quinta-feira, 1 de março de 2012

Os portugueses no Canadá - foi assim ... ( II )












ANTÓNIO VIOLA, Toronto

"- Está aqui um país bom para você que anda sempre com a mania de emigrar.

Estas foram as palavras dum amigo meu, ao ler, em 1951, um artigo no Jornal de Notícias. Anunciava o artigo que o Canadá ia receber milhares de imigrantes. Procurei saber, então, onde ficava o país, pois em Peniche, nunca tinha ouvido falar de tal terra e, nessa mesma semana, fui ao Consulado do Canadá em Lisboa que ficava, ali mesmo, junto do hotel Ritz. A senhora que me atendeu garantiu-me que me dariam o visto de imigrante e me conseguiriam trabalho no Canadá.

Fui então tratar do passaporte, mas na Emigração portuguesa a lei exigia que eu tivesse um contrato de trabalho e não o consegui. Voltei ao consulado canadiano. Contei-lhes tudo e sugeriram-me, então, que tirasse o passaporte de turista, e o visto ser-me-ia dado imediatamente. O presidente da Câmara de Peniche não acreditou, no entanto, que eu queria passear e recusou-se a emitir o passaporte. Por fim, pedi ao filho do meu médico para me escrever uma carta para o Settlement Service, explicando a minha situação, e pedindo um contrato de trabalho, mas isso também me foi negado.

Entretanto, um rapaz amigo fora do Brasil para o Canadá e escreveu-me de Montreal, sugerindo que informasse o consulado canadiano de que ele se responsabilizaria por mim. Assim fiz e, dias depois, recebi uma carta do Canadá, dizendo que, ao chegar lá, teria trabalho como marceneiro. Com esta carta, a Emigração portuguesa não me pôde negar o passaporte de emigrante.

No gabinete do Tenente Coronel Batista havia um recado para mim, quando fui levantar o passaporte à Junta da Emigração: "Portugal está interessado em abrir a emigração para o Canadá, mas o país é desconhecido para nós. Escreva-nos uma ou duas cartas de lá."

"... Só há uma dúzia de portugueses em Montreal, mas são todos bem vistos no meio canadiano. Pena é que não venham mais para um país cheio de oportunidades como este ... Vindo, seria fantástico se falassem ao menos um pouquinho de inglês ou francês ..."

in "Imigrantes Portugueses - 25 anos no Canadá" (Domingos Marques e João Medeiros)

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