domingo, 26 de junho de 2016

Lírica - Canções













Luís de Camões - Lírica

Fermosa e gentil Dama, quando vejo
A testa de ouro e neve, o lindo aspeito,
A boca graciosa, o riso honesto,
O colo de cristal, o branco peito,
De meu não quero mais que meu desejo
Nem mais de vós que ver tão lindo gesto.
Ali me manifesto
Por vosso a Deus e ao Mundo; ali me inflamo
Nas lágrimas que choro,
E de mim, que vos amo,
Em ver que soube amar-vos, me namoro;
E fico em mim só perdido, de arte
Que hei ciúmes de mim por vossa parte.

MACAU: "Mulheres de Macau não querem chefes nem namorados portugueses"






by
 Ponto

Final

Elas acham os portugueses simpáticos, mas há zonas de conflitualidade, conclui uma investigação que permitiu a João Laurentino Neves obter o grau de mestre. O director do Instituto Português do Oriente (IPOR) defendeu recentemente a dissertação na Universidade Aberta. Entre as conclusões a que chegou estão algumas surpreendentes.

João Paulo Meneses
O que pensam as mulheres de Macau sobre os portugueses radicados no território?
João Laurentino Neves, presidente do Instituto Português do Oriente (IPOR), passou das interrogações aos actos e investigou as representações e estereótipos que vigoram sobre os portugueses no território, apresentando as conclusões na tese de mestrado que defendeu recentemente na Universidade Aberta.
“Kuailous ou Po Tao Ya. Imagens no feminino sobre os portugueses em Macau” é o título da dissertação do novo mestre em Relações Interculturais, um texto que se encontra disponível online para consulta.
A propósito do título, que se pode dar a interpretações dissonantes, o autor explica na introdução ao trabalho: “De modo simbólico, o cantonense, língua veicular que prevalece em Macau, regista dois termos que refletem duas representações sociais dos portugueses - Kuailous (diabos brancos) e Po Tao Ya (aquele que vem de Portugal) consagram, de facto, duas percepções diferentes. Será pertinente para a perspetivação das relações sociais envolvendo a comunidade de portugueses, no presente como no futuro, compreender as diferentes tendências existentes que os dois vocábulos traduzem do ponto de vista simbólico”.
Em nota de rodapé acrescenta ainda que “termo kuailou ou kuai-lou (diabo branco) constitui um lexema que, não designando apenas especificamente os portugueses (antes os ocidentais), os teve, porém, entre os seus principais referentes, assinalando, de forma marcada, a oposição ao tôu-sán-chai (filho da terra). É, nos bairros mais tradicionais, ainda usado pela população mais idosa”, esclarece Laurentino Neves.
O autor detalha, naturalmente, o que pretendeu com este trabalho: “Analisar representações sociais e traços de estereotipicidade dos portugueses construídos por mulheres chinesas de Macau”. A partir deste objectivo geral, seria possível, nomeadamente, “identificar situações de contacto e de distância intergrupal”, “apreender atitudes e preconceitos face aos portugueses” ou “explorar perspetivas de futuro para a língua portuguesa em Macau, como factor de integração dos portugueses no território”.

Imagens positivas …
De uma forma muito genérica, “o estudo conclui que as representações sobre os portugueses são, no essencial, de pendor positivo e exibem uma abertura à proximidade social e à participação desta comunidade nas dinâmicas sociais da Região Administrativa Especial de Macau. Mas assinala também áreas de potencial maior conflitualidade na defesa, pelo endogrupo - as 175 mulheres de etnia chinesa, residentes em Macau, entrevistadas por João Laurentino Neves –  de áreas vitais de afirmação dessa nova ordem social pós- transferência”. Noutro capítulo,  o agora mestre em Relações Interculturais escreve que “efetivamente, as imagens sobre os portugueses são globalmente positivas, no sentido em que as marcas estereotípicas identificadas remetem para traços positivamente valorizados quer na cultura do grupo próprio das inquiridas quer, de facto, na cultura do exogrupo [os portugueses de Macau]”.
O estudo refere em concreto a “predisposição significativamente elevada manifestada pelas inquiridas para a proximidade social com portugueses”.
Na parte em que discute os resultados, o autor destaca por exemplo  as “competências sociais dos portugueses, de modo particular a sua simpatia, e a forma como abordam a vida (vista como despreocupada e divertida) mereceram uma significativa valorização positiva pelo endogrupo”, sendo que “os dados apontam no sentido da existência de uma considerável predisposição para atitudes de proximidade social”, ainda que “a avaliar pelos dados ao nível do contacto efetivo, a prática social parece, no entanto, estar ainda longe desta predisposição de princípio que a recolha efetuada com recurso à escala de proximidade social parece sugerir”.

Ainda assim ....

