 1851, no jornal "O Paiz":

"A única salvação da nossa terra está em se dar um impulso pronto e enérgico à sua civilização. Se não conseguirmos a marcha rápida dos outros povos no caminho do progresso, ficaremos como o soldado que retarde o passo ao atravessar um deserto e que morre privado de todos os recursos no meio da solidão."


Estou a pensar na hipótese, meio anarca, de me "enfiar" na Hemeroteca de Lisboa, por exemplo, a respigar, "ao calhas", 160 anos de apelos posteriores parecidos com o de Herculano... Valerá a pena? Não me cheira...

Canteiro de palavras ( XVII )

1774 - a aldeia *



















"A boa gente da aldeia já me conhece (...). Há ainda poucos dias, quando me aproximava deles, e com voz amiga lhes fazia alguma pergunta, pensavam que eu queria rir-me deles e deixavam-me bruscamente. Eu não me ofendia, mas senti com mais vivacidade a verdade de uma observação que já havia feito. Os homens de uma certa categoria conservam-se sempre a uma severa distância dos seus inferiores, como se receassem perder muito deixando-se aproximar, e há destrambolhados e insensatos graciosos que só aparentam descer até ao pobre povo para ainda mais o magoar.

Bem sei que não somos todos iguais, que o não podemos ser, mas sustento que aquele que se julga obrigado a manter-se afastado do que chama povo, para dele se fazer respeitar, não vale mais do que o poltrão que, com medo de morrer, se esconde ao inimigo.

(...) Arranjei relações de toda a espécie, mas ainda não achei sociedade. (...) Se me perguntarem como é a gente destes sítios, responder-te-ei: como em toda a parte. A espécie humana é simplesmente uniforme.

(...) Afinal é boa gente. Quando fico às vezes a gozar com eles os prazeres que ainda os homens conservam, como entreterem-se a conversar cordialmente (...) tudo isto produz em mim o melhor efeito. Mas não devo lembrar-me então de que há em mim outra faculdades que se enferrujam se não forem usadas (...).

A vida humana é um sonho, outros o disseram antes de mim, mas esta ideia segue-me por toda a parte.

(...) Felizes (...) aqueles que dão um título imponente aos seus fúteis trabalhos e até às suas extravagâncias; as põem em conta o género humano como obras gigantescas organizadas para sua salvação e prosperidade! Pois que lhes sirva, àqueles que podem pensar e proceder assim! Mas aquele que reconhecer com humildade onde tudo isso vai ter, que vê como o pequeno burguês que ornamenta o seu pequeno jardim (...) é feliz também por ser homem, por mais limitado que seja o seu poder (...) sabendo que pode deixar o seu cárcere quando lhe apetecer."

* in Werther, de Goethe

Pascal

Não há dia que, a emoldurar excelentes imagens, mãos amigas "aqui" não façam chegar empolgantes e belos pensamentos.

Em regra, a origem é brasileira, o que, de imediato, acrescenta à vontade de ler, aquele açúcar que, por exemplo, em Lisboa, um Cais do Sodré não tem ...

Retribuo, pois, sem açúcar, mas com a "ajuda póstuma" (1670) de Pascal, que era homem de muitos saberes:



"Nunca nos detemos no tempo presente. Antecipamos o futuro que não tarda, como que para lhe apressar o curso; ou evocamos o passado que nos foge, como que para o deter: tão imprudentes, que andamos errando nos tempos que não são nossos, e não pensamos no único que nos pertence; e tão vãos, que pensamos naqueles que não são nada, e deixamos escapar sem reflexão o único que subsiste. É que o presente, em geral, fere-nos. Escondemo-lo à nossa vista  porque nos aflige; e se nos é agradável lamentamos vê-lo fugir. Tentamos segurá-lo pelo futuro, e pensamos em dispor as coisas que não estão na nossa mão, para um tempo a que não temos garantia alguma de chegar.


