quarta-feira, 12 de setembro de 2012

CIVEC - "antiguidades"

Nas mais de 3000 mensagens publicadas na ruadojardim7, o Google "insiste" nas suas estatísticas que a que  dediquei ao CIVEC/Modatex está no meu "top ten" das visitas.

Sublinho a simpatia com a foto que acabo de descobrir ...


Instantâneo (3-0 - no futebol e no hóquei, ontem)

Portugal! Portugal! Portugal!

terça-feira, 11 de setembro de 2012

As finanças do Zé

Não tendo podido ir à rua inspiradora deste blogue, que, apesar de tudo, fica longe da varanda onde, atrás das grades, tenho visto o mundo nos últimos dias, dei-me ao trabalho de telefonar a meia dúzia de companheiros de banco (banco de jardim, entenda-se) a propósito da conferência de imprensa do ministro das Finanças, e as frases mais repetidas que ouvi foram:

1. "Continuaremos lixados ..."

2. "Dizem que vão actuar fiscalmente sobre os altos rendimentos ... Porra, até que enfim!" (sorte para quem vive no rés-do-chão ..., gracejou um dos meus amigos).

3. Será acelerada a convergência entre o sector público e o sector privado (houve quem, ex-trabalhador do privado, tenha largado também um até que enfim ... E falado na acarinhada "herança de Salazar ...").

"O momento é grave", disse eu, em boa paz telefónica.

- Greve? - perguntaram-me.

- Não! Grave. Deixem ver ...

- Vou gravar.

NOTA de banco ( 9 )


segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Antunes Ferreira - o da Travessa

Passou aqui ao lado o Antunes, o da Travessa do Ferreira, e logo me apeteceu "meter-me com ele". Mas ... mas ainda não vai ser desta. Percebeu-se que não ... Se, entretanto, alguém da sua intimidade entrar na ruadojardim diga-lhe, por favor, que lhe deixo um grande abraço, embrulhado nos sinceros votos da melhor saúde. Para que (reza a "acta") comamos juntos o previsto almocito, enquanto falamos de Goa da nossa saudade e largamos as bocas que possam fazer bem ao fígado...

M.A.

Atrás das grades ( 4 ) - Estatísticas


Aqui, atrás das grades (da minha varanda), onde o pensamento me foge para a progressiva e irrequieta mexida que me é feita no porta-moedas, sem que se diga abertamente, por exemplo, se isto foi coisa do outro, ou se é culpa deste ... 

Os factos:

Nas chamadas "horas de ponta", de 15 em 15 minutos, cumprem-se as carreiras do costume - só que (estatística a olho ...), agora, não sei porquê, os autocarros passam mais vazios do que em estios passados ...

A pergunta:

Será resultado do desemprego ou anda por aí muito mais gente "à boleia"? Gostaria de saber. O que sei é que, além de tudo, se verifica que aumentou a presença de fiscais - a ver quem não paga ... O que, não sendo nada de especial, deve ter uma certa influência nas estatísticas do Emprego ... Mas não compensa, claro.

Jogos Paralímpicos - registos via TV ( 4 )

Para os brilhantes entrevistados 
da CERCI Lisboa-Espaço da Luz, 
com um cordial abraço
   








domingo, 9 de setembro de 2012

Da pré-história da vila de Santo António dos Cavaleiros

A inauguração das novas instalações da Junta de Freguesia de Santo António dos Cavaleiros, a cuja abertura não tive oportunidade de ir, enquanto "morador mais antigo" da hoje vila,  está a provocar-me uma, pessoalmente saudosa, ida a papéis velhos, que, de resto, quando "redescobertos", tenho procurado fazer chegar a quem de direito.

Mas hoje, agora mesmo, acabo de encontrar, digamos, a pré-história da Junta. Do que, de facto, é uma Junta: o momento em que terá começado a sentir-se uma certa necessidade de governar, de gerir, de algum modo, haver um centro de apoio de ... 

Pretexto para convidar quem, amável, aqui chegue, a ler a cópia de uma carta datada de Dezembro de 1968, que se anexa a esta brevíssima mensagem. Está, como se deixa ver, dirigida ao presidente da Câmara de Loures e refere uma audiência a propósito daquilo a que se chamou, à falta de melhor, Secretariado-Geral de Santo António dos Cavaleiros. Visava, numa primeira aproximação, a existência de uma espécie de congregação de administrações das propriedades horizontais que constituíam a maior parte das habitações então existentes. E, pude testemunhá-lo, foi muito, mas muito bem recebida. Apenas semanas depois se percebeu que havia quem andasse a procurar saber qual era a "orientação" da iniciativa ... Mas isso ...