Em determinadas áreas, contudo, “as imagens construídas perdem a positividade e a predisposição para a proximidade recua face a outras”. Uma delas é no “Trabalho”: “Não apenas os estereótipos sobre os portugueses são, nesse campo específico, marcados pela negatividade, como diminui a predisposição para a proximidade quando as relações nesse campo envolvem uma perda de poder do endogrupo, definido através de relações hierárquicas favoráveis a portugueses”. Daí o autor falar em espaço de “potencial conflito social”, citando outro autor. João Laurentino Neves explica mais à frente: “Se é bem aceite a ideia de ter colegas portugueses não o é, como vimos, a de ter chefes portugueses, cuja média do nível de concordância se situa mesmo a um nível que pode ser considerado não positivo”.
Outra área, descrita na dissertação como de “recuo”, verificou-se ao nível das relações interindividuais, “que impliquem a abertura a portugueses de alguns espaços socialmente mais simbólicos (o casamento, o namoro), denotando a intenção de que eles se mantenham preferencialmente no espaço de controlo do endogrupo”.
Chegado a este ponto das conclusões, o autor questiona: “Que espaço entende, pois, o grupo de referência dever existir para uma presença de portugueses no novo contexto político-jurídico de Macau e qual a qualidade dessa presença?”.
A resposta não parece ser animadora: “Apesar do reconhecimento conferido à importância que a presença portuguesa até 1999 assume para o ambiente social, económico e cultural atual da RAEM, não é particularmente significativa a concordância manifestada pelo grupo de referência relativamente à concessão de autorizações de residência e de trabalho aos portugueses na RAEM na atualidade”, defende o autor. “Por outro lado, a qualidade dessa presença parece ter igualmente perdido impacto no processo de construção da RAEM. O reconhecimento que é conferido à importância dos portugueses até 1999 não é acompanhado por um reconhecimento significativo do seu papel atual, se se tomar como referência a sua pertinência relativa face a outras comunidades. A representação expressa de que os portugueses não se distinguem, em termos de importância, face a outras comunidades migrantes, apesar desse capital acumulado no passado, parece também apontar para uma necessidade de preservação, por parte do endogrupo, de uma nova ordem social que chame a si a liderança dos processos e diminua o espaço de ação de outros”.
Um dado mais: as mulheres de etnia chinesa inquiridas pelo investigador entendem que “os portugueses vêem tendencialmente os chineses como inferiores” o que terá “certamente implicações ao nível da referida qualidade da participação reservada aos portugueses no desenvolvimento da RAEM”.
A importância da língua portuguesa
É aqui que entra a relevância da língua portuguesa, quando se analisam os “vestígios da presença portuguesa que concorrem para a singularização de Macau no contexto da RPC, tanto uma necessidade (reconhecida na Lei Básica da RAEM), como uma oportunidade”.
Nas conclusões da dissertação, João Laurentino Neves dá conta de uma certa ambiguidade face à prevalência e à importância do idioma de Camões:  “(…) Se o seu estatuto como língua oficial parece recolher o consenso entre as inquiridas, o mesmo não se regista relativamente à obrigatoriedade do seu ensino curricular. A decisão deve, assim, do seu ponto de vista, permanecer sob sua opção individual, não se tratando, portanto, de um conteúdo identitário”, assinala o director do IPOR. Neves acrescenta que “o interesse significativo (de que as próprias inquiridas são exemplo) em torno da aprendizagem de uma língua que, apesar de ter acompanhado largos anos de administração portuguesa, pouco foi difundido entre a comunidade chinesa parece, assim, assentar numa representação essencialmente instrumental – a língua portuguesa está associada a uma perspetiva de mobilidade profissional (e social) que decorre, em larga medida, de opções estratégicas conjunturais da política da RPC. Por si só, este interesse pelo Português poderá, por este motivo, não alavancar mais e melhores contactos e relações intergrupais, nem constituir oportunidade adicional para portugueses”.
O PONTO FINAL contactou o director do IPOR com o objectivo de avaliar a disponibilidade para abordar  algumas das questões suscitadas pela dissertação, mas João Laurentino Neves defendeu que a própria tese fala por si: “Pelas suas características, a reflexão efetuada tem um contexto e um alcance próprios. Apenas me parece oportuno salientar que reforça a importância da inclusão e da promoção de competências interculturais em todas as intervenções de carácter formativo, onde se inclui o ensino de línguas.”
Como foi feito o estudo?

A partir da pergunta-base “Exibem as imagens dos portugueses construídas por mulheres chinesas de Macau traços favoráveis ao desenvolvimento de relações intergrupais positivas com os portugueses, abrindo espaço à participação destes na construção da RAEM?”, João Laurentino Neves juntou “175 mulheres de nacionalidade chinesa residentes em Macau, que frequenta[va]m, no momento da recolha, formações em Língua Portuguesa oferecidas pelo Instituto Português do Oriente, a cujo acesso tínhamos facilitado”.
Houve uma amostra inicial de 50 mulheres “composta por 30 estudantes, 12 funcionárias públicas e 8 quadros de empresas locais, com habilitações que se situam entre o ensino secundário (22) e o ensino superior (28), de quatro faixas etárias pré-definidas: menos de 20 anos (20), 21- 30 anos (14), 31-40 (12) e 41-50 anos (4)”.
Num segundo momento, “– o inquérito principal – participaram as 175 mulheres que compunham a amostra, pertencentes aos mesmos grupos etários de -20 anos (53), 21-30 anos (83), 31-40 (34) e 41-50 anos (5). São naturais de Macau 148 das participantes no estudo, enquanto 26 (14,86 por cento) nasceram na China continental e 1 (0,57 por cento), tendo nacionalidade chinesa, nasceu na Birmânia. Os dados recolhidos referentes à sua ocupação situam 38,29 por cento como estudantes - 22,29 por cento dos quais no ensino secundário (39) e 16,0 por cento no ensino superior (28) - sendo 46,86 por cento (82) funcionários da administração pública da RAEM, 13,71 por cento (24) trabalhadores por conta de outrem em empresas e 1,14, por cento (2) trabalhadoras por contra própria”.
O autor explica ainda que se socorreu do “acompanhamento por parte de um tradutor no processo de construção dos instrumentos de recolha e no tratamento da informação recolhida (nas questões abertas e semiabertas) e que recorreu a três inquiridores de língua materna chinesa, que conduziram a aplicação dos instrumentos de recolha, explicitando-os aos inquiridos. Por fim, Neves privilegiou a utilização do chinês tradicional nos caracteres chineses usados nos instrumentos de recolha distribuídos”.
O novo mestre em relações interculturais não deixa que lembrar que “registando as limitações que a seleção da técnica de amostragem operada trouxe ao estudo em termos da sua representatividade, assim não assegurada, fez o mesmo, no entanto, apelo a uma amostragem não probabilística por conveniência assente, essencialmente, em razões operacionais”.