Examine cada um dos seus pensamentos, e há-de encontrá-los todos ocupados no passado ou no futuro. Quase não pensamos no presente; e, se pensamos, é apenas para à luz deles dispormos o futuro. Nunca o presente é o nosso fim: o passado e o presente são menos, o fim é o futuro. Assim, nunca vivemos, mas esperamos viver; e, preparando-nos sempre para ser felizes, é inevitável que nunca o sejamos."

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Canteiro de palavras ( XVI ) - Amor vivo




Amar! mas dum amor que tenha vida ...
Não sejam sempre tímidos harpejos,
Não sejam só delírios e desejos
Numa doida cabeça escandecida ...

Amor que viva e brilhe! luz fundida
Que penetre o meu ser - e não só beijos
Dados no ar - delírios e desejos -
Mas amor ... dos amores que têm vida ...

Sim, vivo e quente! e já a luz do dia
Não virá dissipá-lo nos meus braços
Como névoa da vaga fantasia ...

Nem murchará do Sol à chama erguida ...
Pois que podem os astros dos espaços
Contra uns debéis amores ... se têm vida?

in Sonetos Completos, Antero de Quental
 

Ice Age 4: Scrat Continental Crack Up HD


Parece impossível! O trabalhão que isto deu e agora é o que se vê ... Não há direito!...

Uma árvore ...


Planta-se uma árvore
e, "de repente", quando voltamos a vê-la,
já não parece a mesma ...

E a gente fica crescido, mais crescido, 
muito, muito perto do céu,
quase eterno ...


Tese de doutoramento que Salazar não aprovou ( I )

SANEAMENTO DO ESCUDO - Década de 40, do século passado











À memória de um querido Amigo: A. Filomeno Lourenço de Sousa Leite


Introdução

"Depois que a Alemanha, com a invasão da Polónia, provocou a segunda Guerra Mundial, na qual se lançaram uns após outros quase todos os países europeus, os da Ásia, Estados Unidos, Brasil, bem como as colónias e domínios dalguns deles - por toda a parte se observou um desequilíbrio económico, que não cessou ainda, e que apresenta as seguintes características principais:

a) A subprodução dos produtos alimentares e doutros artigos de primeira necessidade;

b) A subida constante dos preços;

c) O agravamento gradual do custo de vida;

d) O aumento dos salários e vencimentos numa proporção que não acompanha a carestia da vida;

e) A rápida expansão da circulação fiduciária;

f) O maior peso das contribuições e impostos;

g) Os elevados quantitativos da dívidas públicas.

Tudo isto a guerra causou levando a morte a milhões de seres humanos ou incapacitando-os para o trabalho; reduzindo a escombros cidades numerosas e florescentes; desorganizando a produção e destruindo fábricas; tragando, qual monstro de fauces hiantes, as riquezas amontoadas pelas Nações, em muitos anos de labor porfiado.

Forçados a pôr em prática uma economia de guerra, que lhes permitisse produzir intensivamente os armamentos e equipamentos militares de que necessitavam, os Estados beligerantes desde logo mobilizaram, para esse fim, todos os seus cidadãos válidos, que abandonaram por isso as suas ocupações, os trabalhos úteis da agricultura, do comércio e da indústria; requisitaram ou colocaram sob a sua fiscalização numerosos estabelecimentos fabris, empresas de transportes, de navegação e outras.

Mas, ao passo que assim davam rápida satisfação às exigências da guerra, tais medidas, por outro lado, impediam as produções normais das substâncias alimentícias e dos artigos essenciais à vida. Em consequência disso, agravaram-se os preços dos produtos e elevou-se consideravelmente o custo de vida.

Estes fenómenos, porém, não se registaram apenas nos países em guerra. O decréscimo das importações nos países neutros e não beligerantes, a redução dos transportes, a inflação e outros factores produziram os mesmos efeitos.

Em Portugal, já por virtude da diminuição da produção, em certos sectores, já pela restrição forçada das compras ao estrangeiro, de par com a intensa procura dos produtos no mercado nacional, o abastecimento da população tem sido precário e impôs, desde 1943, o racionamento dalguns géneros e a venda condicionada de outros.

Os preços por grosso das mercadorias, em todo o tempo da guerra, sofreram uma forte progressão, nos diferentes países."