E foi assim. Anos mais tarde, chegou o Poder Local e se não houve congregação de vontades a nível da propriedade horizontal, surgiu um clube, uma associação de moradores e ... e a seguir a inevitável Junta de Freguesia, agora mais crescida e com fato novo.

Atrás das grades ( 3 ) - O teatro











A minha varanda com grades é uma espécie de camarote do Teatro D. Maria II, em Lisboa, com, apesar de tudo, uma diferença importante: neste espaço, embora pague Imposto Municipal para estar, faço-o apenas duas vezes por ano, tantas quantas as prestações a que as disposições oficiais obrigam. Mas é difícil lugar melhor e mais cómodo: vejo, oiço e imagino. Sobretudo, imagino, o que, a bem dizer, não tem preço. Por aqui, diria, de algum modo, desfila o quotidiano de quem passa, anónimo ou não. Limito-me a estar a apanhar ar ... Sem dormir.

Hoje, por exemplo, a uns dez metros das grades passou uma mulher, sozinha, que se queixava, em voz alta, da vida ... Pareceu-me que, no caso, a situação teria contornos graves. O que não percebi é se a mulher estava a falar consigo própria ou ao telemóvel ... Mas lá que, se não era, parecia, parecia grave: "ele sabe que me deixou dois filhos para ..."

E assim estamos nos intervalos dos oficiais discursos: a falar sozinhos. Na esperança que alguém nos oiça.

Voluntariado - mesmo!

Cheguei, jantei, atribuíram-me funções jornalísticas, li, fui aplaudido, quiseram publicar ...

"Ser.
Mal cheguei, no meio de acolhedoras saudações, disseram-me: SERVIR.

Fiquei a pensar.


Servir? Sim, concordei: Servir! Isto é, Ser - inteiro. Isto é, revolucionar com as armas do sorriso.


Ser, Servir, Trabalhar, Solidarizar(-se) - tudo na mesma página do dicionário. Isto é Abraço sem holofotes; Amor - discreto, mas consequente. Poema. Timor - ontem e agora: acção. Comunidades portuguesas longe do berço: entreajuda. Camões e Pessoa: Ser Português pelo entendimento. Também fora dos encontros com acta.


Em África, nas Américas, no Oriente. Em Portugal.

No Mundo. Onde estiver o Outro, Lion ou nâo.
Multiplicar as dezenas pelas dezenas e conquistar milhões, biliões de companheiros.

Fomentar a amizade. Abraço contra sorriso, ou nem isso.

Colaborar, Sentir, Transformar. Viver com. Sem algemas mentais, sobretudo.
Acreditar e, em última instância, ser Lion sem o ser "de papel passado". Mas ser. Para olhar em frente e construir. Em cada gesto.
Economizando palavras, multiplicando obras. Cilindrando utopias em nome de novas utopias. E, assim, Estar, propondo: no campo, aos da fruticultura, mais uvas com, se possível, menos parras.
Na Escola, aos escultores da juventude, mais saberes e menos egoísmos.
Para que a fraternidade cresça, o voluntariado prolifere e a paz se instale.
Num abraço toda a Humanidade."

Não sei o que se passou (ou sei?), mas ... mas durante meses ... NADA! Até que me fartei, disse o que tinha a dizer e, finalmente, ao abrigo da função que me tinham cometido, publicaram. E quis deixar de, "de papel passado" ser Lion. E passei, pouco tempo depois, a tentar ser útil à CERCI Lisboa, em particular, ao seu Espaço da Luz e à revista SOMOS que, enquanto existiu (dois anos), contou com a disponibilidade de que os Lion "não precisaram", apesar do entusiasmo com que me receberam ao jantar e me atribuiram, "na hora", funções ...

É assim a vida. Percebe-se que, às vezes, tudo, afinal, se passa dentro de uma capoeira. Pobres pintos ...

sábado, 8 de setembro de 2012

Atrás das grades ( 2 ) - As cores da pele











Há anos que estou aqui atrás destas grades. E se há coisa que, sentado na minha cadeira de repouso, me espicaça o bestunto são os tons da pele de quem passa. E não apenas no Verão, com as eventuais idas à praia dos que vêm sentar-se na relva ou "desfilam" a caminho dos supermercados da zona. Não! O que acontece é que, ou porque Portugal hoje é melhor do que a Guiné; ou porque Cabo Verde é agora menos apelativo do que Portugal; ou porque em Angola, por muito bem que se esteja, "há menos democracia do que na Europa" - a verdade é que a cor da pele de quem passa, em certos dias, dá a ilusão, p'ra quem aqui vive atrás das grades de uma varanda, que o que, na verdade, se verifica é que a população que circula, não sendo negra, está, em média, agora longe de ser branca - branca TIDE ou OMO. 