A tese de João Laurentino Neves sobre as imagem dos portugueses radicados no território e as relações interculturais entre as duas comunidades historicamente mais relevantes da RAEM pode ser  acedida na íntegra em https://repositorioaberto.uab.pt/bitstream/10400.2/5296/1/tesecompletamar2016.pdf

sábado, 25 de junho de 2016

Uma história contemporânea de sucesso: SANTO ANTÓNIO DOS CAVALEIROS *

* de lugar a vila (1967/actualidade)

IMAGENS CONTEMPORÂNEAS de M.A., com história disponível de Pinharanda Gomes, por certo, na documentação pública da Câmara Municipal de Loures e/ou na Biblioteca Nacional




A procissão na aldeia






sexta-feira, 24 de junho de 2016

Actualidade: sair ou não sair, eis a questão


Do lido, o sublinhado: a Grã-Bretanha e os outros *


* Reler John Bull, de Ramalho, no dia em que se verifica alguma (pelo menos, aparente) turbulência no Poder Executivo de Sua Majestade

"... Tu viajas digna e honradamente para aprender. És o primeiro de todos os touristes profissionais; és o mais completo e perfeito viajante de todo o Mundo. Entras numa cidade seriamente, religiosamente quase, como entra numa biblioteca o estudioso que se quer instruir. Não tens preferências antecipadas nem opiniões preconcebidas. Todos os fenómenos te interessam por igual modo, e com igual escrúpulo os escrituras e relacionas dia a dia no teu caderno de notas. Equipas-te com incomparável perfeição, ninguém tem melhores estojos, nem melhores malas, nem mais confortáveis plaids, nem mais leves capacetes de sabugo, nem mais sólidos sapatos de marcha. A isso reúnes a petulância da personalidade no exercício da tua missão. Pouco se te dá que te apontem ao dedo, que te achem caturra ou maníaco: prossegues impassível com o teu mapa e o teu guia debaixo do braço, o teu binóculo, os teus lápis de desenho e de escrita, o teu álbum, a tua fita de medir, a tua lente, o teu memorandum - book nas algibeiras.

Vês tudo, não passas por alto um monumento, uma galeria, uma colecção, uma curiosidade local."

E assim dizes ao mundo o que és e como governas ...



quinta-feira, 23 de junho de 2016

Visita "de estudo" aos bastidores do Beatriz Ângelo



Não se preocupem: tentarei ser um ausente presente - nas leituras que, dos outros, vou procurar fazer, quando não me estiverem a "mexer na ferida ..."

Espero, já agora, que, entretanto, ler não doa. Embora não tenha a certeza se terei "vagar" para digerir as mais de 700 páginas d' "O Estranhíssimo COLOSSO", de Agostinho da Silva, que me acompanhará nas horas vagas.

Com auxílio dos médicos e enfermeiras (podem ser enfermeiros) espero, no meio de tudo, superar eventuais dificuldades. Aliás, as equipas do B.A. vão ter uma oportunidade única: ver parcialmente as entranhas do que, dizem os registos, é, para todos os efeitos, o primeiro habitante da hoje vila de Santo António dos Cavaleiros, que aqui se reconfessa.

Até breve! Quando neste espaço não me lerem, já sabem que estou, noutro lado, a "armazenar material" para o próximo futuro. Entretanto, Boas Férias! Que eu vou ver como é por dentro o que, edificado, por fora, parece de bom cimento.

Almada Negreiros lembrado por Júlia Coutinho


















Mãe!
Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei!
Traz tinta encarnada para escrever estas coisas!
Tinta cor de sangue, sangue verdadeiro, encarnado!
Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Eu ainda não fiz viagens e a minha cabeça não se lembra senão de viagens!
Eu vou viajar. Tenho sede! Eu prometo saber viajar.
Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um.
Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa.
Depois venho sentar-me ao teu lado.
Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei,
tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.
Mãe! ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado!
Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa. Como a mesa.
Eu também quero ter um feitio que sirva exactamente para a nossa casa,
como a mesa.
Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!
Almada Negreiros (que a minha amiga e ex-colaboradora Júlia Coutinho me acaba de lembrar). 