(em próxima oportunidade, publicarei aqui a última parte do livro em causa, que trata, agora para os estudiosos, AS BASES DUMA NOVA REFORMA MONETÁRIA, de que, pelos modos, Salazar não gostou)

Homenagem aos trabalhadores e formandos do CIVEC

Ex-coordenador da revista trimestral VESTIR (Outubro de 1988 a Julho/Setembro de 1999), editada pelo CIVEC,  presto, com um "projecto de capa", a minha homenagem a quantos dão o melhor de si na formação dos jovens e dos menos jovens de que tanto precisamos - TODOS.

E para que me sinta ainda "por dentro", tomo a liberdade de vos deixar uma "arrojada proposta de ... de F. L." Na linha daquela que vestiu David, que se disfarçou de Zé Povinho. Está numa das últimas edições que tive a honra de coordenar.
Fotomontagem

O Zé Povinho - hoje

Algures, na aldeia, a versão actual do velho Zé ... 

"Diário de um pároco de aldeia" *

 Do autor: "Pela sua visão dramática das consciências, pelo poder de criação de um clima religioso e patético, pela envergadura da construção romanesca, Georges Bernanos é um dos nomes mais altos da moderna literatura francesa", escreveu-se.
                                                                             
*"(...) Acusam-nos, hão-de acusar-nos sempre, a nós, sacerdotes - e é tão fácil! -, de nutrirmos, no fundo dos nossos corações, uma raiva invejosa, hipócrita, da virilidade: seja quem for que tenha alguma experiência do pecado não ignora, todavia, que luxúria ameaça sufocar constantemente, debaixo das suas vegetações parasitas, das suas hediondas proliferações, tanto a virilidade como a inteligência.

Incapaz de criar, não lhe resta senão macular desde o germe a frágil promessa de humanidade; é ela que está provavelmente na origem, no princípio de todas as taras da nossa raça, e desde que, no desvio da grande floresta selvagem, cujos atalhos nós desconhecemos, a surpreendemos frente a frente, tal como ela é, tal como ela saiu das mãos do Mestre dos prodígios, o grito que nos sai das entranhas não é apenas pavor, mas de imprecação: "Foste tu, e só tu, quem desencadeou a morte no mundo!"


NOTA: Georges Bernanos nasceu em 1888 e morreu em 1948. Era licenciado em Letras e Direito.
Para muitos, o livro citado é considerado a obra-prima do autor. Para "o pobre de mim", pode retomar-se o tema ... Quem sabe, numa eventual comunidade de leitores das que, graças a Deus, proliferam na Terra.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

A mão


Noventa anos. 80 x 365 dias de trabalho sem medalhas e mãos limpas, quase gastas pela terra que só lhe conhece afagos e suor. Chama-se Alda. Chamo-lhe Amiga. Desde sempre. Se fosse planta, regava-a para que se multiplicasse.

Pobre

Aos meus versos não dou preço
Que os faço por desfastio.
Mas só com eles me aqueço.
Tenho frio!

Por desfastio, brincando
Quem mos quiser que mos tome.
E assim me vou sustentando.
Tenho fome!

Brincando os deixo - gotinhas
Na secura da parede.
Não há fontes mais vizinhas ...
Tenho sede! tenho sede!

José Régio

Quinta-Feira Santa nas Traseiras do Litoral: a Procissão

A emoção de um fim de dia ...

O murmúrio das orações abafado pelo respeito colectivo dos silêncios, à luz das velas alinhadas nas duas filas laterais em marcha lenta por algumas das principais ruas da aldeia.

A cerimónia da Paixão. O povo na rua. O povo todo - ou quase (num bar, há quem espreite: três ou quatro ignoram ou fingem ignorar).

À frente, o padre convidado diz alto o que está escrito no Catecismo e, como numa onda, as palavras já sabidas repercutem-se até ao último dos do cortejo, o sacerdote titular, que replica e mantem a cadência.

Uma hora nisto, talvez. Ou talvez um pouco menos.