Prémio Literário Vitorino Nemésio ( 5 )

(Epílogo do epílogo da obra premiada - e nota final MA)

"(...) Na pátria, o homem assume, mesmo sem suspeitar, todos os problemas do país, porque todos lhe dizem respeito ainda quando ele viva isolado, exclusivamente virado para si e pense que lhes é indiferente. Pode estar convencido de que tudo o que à sua volta se passa não o toca, mas basta que ele seja transplantado para a terra do exílio para sentir a falta daquilo que supunha não lhe fazer falta nenhuma, mesmo que ali tenha resolvidos os imediatos e instantes problemas da sua subsistência.

Quer queira, quer não, ele é uma peça, minúscula embora, duma grande engrenagem, um elemento dum mundo onde, mais do que simples presença, é uma função, porque, mesmo inconscientemente, participa num destino que o transcende.

Enquanto pode viver na sua pátria, o homem fez parte dum universo de relações morais que o tornam comproprietário dum grande património que apesar das infinitas variáveis que o compõem, se conserva sempre uno e igual a si mesmo. Está sujeito a uma multiplicidade de vínculos que sustentam a personalidade sem que ele se aperceba disso. É assim como vivência instintiva de que ele apenas toma consciência quando dela é privado. Mas quando isto acontece, não é só esse vazio, raiz da saudade, que o afecta, é também uma sensação de insegurança interior, uma espécie de desintegração do eu como consequência do desaparecimento que moral e psiquicamente o definiam e o situavam num espaço do universo humano. Então fica sem apoio, sem amarras, sem âncora no mar da existência, vogando à deriva como no meio das ondas o barco cujas velas se romperam ou cujo motor se avariou.

Não, ali não era o espaço em que ele pudesse ser aquilo que é. Lembrava-se duma visita que, ainda jovem, fizera ao Rio de Janeiro. Como tudo agora era diferente! Nessa altura a cidade aparecera-lhe toda ela denguice e sorrisos brejeiros, como um corpo coleante que vai subitamente sair-vos ao caminho e envolver-vos nos seus braços sensuais. Ficara encantado. É que então era apenas um hóspede e por isso a cidade se lhe mostrara revestida das suas melhores galas, cheia de colorido e sugestões amáveis. Hoje, ele já não é um hóspede, mas um vagabunda sem eira nem beira que, embora contra a vontade, se apresenta para ficar. E a cidade muda a sua face. Agora ele é um ser reservado que vê nele um "penetra", um intrometido que abusando da hospitalidade, se vai portar como vilão em casa do sogro.

Não, isto não era, nem podia tornar-se a sua pátria, apesar de ser portuguesa a língua que ali se ouvia falar. Mas a língua não basta; a língua só vale porque é uma expressão do homem, porque é a sua presença, a presença da única realidade em função da qual as coisas existem com a aparência de existirem por si. A pátria, como tudo o que é abstracção, só se compreende através das realidades concretas que lhe servem de suporte, isto é, através do homem. A pátria é a torrente humana de que somos pequenas partículas que vem de longe, se prolongará pelo tempo fora e cujo curso, apesar de assentar num espaço físico, é o caudal de espírito onde unicamente cada um de nós pode reconhecer-se.

Lembrando a afirmação de Sartre de que o inferno são os outros, o Ulisses concluía: " a pátria são os outros que connosco se criaram no mesmo recanto da terra ... até aqueles que tudo fazem para nos tornar a vida um inferno."



NOTA FINAL M.A.

Para quê este epílogo? Escrevi (enfaticamente, convenhamos ...)no princípio destas NOTAS que "ía reflectir" sobre o assunto. Não sei  agora se lhe posso chamar reflexão, mas ... Penso que, do júri, já não está quem possa responder às perguntas que apetecem ... Mas, se estivesse, dir-lhe-ia que, enquanto autor da sugestão para que existisse um Prémio Vitorino Nemésio, nunca pensei, por muito justo que fosse, que a novela ganhadora terminasse assim, em forma de panfleto. Mas está explicado o seu "desaparecimento" das livrarias. 

Entretanto, a ideia de um prémio com o nome do Mestre, mantém-se. Para obras de ficção. Nem, com sinal contrário embora, o Levantado do Chão, de Saramago, terá ido "tão longe ..." Não, não e não a panfletos ganhadores de prémios para livros de ficção. Ao menos, ponha-se "sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia." E o leitor que pense ... Sem epílogos deste tipo a "ajudar"...