Saudades de Londres


"Hot pants", novidade, motivo de fotografia


Beatriz Ângelo, nome de cidadã e médica ilustre




"O Hospital Beatriz Ângelo (sigla: HBA) é um hospital multivalente integrado no Serviço Nacional de Saúde (SNS) sito em LouresPortugal. A sua data de inauguração é 19 de Janeiro de 2012. O serviço de urgência geral, último momento do processo de abertura do HBA, abriu em 27 de Fevereiro de 2012. Foi construído e é operado no sistema de parceria público-privada.
Entre as suas valências médicas e cirúrgicas, contam-se uma área de diagnóstico e terapêutica, um hospital de dia médico para a área de oncologia, unidade de dor e diálise, um serviço de urgência geral, de pediatria e de ginecologia-obstetrícia e uma maternidade . Conta ainda com 44 gabinetes de consulta externa, 8 salas de bloco operatório, 5 salas de parto, 3 salas de cesarianas e 64 postos em hospital de dia.
O seu nome homenageia a médica portuguesa Carolina Beatriz Ângelo (1877-1911), republicana, maçon e activista política."


DIÁRIO
Por razões não políticas, irei, dentro de dias, visitar/homenagear, espero, o/a Beatriz Ângelo, na parte norte de Santo António dos Cavaleiros. Até breve! Entretanto, continuarei aqui com quem quiser fazer-me discreta companhia.Voltarei dentro de poucas semanas.Contadas a partir de 27 do corrente.

MACAU- Condomínios: Governo quer mecanismos de mediação mais eficazes




by Ponto Final
O objectivo é evocado no âmbito da lei sobre a administração das partes comuns do condomínio, que vai prever a utilização de uma entidade independente do Governo, à imagem do Centro de Arbitragem do World Trade Center, para evitar “conflitos de interesses”.

João Santos Filipe
"O Governo quer que os mecanismo de mediação sejam mais utilizados e eficazes na resolução de diferendos entre os condóminos, nomeadamente no que toca à aplicação de sanções internas. Este é um dos objectivos da nova lei sobre a administração das partes comuns do condomínio, que pretende evitar que as discórdias acabem nos tribunais da RAEM.
Neste sentido, além dos serviços de mediação e arbitragem que podem ser efectuados no Centro de Arbitragem de Administração Predial do Instituto de Habitação, que é uma entidade pública, o Governo quer que os moradores em litígio possam igualmente recorrer a uma terceira parte ou organismo independente.
“Com os regimes actuais em vigor, os resultados do Conselho Arbitral não conseguem ser satisfatórios porque as pessoas não os usam. Nos últimos anos só houve 3 ou 4 casos com resultados satisfatórios”, explicou ontem o presidente da 2.ª Comissão Permanente, Chan Chak Mo, organismo que se encontra a discutir a lei na especialidade.
No serviços de mediação, as duas partes chegam a um acordo conciliatório, que coloca um fim ao caso. Mas se esse acordo não for conseguido, é pedido ao Conselho Arbitral do Instituto de Habitação, enquanto entidade imparcial, que faça a arbitragem do caso e tome uma decisão.
No final, se uma das partes não concordar com a decisão do IH, pode levar a questão para o tribunal, que é o passo que o Governo quer evitar. No entanto, o Governo quer que a mediação e a arbitragem seja também feita por uma terceira entidade, nomeadamente nos casos em que possa haver “conflitos de interesse” na actuação do Instituto de Habitação, explicou o presidente da 2.a Comissão: “O Governo ainda não explicou quem vai ser a terceira parte responsável pela arbitragem. Ainda não sabemos o nome”, disse ainda Chan Chak Mo.
No entanto, foi explicado na reunião que esta entidade deve funcionar num modelo semelhante ao Centro de Arbitragem do WTC de Macau, que opera no Centro de Comércio Mundial de Macau, na Avenida da Amizade. Esta entidade privada tem como objectivo a resolução de diferendos com meios alternativos não contencioso.
Aliás não está afastada a hipótese de ser mesmo este Centro de Arbitragem a assumir essa função. O Centro de Arbitragem do WTC foi criado em 1998 e tem como presidente do Conselho Geral o deputado Chui Sai Cheong, de acordo com o portal online da entidade, que é também membro da 2.ª Comissão Permanente.

Além disso estão envolvidos nos trabalhos do centro, o deputado Gabriel Tong Io Cheng, como árbitro, sendo também membro da 2.ª Comissão Permanente da AL, e Tommy Lau Veng Seng, membro da 3.ª Comissão Permanente."

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Santo António dos Cavaleiros: lembrar o Arq. Gonçalo Teles e...

Correndo o risco da repetição, mas, das suas muitas intervenções VERDES, além do Jardim da Gulbenkian, e da ligação entre o Parque Eduardo VII e Monsanto, em Lisboa, bom é não esquecer o que ao Arq. Gonçalo Teles se deve na concepção e acompanhamento do que hoje é, nomeadamente, grande parte da zona verde envolvente do espaço inicial que, em Santo António dos Cavaleiros, é fruto da sua sensibilidade de grande paisagista.

Já agora, homenagem também a quantos/quantas a têm conseguido preservar e... e aumentar. Para que convívio não seja apenas conversa de café para políticos de bancada ...


