Bom suar

Sugestão feita. Mapa consultado. Alguma controvérsia nos pormenores. Malas aprontadas. Bordéus à vista para uma estada inédita, isto é, com alojamento fixo, durante um mês. Exactamente um mês.

Disfarce: "emigrantes..."

Para tentar perceber... Com os conhecimentos da língua francesa disponíveis fora do dicionário - para o trivial. Nem muitos, nem poucos, os indispensáveis. Indispensáveis para o "como é que se vai para..." "Onde é que é..." "Quanto custa..." "A que horas..." Coisas assim.

Não ignorando, à partida, que um, embora pouco treinado, conhecia mais palavras francesas do que o outro... Como acontece, de resto, na generalidade, em tudo, com a maior parte dos casais: um arranha francês, outro arranha inglês; um é mestre em arte gestual, outro é um alho em desenrascanso; um é muito dado, outro é a ousadia que lhe sobra; um é homem, outro é mulher. Em teoria, pelo menos, o encaixe perfeito para a exigente e, às vezes, cansativa marcenaria da vida fora de portas. Na desigualdade, o equilíbrio na acção: conhecer, com a proximidade possível, o dia-a-dia de gente diversa em meio francês.

Não foi fácil. Faltou em "stress" emigratório o que sobrou em...anedota. Registo aqui, para já, o eventualmente divertido.
Conversa a dois:

- Quando, ao fim do dia, já um pouco cansados, passarmos na recepção do hotel, lembra-te que, em princípio, vais suada, mas safisfeita de tanto observar nos meios em que vivem "os nossos"...

Diz em voz alta: é BOM SUAR. Um BOM SUAR que se oiça...Vais ver que te esboçam um sorriso concordante - sem se aperceberem da subtileza linguística... E como a coisa não excederá o mês de estada, em tudo, bastará, realmente, apenas o trivial... Para o caso de se ser emigrante, bom, para o caso de ter que se ficar mais tempo, teriam que se estudar mais frases ... à falta de melhores soluções...

Finalmente,tudo somado, regressámos...

Seria muito cansativo ter que inventar todos os dias...para ter, pelo menos, um carro amarelo... A vida está má em todo o lado.