Pretende-se contar uma história, pretende-se ficção e ... e no fim, faz-se um relato do que se queria dizer? ... Não gostei do que li.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Atrás das grades ( 1 ) - Gente que passa











Atrás das grades, das grades da minha varanda, em dias de calor como o de hoje, sento-me a ver gente  passar. E passam crianças aos pulos, e passa gente "de todas as cores" nas lajes que esmaltam o verde fresco da relva. Passam os atletas para o ginásio que lhe fica perto. Passam avós e netos. E gatos fugidios e cães atrelados ou não. Ao longe, uma cascata apressa águas para, mais além, o lago e o banho das aves que chegam sabe-se lá donde ... É fácil, da minha varanda, imaginar o paraíso, digo eu, apesar de tudo, um pouco hesitante, confesso. Hesitante porque ... porque não há dia que, no meio da verdejante paisagem, não apareça, qual resto de eventual bela refeição em casa plena de mimos, uma bela (na forma), castanha (na cor) cagada de cão, eventualmente, por lapso, ou por falta de tempo, deixada esquecida por quem, inebriado com o meio envolvente, se esquece de a recolher.

Mas gosto deste "estar atrás das grades" da minha varanda e, para ser verdadeiro, cumpre-me deixar aqui expresso, por isso mesmo, um fundada esperança: a merda na rua, a merda vista da minha varanda é cada vez menos ... Há uma educação que, como a cascata que daqui vejo, tende a levar tudo à frente... A caca também. Com o apoio do pessoal da jardinagem e de quem o orienta, sem dúvida.

Apesar de tudo, é bom viver neste atrás das grades que o Verão consente - enquanto a população canina não aumenta. Eu que trabalhei tantos anos em jornais, já me lembrei, confesso, de, na varanda, ter sempre à mão uma porção de exemplares antigos para oferecer aos donos distraídos, mas, confesso, tenho receio de que a respectiva tinta de impressão faça mal aos rabinhos dos cachorros, não vão os respectivos donos, apressados, impedir que a merda caia na verdejante relva.


Palavras cruzadas ( XIV ) - Escrever









Aquilino Ribeiro

"Que escrevia eu? Escrevia com mão vertiginosa e espírito trepidante, a torto e a direito, contos, novelas, ensaios. Até uma peça de teatro garatujei. Escrevia em estilo difícil e alcandorado, dum barroquismo inexcedível, matizado de latinismos e plebeímos pitorescos, com os olhos numa realidade entrevista através de lentes mais grossas que vidro de garrafa.Escrevia e, felizmente insatisfeito com o que escrevia, rasgava."

José Régio

"Ideal mais permanente do meu estilo: fundir, na frase, a arquitectura e a música, o rigor e a fantasia reveladora."

Miguel Torga

"Estou perdido. Já não tenho nem forças para dobrar as palavras e organizar com elas um texto onde sejam imprevisíveis, ressuscitem com nova vida e não lhes sinta a degradação."

Vergílio Ferreira

"Escrever. Quando a minha sedução máxima é hoje dormir. E escrever que não tenho vontade é paradoxal. Porque se não tenho vontade, não devia escrever sequer isso. Mas escrevo. Não sei bem porquê."

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Prémio Literário Vitorino Nemésio ( 4 )

(continuação 
do Epílogo da obra premiada)




















"(...) A experiência - dizia-me ele numa das últimas cartas que me escreveu do Rio - desperta virtualidades insuspeitadas, é como chave abrindo, uma vezes na dor, outra na alegria, misteriosos escaninhos do espírito. Não se trata verdadeiramente dum enriquecimento que o homem receba do exterior, mas da descoberta de mundos ignorados que dentro dele existiam. A experiência é a varinha mágica que de momento a momento nos desvenda as nossas próprias paisagens interiores. Por isso o espírito é como um universo em expansão, refazendo-se continuamente dos materiais de que é formado. "Há uma coisa que eu agora compreendo muito bem - estas as suas palavras - é o drama do exilado."

Compreendera-o porque o senti na sua pele; e analisava-o, quem sabe se na esperança de o superar, como um cientista analisa um fenómeno do mundo exterior.

Lembrava as pequenas coisas do seu quotidiano alfacinha: o café que frequentava, o bairro em que vivia e os rostos que nele se lhe tinham tornado familiares, a actividade profissional que exercia, os camaradas de trabalho ou de clube, a família, os amigos, as reuniões festivas, os cinemas, os teatros, as livrarias por onde, de vez em quando, passeava as suas curiosidades intelectuais, as ruas que constituiam o grande cenário do dia a dia aparentemente desordenado da multidão. Tudo isso lhe fazia falta, tudo isso lhe era insubstituível como um todo incidível a que estava implacavelmente ligado.