... e quantos, ao longos dos anos, o continuaram 
- para que verde continue sinónimo de convívio ao ar livre.


MACAU: Au Kam San quer mais estátuas das personalidades que marcaram o território











by Ponto Final

"O deputado sugere ao Governo que as personalidades que dão o nome às ruas do território tenham estátuas das individualidades em causa. Além disso, defende que as ruas com nome de cidades estrangeiras deviam ser caracterizadas como essas cidades.
O deputado Au Kam San quer que o Governo instale estátuas das personalidades que dão o nome às ruas da cidade, de forma a aproximar a população do território onde vivem e a propiciar um maior conhecimento sobre a história local. O pedido foi feito numa interpelação escrita, enviada no passado dia 10 ao Governo, no qual também é destacado o potencial turístico que esta sugestão pode acrescentar ao território.
“Muitas ruas têm o nome de pessoas, mas à excepção das estátuas de Xian Xing Hai, próxima da Avenida Xian Xing Hai, e da estátua de Sun Yat Sen, à entrada do parque Sun Yat Sen, as ruas só têm mesmo os nomes das pessoas”, começou por escrever o legislador.
A afirmação não é, no entanto, totalmente correcta uma vez que por exemplo o Jardim de Camões tem uma estátua do poeta, assim como também existe uma junto do Jardim do Carmo:  “Todas estas pessoas têm uma história ligada a Macau. O Governo não pode construir estátuas de bronze e explicar porque razão estas pessoas foram escolhidas para dar o nome às ruas? Era uma solução que promovia a história de Macau e aumentava a oferta de entretenimento na cidade”, defendeu o pró-democrata.
Entre os nomes das pessoas mencionadas e que podiam ter estátuas, Au Kam San refere o Comendador Ho Yin, pai do antigo Chefe do Executivo, Edmund Ho, o Governador Jaime Silvério Marques e o comerciante Anders Ljungstedt: “A anterior Câmara Municipal de Macau escolhia os nomes das ruas com base em cidades ou pessoas que tinham ligações com a história de Macau. Estas histórias fazem parte do território e como tal as pessoas de Macau deviam conhecê-las”, frisou.
Em relação às ruas com nomes de cidades, tal como as ruas de Roma, de Bruxelas, Coimbra, Porto, Goa, Pequim, Xangai ou Nagasaki, o pró-democrata pediu ao Governo que além de placas a explicar a atribuição do nome, que as caracterize com uma decoração que recorde estas cidades.
“Pode o Governo encorajar as lojas, através de subsídios, a adoptarem um decoração do estilo das cidades que dão o nome às ruas? Assim as pessoas conseguiriam facilmente identificar através da decoração se estava na rua de Londres ou Xangai”, explicou.
“Era um ponto que ia interessar aos turistas. Por exemplo, se um turista italiano chegasse a Macau e visse a Rua de Roma, depois podia ficar a saber entre a relação entre as duas cidades. Isto ia causar uma boa impressão sobre Macau e tornava-se num activo ao nível do turismo e lazer”, defendeu.


Já agora, ruadojardim7 recorda, com base no oportunamente publicado no mesmo jornal macaense:

"Maio de 2011

A maldição da estátua de Ferreira do Amaral

Foi o primeiro acto de ‘soberania’ da China, ainda em 1990. E a estátua de Ferreira do Amaral foi enviada para Lisboa, onde esteve quase uma década encaixotada. A última de muitas peripécias foi o seu recente entaipamento.

João Paulo Meneses
Nas últimas semanas apareceram na net (nomeadamente no blogue Macau
Passado) algumas imagens da estátua do governador Ferreira do Amaral, que vieram reforçar a má imagem que a generalidade da opinião pública, com interesse nesta área, tem sobre a colocação em Lisboa da referida estátua.
Essas imagens mostram a estátua emparedada por contentores de uma obra e sem visibilidade pública no jardim do Bairro da Encarnação, em Lisboa, onde se encontra desde o início deste século.
A situação foi entretanto resolvida, como as mais recentes imagens captadas pelo PONTO FINAL demonstram, mas não foi possível apurar o que levou os responsáveis a optar por tapar literalmente a frente da estátua. Os contactos feitos via e-mail para a Câmara de Lisboa ficaram sem resposta.
As obras, do metro de Lisboa, que vai passar naquele local, foram entretanto desviadas para o outro lado do jardim e apenas resta um mini-contentor numa das pontas desse espaço.
Quanto à estátua, há a registar o vandalismo de uma ‘tag’ e a deterioração da placa informativa, ali colocada no início deste século, que indica: “João Maria Ferreira do Amaral (1803-1849) Militar ilustre e Governador de Macau de 1846 a 1849. Morto, em 22 de Agosto de 1849, perto da porta do Cerco em Macau. A estátua, de autoria de Maximiliano Alves, foi inaugurada em 24 de Junho de 1940 e removida de Macau em Novembro de 1991. Representa Ferreira do Amaral defendendo-se dos seus agressores”.
A primeira ordem da China
Durante 51 anos a estátua esteve no mesmo local, tornando-se um ex-líbris da imagem do território, até pela presença, mais recente, do Hotel Lisboa – resistiu, portanto, ao “1,2,3”. 