Fim de dia na católica, ou laica, comunhão, Deus sabe a que secretos pretextos para além dos, desde sempre, anunciados e escritos, nos Livros. Lá onde a Fé 364 dias acanhada, aproveita o serão da Quinta-Feira Santa como que para "saldar contas"...

A paz regressa às consciências. Com emoção nos olhares. E direito a sermão final, a que nem metade assiste.

Em breve nascerá a Sexta-Feira do Silêncio. Para se lhe seguir a Páscoa até que venha o Natal, para que se finja a Paz, que o Novo Ano anuncia formalmente - sempre. Prevendo-se, desde já, nova procissão das velas e, portanto, renovada oportunidade para lavar consciências. Que pecarão no tempo seguinte e ...
Apesar de tudo, que ASSIM SEJA!

França na Beira Baixa? *

* Homenagem à Prof. Doutora Maria Beatriz Rocha-Trindade, Investigadora e Amiga que mais sabe destas coisas ...
França na Beira Baixa, por exemplo.

Frases

"Nas nossas democracias a ânsia da maioria dos mortais é alcançar em sete linhas o louvor do jornal."

- o louvor do telejornal (actualizo)

"É com impressões fluídas que formamos as nossas maciças conclusões. Para julgar em política o facto mais complexo, largamente nos contentamos com um boato, mal escutado a uma esquina, numa manhã de vento."

- ouvido na farmácia ou na bicha para pagar as compras no supermercado (actualizo)

"Para apreciar em literatura o livro mais profundo, atulhado de ideias novas, que o amor de extensos anos fortemente encandeou - apenas nos basta folhear aqui e além uma página, através do fumo escurecedor do charuto. Com que soberana facilidade declaramos: "Este é uma besta! Aquele é um maroto!" Para proclamar "É um génio!" ou " É um santo! oferecemos uma resistência mais considerada. Mas ainda assim, quando uma boa digestão ou a macia luz de um céu de Maio nos inclinam à benevolência também concedemos bizarramente, e só com lançar um olhar distraído sobre o eleito, a coroa os as auréolas, e aí empurramos para a popularidade um manganão enfeitado de louros ou nimbado de raios. Assim passamos o nosso bendito dia a estampar rótulos definitivos no dorso dos homens e das coisas."

- em peúgas, em casa, ao serão (actualizo).

in "A Correspondência de Fradique Mendes"

Portalegre: José Duro e o Programa Polis

Na Corredoura, em Portalegre, durante décadas, José Duro, poeta da terra,  recebeu a homenagem que lhe era devida, num simples banco de jardim, ao gosto de uma época. E assim o povo o lembrou durante décadas. Bem!

Eis senão quando chega o Programa POLIS e, numa visão eventualmente cheia de boas intenções, acaba com o banco que o fazia presente e, em local poético, talvez, recorda-o num discreto painel que tinha lá tudo: versos seus, medalhão seu e ... e o recato poético, a intimidade que, eventualmente, lhe estaria adequada ...

Só que lhe faltava a tradição, o contacto vivo e quotidiano com a terra, com as pessoas que o inspiraram. E houve protestos, que se percebem: quando se faz novo é sempre preciso pôr-lhe fundações (também culturais) sob pena de se construir no vento...

As imagens ajudam a contar a história ...


Em nome do "progresso", este banco desapareceu e deu lugar à imagem seguinte - com texto alusivo ao poeta ...





O protesto popular, pôs,entretanto, tudo no sítio: ao lembrete em betão foi tirado o texto em bronze,
 e,
em sua substituição, voltou o
banco a que o povo consagrara todo o seu carinho ...


Agora está assim. BEM! Sem atraiçoar nada... Ainda que a dispensar pinturas novas...
Isto é, quando o chamado progresso esquece a tradição, o Zé protesta e ...

Focinhos III


O cabrão


terça-feira, 26 de abril de 2011

Focinhos I

- O que é que é estás a dizer?... Pequenos?...
Um dia hei-de tê-los maiores ... Como o ... o "cala-te boca!..."

Fado no Interior - da Beira e de si próprio

Segundo Eça:

"Atenas produziu a escultura, Roma fez o Direito, Paris inventou a revolução, a Alemanha achou o misticismo. Lisboa que criou? O Fado.