Também ali, no exílio, havia livrarias, cafés, cinemas, teatros e se podiam criar amizades, arranjar uma profissão, travar relações para preencher o espaço vazio que dentro de si se formara. É que todas essas coisas só tomam relevo emotivo e nos penetram intimamente quando a gente que as anima coexiste connosco num projecto de vida, projecto racionalmente informulado, mas que nem por isso deixa de dar sentido ao mundo de cada um de nós. E ali, no Brasil, aquelas coisas, apesar de idênticas às da pátria, conformavam um outro projecto em relação ao qual era um intruso inassimilável.

De resto estava velho, destituído, portanto, daquele mínimo de plasticidade moral que permite que no ser se imprimam ainda novos hábitos, gostos, maneiras de existir.

É certo que trouxera consigo a família, mas até ela tinha algo de diferente porque também ela sofria dum vazio semelhante ao seu."

Prof. Adriano Moreira - 90 anos!

Parabéns, Professor Adriano Moreira! Concorde-se ou não, sempre, com o que diz ou escreve, 90 anos são 90 anos e a imagem que permanece, independentemente das opiniões expressas, é a lucidez com que continua a escrevê-las ou a verbalizá-las. Obrigado!

Recordo, a propósito, palavras suas in Os Portugueses no Mundo (1980) que tive a honra de subscrever, com o apoio da Secretaria de Estado da Emigração e Comunidades Portuguesas, e, na hora do lançamento desse trabalho em livro, a sua estimulante presença no Grémio Literário, em Lisboa.

"A Rota do Cabo
(...) A dependência, sem remédio, em que a sua economia (África do Sul) está da mão-de-obra negra; a impossibilidade de implantar uma política de desenvolvimento separado das etnias que não se defronte com a necessidade do convívio em todas as actividades; o clamor que tal convívio determinará sempre a favor da igualdade de tratamento; a certeza de que a desestabilização das retaguardas será objectivo permanente da estratégia indirecta, que tratará de agudizar todos os conflitos; o apoio à determinação política dos activismos negros, que decorre da onda de triunfos que rola de norte para o sul do continente, percorrendo em sentido inverso a trilha do sonho imperial britânico que, do Cabo ao Cairo, cortou pelo meio todos os outros pequenos projectos ocidentais, tudo torna extremamente provável que a paz da sociedade civil esteja condenada a uma ruptura aguda e não acidental.

O interesse português é o da manutenção dessa paz, não apenas pelo bem geral dos povos, mas também, e especialmente, por causa das centenas de milhares de portugueses que vivem naquele território e que seriam envolvidos num eventual desastre."

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Hospitalidades

Ao certo, ao certo não se sabe como, checos (marido, mulher e dois filhos) foram para Portalegre, luso interior que o mapa de estradas não esqueceu, mas de que o combóio fica longe. A verdade é que o meu cunhado, perguntado em língua gestual (ou inglesa?) que terra era aquela, terá feito todo o possível para ser claro e tanto gosto, pelos modos, terá manifestado nisso que, para corresponder a sorrisos e ansiedades, se prontificou a fazer de guia - e até a oferecer, à boa lusa maneira, a pernoita nos quartos que tinha disponíveis nas assoalhadas de dois pisos e no sótão que cobria toda a superfície da sua própria casa, não alugada sequer a ninguém - nunca.

Com tal hospitalidade, os checos ficaram encantados, terão revisto nos livros de turismo checo/inglês ou, no essencial, checo/português rumos a seguir, mas foram-se deixando ficar - não sem, no dia seguinte, penso eu, numa visita guiada à cidade e às Tapeçarias, que, se Portugal era hospitaleiro, o Alentejo e, em particular, Portalegre e o meu cunhado não lhe ficavam nada atrás ...

Despediram-se, bem comidos e dormidos, na manhã imediata e foram a caminho de Praga com o convite para aparecer, ele, meu cunhado e a família, na bela e hospitaleira capital checa ... Trocaram lembranças.

O meu cunhado ficou com o endereço checo e, passados meses, aproveitando uma ida a Budapeste, ali ao lado, eu, que não tinha estado em Portalegre na altura da "visita guiada", fui postal e amistosamente apresentado, enquanto português e familiar chegado. Em resumo acabei por, meses depois, tudo acertado e viabilizado por escrito, com toda a calma, já a noite ía alta por força da chegada nocturna do avião e das necessárias ligações periféricas a partir de Praga (a família checa vivia nos arredores da capital...), chegar a casa dos meus anfitriões que eram, sem tirar nem pôr, os mesmos que tinham sido recebidos em Portalegre com requintes de simpatia. Já passava, entretanto, da meia-noite, depois de uma viagem de autocarro de um terminal rodoviário de Praga até ... até à última paragem de um local de que não consegui fixar o nome.