E conferindo a Ferreira do Amaral um estatuto singular, o de único governador de Macau com uma estátua em Macau. Monsenhor Manuel Teixeira dizia muitas vezes que Ferreira do Amaral fora o único que merecera uma estátua.
Mas tudo se alterou na Primavera de 1990, quando o então responsável chinês pelos assuntos de Hong Kong e Macau, Lu Ping, disse que a China gostaria que fossem removidos os símbolos ou monumentos coloniais antes do final do período de transição. A declaração, que provocou muita polémica e foi criticada pelas autoridades portuguesas, pode ser vista hoje como uma espécie de pré-transferência do exercício da soberania.
A verdade é que, pouco mais de dois anos depois (Outubro de 1992), a estátua era retirada de Macau e enviada para Lisboa. A decisão final foi do governador Rocha Vieira, que herdou o problema do seu antecessor Carlos Melancia. Este, em declarações ao PONTO FINAL em 1999, explicou que “não quis deixá-la ao ‘Deus-dará’ para provavelmente ser submetida a vexames depois de 20 de Dezembro de 1999”.
Já o seu sucessor considerou que a estátua era a evocação de “um momento histórico entre Portugal e a República Popular da China num conflito que existiu e que hoje não tem sido recordado”.
A verdade é que, no momento da retirada, a justificação foi outra: obras na zona para construção do parque de estacionamento subterrâneo (e o ‘culpado’ foi o arquitecto que ganhou o respectivo concurso e que defendeu a remoção).
Ambos os ex-governadores garantem que se esforçaram para que fosse encontrado um local digno para a estátua em Lisboa ou noutro local. Mas a verdade é que o monumento esteve, quase toda a década de 1990, encaixotado num armazém da Direcção Geral do Património, até ser escolhido o discreto jardim do Bairro da Encarnação, junto ao aeroporto de Lisboa.
Rocha Vieira chegou a confessar que tentou que o monumento ficasse no antigo Jardim Colonial, mas sem sucesso.
A escolha do Bairro da Encarnação suscitou diversas críticas (por não haver qualquer ligação a Macau ou ao contexto histórico e por ser uma zona demasiado discreta da cidade), tal como a opção de anular o elevado pedestal que existia em Macau (ver foto).
Mas a família do governador, nomeadamente os seus trinetos Augusto (investigador histórico) e Joaquim (então ministro das Obras Públicas) Ferreira do Amaral, aprovou as várias opções. Augusto chegou a dizer que se trata de “um local muito digno, onde está muito bem”. Sobre o pedestal de Macau, “não faria sentido”, tendo sido construído outro, bastante mais baixo.
Já a autora do livro “Transição de Macau para a Modernidade, 1841-1853”, Maria Teresa Lopes da Silva, considerou que a estátua ficaria melhor num museu. E o ministro Ferreira do Amaral chegou a sugerir que fosse a Marinha, a que o seu trisavô pertencia, a assumir a colocação.
O discurso censurado
A ‘maldição’ de Ferreira do Amaral não atingiu apenas a estátua. Um dos mais caricatos episódios da administração portuguesa em Macau envolve um discurso censurado, porque o seu autor fazia algumas referências ao governador morto em 1849. Foi no 10 de Junho de 1990, na ressaca das afirmações de Lu Ping. Dias Loureiro era o representante do Estado português nas cerimónias do 10 de Junho mas ficou retido em Londres e não pôde ler o discurso que preparara. O então governador Carlos Melancia censurou o texto que Dias Loureiro não pôde ler, por entender que as referências elogiosas que o ministro fazia a Ferreira do Amaral eram desadequadas. O episódio – ainda hoje recordado – teve muito impacto, porque a versão original do discurso foi conhecida e, portanto, também as alterações que o então governador entendeu fazer.
A mini-mini-estátua
Não é uma estátua, nem nada que se pareça, aliás nem passa de uma pedra, mas dizem os registos que a rocha que se encontra no jardim do templo de Lin Fung (no Iao Hon, entre um viaduto e uma agência do Banco da China) é uma referência directa ao local onde Ferreira do Amaral foi morto. A pedra, com o símbolo português de então, um brasão da monarquia, é praticamente o que resta da memória do primeiro governador português em Macau, se exceptuarmos a praça com o seu nome. A pedra foi colocada no local do ataque, uma zona que era um descampado e que ficava na estrada para as Portas do Cerco, a poucas centenas de metros. A pedra não faz qualquer referência ao sucedido nem tem qualquer outra indicação escrita, o que contribuiu para que nunca tenha sido vista como um perigo, ao mesmo tempo que é desconhecida da esmagadora maioria da população de Macau.
No cemitério dos Prazeres
O seu trineto Joaquim disse um dia que “depois de ter sacrificado a vida, aceitou postumamente ser removido de Macau”. O envio da estátua foi, aliás, a segunda viagem de Ferreira do Amaral de Macau para Lisboa. Depois de assassinado em Agosto de 1948, o seu corpo foi trasladado para o cemitério dos Prazeres, em Lisboa, onde ainda se encontra. Para Monsenhor Manuel Teixeira, Ferreira do Amaral foi tanto “o governador mártir” como aquele que “ocupa o lugar cimeiro da história de Macau”. Enviado de Lisboa “para fazer disto Portugal”, disse também o padre-historiador, Ferreira do Amaral obteve várias vitórias, a principal das quais ter aberto caminho ao Tratado de 1887, que reconhecia a ocupação perpétua de Macau (e que a China nunca ratificou)."