Fatum era um deus do Olimpo; nestes bairros é uma comédia. Tem uma orquestra de guitarras, e uma iluminação de cigarros. Está mobilada com uma enxerga. A cena final é no hospital e na enxovia. O fundo é uma mortalha!"


De repente, o fado. Na Cova da Beira (Traseiras do Litoral), pois então. Na fronteira entre concelhos - o da Covilhã e o do Fundão, no Dominguizo, que, clubisticamente, tem um Águias, nascido de um seu natural (o Zé dos Reis), que medrou na Lisboa das caravelas, que foram e deixaram Fado.

Agora e sempre bem acolhido. Tão bem acolhido que, ouvido no meio de serras, é quase como se estivesse a ser lamento, grito, saudade do mundo à beira-Tejo plantado, que é, no caso, como quem diz, à beira-Zézere, de que é confrade.


Cantou-se. E quando se pensava que ainda eram 10, 11 da noite, eram três da madrugada. Responsabilizou-se, então, o Fado, que sorriu e prometeu mais - em ocasião a combinar. De preferência, em ambiente de menor excitação. Se possível, como quem, na igreja, ouve uma prédica.

Para já, as vozes foram as da Daniela Runa, Maryline Guerra, Annabelle Guerra, Nelson Araújo e ... e João Carvalho, que, com José Manuel Brito, também dedilhou a guitarra. Rúben Nunes, esse, "botou" têmpero musical num "cajon", que não zangou o fado, creio.

Regista-se um agradável serão, lá, onde a canção nacional justificou, uma vez mais, a sua natural presença - e se "deu de beber à dor...", pois claro. Em "mesas "de quatro" e "de seis" (?) de srs. óvintes, tal qual o determinado pela organização que se esmerou o que pôde para que um ou outro "grão na asa" não transcendesse a "enxovia lisboeta", de que falou Eça de Queirós.

O fado chegou à aldeia
E pôs o povo a cantar
Com artistas na ideia,
Zé Maravilha a mandar

Em mesa sobrelotadas
Com sete e oito beirões,
Morcelas bem assadas
E tinto nos garrafões

Só o silêncio faltou
P'ra maravilha ser toda
Mas mesmo assim encantou
E o resto que ... que se lixe ...

As duas balizas

O drama do guarda-redes de futebol: além de ter defender a sua baliza, vê a do adversário muito mais pequena do que a dele...

Da Carta de Solteiros e Casados (1650) *

Sem comentários:

"Quem gasta menos do que tem é prudente; quem gasta o que tem é cristão; quem gasta mais do que tem é ladrão."

"Pague bem; isto é, a tempo. Aos criados o que prometeu; aos oficiais o que valer o seu trabalho. Será bem servido de uns e outros. O prémio deve seguir ao serviço, para que o serviço acuda à necessidade. Quem paga logo, paga menos; porque se o dar logo, é dar duas vezes, verdadeiramente se estima em muito mais do que é. Quem paga tarde, tem já os ânimos tão desabridos, que com outro tanto mais do que deve os não deixa satisfeitos."


Ainda sem comentários, um desejo:

"Senhor meu.Casa limpa. Mesa asseada. Prato honesto. Servir quedo. Criados bons. Um que os mande.
Paga certa. Escravos poucos. Coche a ponto. Cavalo gordo. Prata muita. Ouro o menos. Jóias que se não peçam. Dinheiro o que possa. Alfaias todas. Armações muitas. Pinturas as melhores. Livros alguns. Armas que não faltem. Casas próprias. Quinta pequena. Missa em casa. Esmola sempre. Poucos vizinhos. Filhos sem mimo. Ordem em tudo. Mulher honrada. Marido cristão; e boa vida e boa morte."

Torre Velha, em 5 de Março de 1650, D. Francisco Manuel"

* De D. Francisco Manuel de Melo c/c para quem quiser...

domingo, 10 de abril de 2011

Profissões

Canteiro, alegrete, alfobre, alfoufe, alvanel, baixete, cantela, lavrante, leira, marmoreiro, pedreiro, tabuleiro.