Fui recebido nuns subúrbios "à luz das velas", digamos, toquei a uma campaínha, apareceu, no silêncio da noite (ufa), um rapaz  que me pediu para tirar os sapatos, me emprestou uns chinelos e, em linguagem gestual, me indicou um quarto, uma casa de banho e ... e assim estive, com chave da casa embora, nos arredores de Praga (arredores-Praga - Praga-arredores) uns três ou quatro dias, sem quase ter conhecido os usufrutoários da lusa hospitalidade meses antes. Gostei muito de Praga. É uma cidade lindíssima. Mas isto sabe-se. Há muita literatura que o descreve. Embora tenha coisas que não chegam aos calcanhares de Portalegre...

Pensear no Jardim ( 1 )

Com Vergílio Ferreira








Prémio Literário Vitorino Nemésio ( 3 )

(continuação do Epílogo da obra premiada)

"(...) Ora em 1974 abriram-se as portas para o espaço de liberdade, mas logo elas estiveram em risco de serem de novo fechadas e agora, se isso acontecesse, seria de uma vez para sempre, pois volvido pouco tempo os silenciados de ontem começaram a dar sinal de quererem arvorar-se no silenciadores de amanhã, não já em termos de mero acidente que por se enfeitar com uns rudimentos de filosofia política se crê realidade substancial, mas em coerência com uma doutrina que elimina definitivamente a função crítica e fiscalizadora da consciência individual. Então percebeu Ulisses que muitos dos que com ele se insurgiam contra o Governo não era pelo desejo de liberdade, mas tão só porque a ditadura não era a ditadura deles.

Generalizava-se o sentimento de que todo o homem que tinha alguma coisa de seu era um explorador do povo, e, em obediência à mística que assim se formava, os empregados da empresa que sempre tinham sido amigos de Ulisses assenhoreavam-se dela e mandaram o dono apanhar gambozinos.

- Era o povo - conforme explicou um político de alto coturno - tomando nas suas mãos a gestão dos seus interesses.

Viu-se o Ulisses sem dinheiro porque todo o que tinha o investira na empresa, e sem qualquer meio de subsistência. Dirigiu-se, por isso, a vários influentes políticos que nada puderam ou quiseram fazer. Procurou então um dos manda-chuvas da revolução a quem deu conta da expoliação de que estava sendo vítima.

- Homem - disse-lhe este - você não compreende que uma revolução é isto mesmo?! Como queria você que se fizesse uma revolução?!

Das várias portas a que bateu foi sacudido como lacaio do imperialismo, e acabou por ir parar ao Brasil onde, graças a um emigrado português que aí se radicara, conseguiu empregar-se como monitor num liceu do Rio de Janeiro.

Lá tem permanecido, enfrentando as dificuldades económicas e as agruras do exílio, com a coragem e até com uma pitadinha de humor."

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Os Jogos Paralímpicos e a Declaração de Madrid

A propósito dos Jogos Paralímpicos em Londres, lembrar a Declaração de Madrid (2002) no Congresso Europeu sobre deficiência, que falou de um universo de 50 milhões de europeus com deficiência:

"NÃO às pessoas com deficiência como objecto de caridade... SIM à pessoas com deficiência como detentoras de direitos.

NÃO ao colocar a tónica sobre as incapacidades individuais. SIM à eliminação de barreiras, à revisão das normas sociais, das políticas, das culturas e à promoção de um ambiente acessível e sustentável.

NÃO ao etiquetar das pessoas como dependentes ou não empregáveis ... SIM à enfatização das aptidões, assim como à disponibilização de medidas efectivas de apoio.

NÃO ao desenho de processos económicos e sociais para alguns ... SIM ao desenho de um mundo flexível para todos.

NÃO a uma segregação desnecessária na educação, no emprego e outras esferas da vida ... SIM à integração das pessoas com deficiência nas estruturas regulares.

NÃO a uma política de deficiência como um assunto que diga respeito a ministérios ... SIM à inclusão da política da deficiência como uma responsabilidade colectiva de todo o governo."





SIM A LONDRES 2012!


Dizer bem ( 2 )

Pode, eventualmente, ser precipitado, mas de tal maneira o Zé enche a boca com o que, entre nós, não funciona ou funciona mal, que, sem perda de tempo, aí vai: 

caixa alta, no caso, para o HOSPITAL BEATRIZ ÂNGELO, no concelho de Loures, recentemente inaugurado. 

Se à funcionalidade aparente do edifício corresponder a eficácia na acção, EXCELENTE! 19 valores! Vinte é só quando, se não se importam, na acção, o "cenário" puder ser esquecido.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

O fantasma da "mot de Cambronne"

A sugestão é de trazer por casa, despenteada, quase em pelota, mas cheia, cheia, muito cheia de boa vontade. Ah, é verdade: não aparece aqui por encomenda partidária ou outra vinda do exterior. Não começa por COMPANHEIROS ou por CAMARADAS. Começa assim: caro frequentador "desta coisa", caro conviva da ruadojardim e, em particular, deste banco que não é do Jardim, mas de jardim, a ideia pode não ter especial interesse, mas ...