terça-feira, 21 de junho de 2016

Memórias longinquas de uma viagem ao Rio



A história conta-se em poucas palavras: chegado ao Rio de Janeiro num Infante D. Henrique a transbordar de entusiasmo (150 anos da Independência do Brasil), máquina fotográfica a tiracolo, eis-me, deixando de lado, num primeiro entusiasmo, a companhia apeada mais ou menos dispersa pelas mesmas razões de alegria, de repente (quase como se fosse "milagre"), vejo-me frente a uma delegação da ... da lusa Caixa Geral de Depósitos, isto é, diante do primeiro sinal português, edificado, da lusa presença ... E, sem pensar duas vezes, "rapo" do "kodak" e ... e zás: "já cá canta a primeira imagem do Portugal" deixado à beira-mar duas semanas antes ...

Só que ... só que, minutos depois, mais adiante, em presença do Real Gabinete Português de Leitura, entrei e ... e mal o tinha feito, fui surpreendido a olhar para os livros que lhe "forram" as nobres paredes - e aconteceu o "inevitável" na circunstância: um polícia à paisana a perguntar aos responsáveis pelo histórico Gabinete quem é que eu era  ... que tinha cometido a ilegalidade de fotografar ... fotografar a entrada da ... da filial carioca da lusa Caixa Geral de Depósitos ... da minha alegria ... antes de entrar para o Real Gabinete...

Foi um embaraço - logo desfeito, numa altura em que o entusiasmo de reencontrar Portugal em meio carioca, explicou os factos ... E me deu, finalmente, a oportunidade maior de ver uma das primeiras edições de O Lusíadas. E "tudo se transformar ..." Depois de ter apagado o negativo da entrada do luso banco e ... e feito prova de que não era gatuno ... Gatuno, no caso, descarado ...(não faltaram as testemunhas, companheiras de viagem, que logo se aproximaram ...).

aFUNDAdado

  Cita-se Artur Portela Filho e dá-se um "salto à retaguarda" fundamentado (1973), como se fosse hoje

"O teatro português actual não é uma profissão mas uma probabilidade. E no campo das probabilidades admite-se tudo e todos. O que se faz é, apenas, parte daquilo que podia ser feito. Declara-o o autor. Sugere-o o encenador. Deixa-o entrever o actor. Insinua-o o crítico. Mas se, de súbito, o teatro português deixasse de viver em estado de emergência - seria um drama para grande parte daqueles que, hoje, dizem-se ser esse teatro. Se o teatro português se fizesse profissão, técnica, exigência, o autor, para o ser, seria obrigado a produzir essa coisa tremenda - teatro autêntico. O encenador, para o ser, teria de pôr de pé essas coisas penosas - encenações modernas. O actor, para o ser, ver-se-ia na necessidade de estudar essas coisas esmagadoras - interpretações válidas. O crítico, para o ser, teria estrita obrigação de pensar e redigir essas coisas subtis - críticas úteis.

Porque o teatro em Portugal vive em condições difíceis daí não resulta que seja impossível. Exactamente para que ele seja possível, em normalidade, em eficiência, em cultura, serão meritórias as tentativas. Mas essa dificuldade é, apenas, um obstáculo. O fim não é fazer textos de emergência, encenações de emergência, interpretações de emergência, críticas de emergência. Esse estado de emergência em que se vive e dentro do qual se trabalha é um obstáculo - não pode ser um alibi de mediocridade.

O teatro português actual é uma casa de comédia dilatada. Somos todos aprendizes de teatro - autores, encenadores, actores, crítico e público. Que alguns levam a aprendizagem excessivamente a sério e encontrem em si autoridade para dizer que está tudo mal menos eles, os autores, ou eles, os encenadores, ou eles, os actores, ou eles, os críticos, não altera positivamente a situação.

(...) Amar o teatro não chega. Em alguns casos, o teatro português é prejudicado por excesso de amor. Esse amor não devia ser mas é condição suficiente para quantos ocupam os palcos e as colunas da crítica.

Esse amor pode ser uma atenuante. Mas desajeitado como é, por falta de profissão, de métier, prejudica o teatro. Em alguns casos, gravemente. Porque faz mal o que está a fazer. Porque substitui aquilo que devia ser feito.

A situação do teatro em Portugal é tão injusta que, nele, é extremamente fácil ter razão. Razão têm-na todos. Não há teatro porque não âmbito. Mas não há âmbito porque não há teatro. Não há espectáculos porque não há textos. Mas não há textos porque não há espectáculos. Não há actores porque não há companhias. Mas não há companhias porque não há actores."

segunda-feira, 20 de junho de 2016

FARRAPEIRO 2016 - no Dominguizo (concelho da Covilhã)

                                    FARRAPEIROS 2016 - 7ª Edição - 24, 25 E 26 JUNHO

                 Tasquinhas/Artesanato/Quermesse/Diversão e Muita Animação
   "Festa Tradicional realizada anualmente na aldeia do Dominguizo, concelho da Covilhã.
   