Prefiro CANTEIRO. Canteiro ... canteiro de ... de flores, no caso, feito de pedra trabalhada e regado com suor. E simplicidade. E palavras a gosto... De vez em quando.Hoje vale o instante da foto, que é o que tenho para dar.

Portugal e a Holanda - século XVII

D. Tomás de Noronha (Marcial de Alenquer, precursor de Bocage, diz-se):

Portugal, Portugal, és um sandeu,
Estás caduco já por esta cruz,
tanto talam-balam, tanto truz, truz,
Para quarenta cus cheios de breu!

Para quarenta cus, pois bem sei eu,
Quem, sem lança nenhuma ou arcabuz,
Para dar guerra a quatrocentos cus
Armado está com quanto Deus lhe deu.

Holanda será caça se cá vem,
Se tendes medo a Holanda, o meu Ruão
Sabe correr a caça muito bem.
Esforçai-vos, pois tendes capitão,
Que toda Holanda escassamente tem
Para forrar a perna de um calção.

Museu do Design e da Moda, em Lisboa

Instalado num espaço que foi do Banco Nacional Ultramarino e, posteriormente, da Caixa Geral de Depósitos, o Museu de Design e Moda procura animar o que pode na sua área de acção cultural. Louva-se o esforço, mas lamenta-se o quase desperdício de largas dezenas de metros quadrados à espera de melhor sorte, quer dizer, de um melhor aproveitamento, enquanto Museu de Design e Moda.

Não é uma crítica. Melhor será pensar num voto. Lisboa merece.


Saúda-se, entretanto, nomeadamente, a exposição, em últimas, de cerâmica bordalina que, subindo as escadas, lá encontrámos, quase envergonhada.

Disse.

sábado, 9 de abril de 2011

Santo António dos Cavaleiros em movimento


Sugestão sem nada na manga: Santo António dos Cavaleiros a cidade!
Fotomontagem

Analise-se - sem pressas e sem pressões.

Pense-se nisto. O assunto não é tabú. Voto sim. Com o à vontade de cerca de 44 anos de vida neste espaço ... que vi nascer anos antes.

Rua Augusta ( III )


Um enorme grupo de jovens percorreu esta tarde a rua Augusta, em Lisboa, propondo esta coisa simples:

"Dê-me um abraço. É grátis."

Alinhei na Revolução.

Rua Augusta ( II )

Do folheto ao dispor de quem passa:
















"23 anos na vanguarda das estátuas vivas
4 records mundiais
9 anos inscrito no guinness book of records
48 países visitados
performances em mais de 300 cidades
mais de 15 000 horas de quietude
mais de 200 personagens
criador do ken yoga
personagem de alguns romances
vivedor de sonhos e de realidades"

indica telefone e "gmail" ao dispor.

Não parece, apesar de tudo, ser candidato a Primeiro-Ministro. Apresenta-se, em plena Baixa alfacinha, unicamente apoiado numa bengala que suporta, do lado esquerdo, todo o seu peso. E é assim que, aliás, agradece, com olhar estranho, as moedas que lhe depositam em lugar próprio ...

Não fala, não discursa, não parlamenta ...

Repare-se no seu estranho olhar ... Não se percebe, entretanto, se está ou não a gravar os comentários que o povo faz  à sua volta.

Se fosse eu, gravava-os e vendia-os depois às forças partidárias do meu país. Limpinho. Portugal precisa de gente bem apoiada e conhecedora do sentir popular...
Do folheto

Rua Augusta ( I )

Portugal urbano, o Mundo na rua Augusta, em Lisboa. HOJE. Tarde de um sábado soalheiro. Um homem de Leste (russo?) exibe a moto com que se orgulha de estar a percorrer o Planeta.

Não faltam cores, parece faltar-lhe, no entanto, espaço para pintar todas as das bandeiras dos países que visita. Até aqui, contudo, nada, diria, surpreendente.

Inédita parece ser, sim, a ideia de trazer consigo duas espécies cábulas de bolso (escritas em várias línguas). Uma com a síntese do seu projecto em curso; outra com o pedido de ajuda em metal sonante ...para as despesas da viagem.