Vamos fazer uma lista nacional do TOP TEN.

Onde estamos em 10º lugar, queremos subir ao 9º lugar

Onde estamos em 9º lugar, queremos subir ao 8º lugar

e assim por diante

de tal modo que onde estivermos em 2º, por exemplo, o objectivo seja sermos os melhores,


no Desporto, modalidade por modalidade
na Agricultura e, dentro dela, na ... no ... na ...
na Pecuária. idem, aspas ...
na Electrónica, o mesmo raciocínio.

Hoje já não será bem assim, mas todos sabemos que houve uma época em que bastava dizer que era alemão ou suíço e ficava-se logo a pensar em QUALIDADE. Dir-se-á que é um problema de Educação. Seja. Mas adaptemos e façamos uma espécie de "gestão por objectivos". Objectivos mobilizadores. Com a RTP, por exemplo, a prestar com regularidade o "serviço público" de incitamento, a partir da divulgação sistemática, organizada ...

Aqui há uns anos falava-se, por exemplo, na excelência das nossas conservas ... E agora?
No atletismo éramos falados ... E hoje?

Agora ficamos todos contentes com as proezas do futebol. Ok! Mas chega?

Criemos prémios nacionais para o chouriço, o melhor chouriço, por exemplo.

"Isso requer uma sociedade sem classes", dirão alguns. Qual história?!... O que requer é uma vontade nacional determinada, mobilizada - com objectivos claros e divulgados com inteligência. Sector por sector. Se necessário, produto a produto, ou actividade a actividade.

Com uma certeza: qualquer gargalhada ou simples sorriso a propósito deste "post", para o seu autor é apenas isso mesmo, mas não garantiu nada ... O que pode é levar-me, levar muita gente a repetir comigo, baixinho, a "mot de Cambronne ..." E ter pena.




Prémio Literário Vitorino Nemésio ( 2 )

É sabido: o leitor "desta coisa" não quer muita prosa. Bem lhe basta quando se trata de tudo o que cheira a pornografia ou a mexericos ... Aí torna-se insaciável, dizem a estatísticas Google. Não posso, por isso, tentar aqui (se para tanto tivesse engenho e arte ...) "falar" do conteúdo do livro que ganhou o Prémio Vitorino Nemésio. Aliás, quem seria eu para tamanha ousadia?!... Mas salto para o epílogo e, com ele, para aquilo que me parece ser a síntese que o autor(es) merece(m). É um final datado como, de algum modo, terá sido o raciocínio do júri que o apreciou e votou. E quem sou eu para dizer que mal ou bem. A questão estará, eventualmente, em saber-se em que medida uma situação pontual, fruto de uma época, pode, ou não, ser tomada como um caso para reflexão - sem distanciamento histórico. Se é que o que é literariamente "bem esgalhado" tem que ser sempre um retrato de alguém ou de alguma coisa ... Pela parte que me toca, não é importante, mas ... não é obrigatório haver na história ... uma moral da história ... O BELO, o Belo pode ser suficiente. Ou o fundamental. Mas não é o caso. Digo eu, que não sou critico literário.

Transcreverei em dois ou três "posts" da parte final do livro que ... que, não é belo, mas tem marca ... Outra. Para reflectir. Hoje. Ainda. Talvez ... "O que é que acha, Professor?..."

"... Os noivos vieram viver para Lisboa, onde o Ulisses se lançou num empreendimento de produção de rações para animais. Ao cabo de alguns anos de trabalho persistente, de dificuldades de vária ordem, de luta contra circunstâncias adversas, de problemas de conjuntura económica, a empresa vingou e o Ulisses passou a ter uma vida menos sobrecarregada de preocupações. Repartia-se entre a família e as actividades da empresa, o que não o impedia de se interessar pelos assuntos do país e pela forma como eles eram tratados e solucionados. Mas se os actos estritamente administrativos do Governo não o deixavam indiferente, a circunstância de os cidadãos estarem impedidos de os apreciar e de sustentar os seus pontos de vista, feria profundamente a sua sensibilidade de homem livre. Para ele a liberdade de pensar e traduzir o pensamento em acção política era imperativo de dignidade humana. A ditadura, portanto, repugnava-lhe. Embora não participasse em actividades políticas, era, contudo, hostil ao Governo e não escondia essa hostilidade. Impedir a manifestação da opinião alheia era, em seu entender, uma autêntica desonestidade, e neste entendimento fundava a sua ética política. Que autoridade - afirmava Ulisses - poderia ele ter para condenar regimes de partido único em que a consciência individual está necessariamente maneetada, se transigisse com a ditadura por mais que ela se prevalecesse de trabalhos e obras em prol da colectividade?