     A Festa tem como principais objectivos homenagear a figura do Farrapeiro,           tradicional do Dominguizo e trazer alguma vida e animação à nossa aldeia                        durante um fim de semana sempre recheado de muitas surpresas e folia."

Artur Portela Filho, SIM!


Tenho bem presente o ambiente que se criou em Santa Catarina (Lisboa) na altura em que o JORNAL NOVO era O JORNAL (vespertino)... e Artur Portela Filho, o respectivo director. Não é que, politicamente, estivéssemos sempre do mesmo lado (nem eu tinha importância que justificasse OPINIÃO), mas, tendo lido e guardado tudo o que, no "nosso vespertino", foi escrito, apetece-me agora como que "RESSUSCITAR" as palavras ditas, com naturais adaptações à realidade vivida HOJE. E atrever-me a pedir, sem prejuízo da sua saúde, que PORTELA diga de sua justiça - com a verdade que achar, baseada na queiroziana intensidade posta, em devido tempo, nos seus escritos anti-gonçalvistas e outros:

Portugal - O DESEMPREGO

Portugal - O FAZ QUE ANDA MAS NÃO ANDA

Que bastariam para "calar" sorrisos e, quiçá, trazer de volta a revista à portuguesa, sem ressuscitar QUADROS, quadros de revista ou não ...

MACAU: "Se aconteceu em Hong Kong também pode acontecer em Macau"



by Ponto Final

A questão dos livreiros desaparecidos e as acusações de violação da Lei Básica do território vizinho levantam dúvidas em Macau. Em causa está a detenção de residentes de Hong Kong e Macau no Interior da China por actos praticados nas regiões administrativas e legais à luz das respectivas Leis Básicas.

João Santos Filipe
"As acusações de Lam Wing Kee, um dos cinco livreiros que desapareceram no Interior da China, sobre o alegado atropelo da Lei Básica por parte das autoridades chinesas foram negadas por um dos outros livreiros, Lee Bo. Mesmo assim a preocupação gerada pelo caso não foi afastada e em Macau também há quem assuma as suas dúvidas.
“Estamos a falar de um episódio que aconteceu com a facilidade que se viu em Hong Kong e por isso acredito que o mesmo possa acontecer em Macau. Aliás, algumas pessoas já estão a dizer que se hoje acontece em Hong Kong, amanhã vai acontecer em Macau e daqui a um ano vai acontecer em Taiwan”, afirmou o politólogo Larry So, em declarações ao PONTO FINAL.
Porém, o antigo professor do Instituto Politécnico de Macau sublinhou que na RAEM os editores e vendedores de livros parecem  não exportar as polémicas obras para o Interior da China ao contrário do que acontece em Hong Kong: “Agora estamos numa fase em que as duas partes se acusam de mentir. Mas creio que uma grande parte da população de Hong Kong acredita que Lam está a dizer a verdade. As pessoas acreditam que Lee Bo negou as afirmações por causa dos problemas com as autoridades chinesas. Acham que ele está a tentar encobrir algumas coisa e proteger alguém”, frisou.
Numa conferência de imprensa, Lam Wing Kee afirmou que tinha sido detido no Continente, sem ter tido a possibilidade de contactar um advogado ou falar com a família. A suposta acusação deveu-se ao envio por correio de livros de Hong Kong para território da República Popular da China.
Por sua vez, Agnes Lam, académica e presidente da Associação Energia Cívica, considera legítimo que uma pessoa que quebre as regras do Continente possa ser investigada e detida pelas autoridades se passar a fronteira. No entanto, defende que as regras têm de ser bem claras e que as autoridades têm de informar com rapidez as autoridades de Macau e Hong Kong, bem como as respectivas famílias:
“Na China existe o entendimento que a liberdade de imprensa não é tão alargada como a nossa em Macau e Hong Kong. Anteriormente sabíamos que havia livros com os quais se podia entrar no Interior da China, mas o envio de livros por correio não é claro. Isso tem de ser escrito claramente para as pessoas saberem como actuar”, afirmou, ao PONTO FINAL.
Apesar de tudo, há outro problema que surge, isto porque uma pessoa pode actuar legalmente segundo as leis de Macau, mas estar a violar a legislação da República Popular da China: “As pessoas que actuam legalmente em Macau e Hong Kong precisam de saber muito bem se vão encontrar problemas no Interior da China quando passam a fronteira. Isto tem de ser muito bem esclarecido”, frisou a académica.

Já Jason Chao, vice-presidente da Associação Novo Macau e activista pró-democrata, considera que este caso vai restringir incontornavelmente a liberdade das pessoas: “Agora existe o perigo que as autoridades chinesas sigam o exemplo deste caso e haja uma aplicação “de facto” das leis do Interior da China em Macau e Hong Kong. Até para actos que não sejam realizados no Interior da China, o Governo Central pode prender as pessoas em questão, assim que elas passem a fronteira”, explicou, ao PONTO FINAL.
“Vai ser mais perigoso para os residentes de Hong Kong e Macau viajarem ou viverem no Interior da China porque assim que passam a fronteira, deixam de estar protegidos pela Lei Básica. A longo prazo, esta situação vai fazer com que o residentes deixem de exercer os direitos que lhe estão consagrados na Lei Básica”, defendeu o activista."

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