Pano de fundo, como sempre nestas iniciativas, um desejável "record" para o Guinness.

Veja-se o "boneco" da moto e um grande plano do rosto feliz do "herói"...


Crise? Qual crise? O que se precisa é de criatividade ...

Portugal, país de navegadores, vamos a isto - mundo fora, como antigamente. Agora de patins, por exemplo.

É a hora!

Actualidade 3

Tomei nota, mas sabem como é ... já troco um pouco "as voltas..." É da idade...

São três citações tiradas da imprensa de hoje: lembro-me que falam de treinadores e de Sócrates, salvo erro.

Tenham paciência, ajustem as frases ao que vossemecês pensam. Deve ficar certo.

Os jornais disseram hoje de manhã:

"Eu não sou dos que fogem..."

"Acabei..."

"O que é que não fez (...) que vai fazer agora?"

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Notícias do Cais das Colunas - nº 1

-Ó Zé, isto está agitado!... Temos que remar contra a maré...

Fotomontagem


Síntese dos "e-mails" recebidos nos últimos dias ...

E depois das redondilhas de Camões (ver "post" anterior), num banco de um florido jardim, alguém desatasse a dizer, por exemplo, numa espécie de campanha eleitoral, "Sócrates só há um, o filósofo e mais nenhum"?...


Não tinha jeito e não era verdade: temos, agora, entre nós, o Senhor Engenheiro Sócrates - que também vai ficar na História, pelas razões que se conhecem, mas que, de momento, não vêm ao caso. Ao caso vêm os inúmeros "e-mails" que tenho recebido a propósito do estado a que as coisas chegaram.

Repare-se no resumo da linguagem (semelhante à de certos parlamentos) ...

- Aldrabões
- Burlões
- Vigaristas
- Tramposos
- Falaciosos
- Trampolineiros
- Intrujões
- Nojentos
- Aves de rapina
- Velhacos.





















Feita a síntese do essencial do correio recebido, uma súplica aos meus amáveis visitantes:

por quem são, parem com os vossos "e-mails" a propósito, nomeadamente, de "casos suspeitos na área da governação". O meu computador tem capacidade limitada.Não aguenta tanta m...

Obrigado. Muito obrigado! É tudo.

Canteiro de palavras ( XV ) - Serra da Estrela

Voltas a cantiga alheia












Pastora da serra
Da Serra da Estrela
Perco-me por ela.


Nos seus olhos belos
Tanto Amor se atreve,
Que abrasa entre a neve
Quantos ousam vê-los.
Não solta os cabelos
Aurora mais bela:
Perco-me por ela.


Não teve esta serra
No meio da altura
Mais que a fermesura
Que nela se encerra
Bem céu fica a terra
Que tem tal estrela:
Perco-me por ela.


Sendo entre pastores
Causa de mil males,
Não se ouvem nos vales
Senão seus louvores.
Eu só por amores
Não sei falar nela:
Sei morrer por ela.


Dalguns que, sentindo,
Seu mal vão mostrando,
Se ri, não cuidando
Que inda paga, rindo.
Eu, triste, encobrindo
Só meus males dela,
Perco-me por ela.


Se flores deseja,
Porventura delas,
Das que colhe belas,
Mil morrem de inveja.
Não há quem não veja
Todo o melhor nela:
Perco-me por ela.


Se na água corrente
Seus olhos inclina,
Faz luz cristalina
Parar a corrente.
Tal se vê, que sente
Por ver-se água nela
Perco-me por ela.


Luís de Camões in Lírica-redondilhas

'' ESTATUTOS DO HOMEM '' THIAGO DE MELLO''


Fica decretado que o AMOR não será decretado ...

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O amor é louco ...

Não se trata de "esvaziar" nada:

"Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
É dor que desatina sem doer
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
É ter com quem nos mata lealdade
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... "

Este(a)s (A), no fundo, são uns tímido(a)s romântico(a)s. Escusavam era de cagar as paredes, claro ...

The Day After


Lisboa, Campo Pequeno - entre dois bancos, a vida ...





Gente à rasca ...