Ora em 1974 ..."

domingo, 2 de setembro de 2012

NOTA de banco ( 8 )


Santo António dos Cavaleiros ( 5 ) - Museu

Disseram-me que está em organização o Museu da Freguesia e como cá em casa somos velhos fregueses, a acrescentar ao que aqui se "divulgou", nomeadamente em 26 de Agosto findo, aqui fica mais esta "preciosidade" - com selo de garantia ...

Prémio Literário Vitorino Nemésio ( I )

Um dia, por força da proximidade, soltou-se a ousadia: bati à porta e, no meio do expediente a despacho, com a força interior possível, apalpei o terreno: " ... e se o jornal, que, a certa altura, foi dirigido por Vitorino Nemésio, instituisse um prémio literário com o seu nome?..."

Percebi um nim, o que, "para começar, num jornal teso, não está mal ...", pensei. Nos dias seguintes rondei a ideia ao mesmo interlocutor e ... passado pouco tempo anunciava-se a iniciativa à cidade e ao mundo, mais ou menos assim:

"... presta homenagem ao seu antigo director e decide criar o Prémio Literário Vitorino Nemésio, para romance ou novela ... tal, tal e tal ..."

Passo à frente que o espaço, sendo muito, destina-se a leitores com pressa: o Prémio foi criado, teve mais de uma dezena de concorrentes, que submeteram as suas obras a um júri de gente ilustre das Letras, presidido por António Quadros e ... e, finalmente, houve um vencedor (com a obra inédita "Polidoro Banazola ou A história duma apoteose") que, em cerimónia repleta de sorrisos, num salão do Casino Estoril, recebeu o Prémio Literário Vitorino Nemésio.

Tenho agora aqui o livro distinguido, a que, em próximas mensagens, farei uma ou outra menção. Para já, lembro os autores:

Cruz Andrade e Raúl d'Andrade, numa edição dos Estúdios Cor.

Mas ... mas não só ... Começo pelo ... pelo PREFÁCIO da obra e, a propósito das eventuais compensações de quem publica, uma citação que apetece:

"QUALQUER MOTIVO (...) SÓ PODERÁ OFERECER A COMPENSAÇÃO MUITO INTIMA DO PRAZER DE CRIAR, PORQUE AS COMPENSAÇÕES DE ORDEM MATERIAL E MUNDANA PODEM OS HOMENS COLHÊ-LAS POR VIAS MAIS FÁCEIS E CÓMODAS. MAS ESSE PRAZER É UMA VIVÊNCIA ESTRANHA À PARCELA VEGETATIVA DO HOMEM, NÃO DERIVA DELA, NEM A ELA SE DIRIGE. É DA ALÇADA EXCLUSIVA DO ESPÍRITO. EMBORA EXISTA TAMBÉM EM OUTRAS ACTIVIDADES, TEM A SUA MÁXIMA EXPRESSÃO NA ACTIVIDADE ARTÍSTICA, E É TÃO DISPENSÁVEL AO FUNCIONAMENTO DO ORGANISMO HUMANO QUE, EM CERTA MEDIDA OBVIAMENTE SUBJECTIVA, NOS SUPER-HUMANIZA."

Raul d'Andrade

É isso. Hei-de continuar. Em honra do homem do "Se bem me lembro ..."

Jogos Paralímpicos - registo via TV ( 3 )


CERCI Lisboa - Espaço da Luz

Cláudia Castro: "a coisa que gosto mais de fazer é natação.
Sei nadar crawl, mariposa e costas.
Já fui aos campeonatos de natação, fui a primeira a nadar
e ganhei o primeiro prémio."

in CONVERSAS DIFERENTES de M.A.





sábado, 1 de setembro de 2012

(Júlio) NEIL ARMSTRONG - nos arredores da Terra

    Na hora do seu falecimento, um registo 
a propósito do primeiro homem que foi à Lua:                    

                            Neil Armstrong




As gaiolas da "liberdade" em Macau

O bairro de Alvalade, em Lisboa, na parte directamente vizinha do Campo Grande, foi construído, ao que julgo saber, para, a preços "moderados", alojar famílias que viviam, nomeadamente, em Braço de Prata, onde, a certa altura, foi necessário, por motivos de reformulação urbana local, proceder a demolições.

As casas de Alvalade, de lado para a avenida da Igreja (lado Norte) deram lugar a uma quatro ou cinco ruas novas, traseiras com traseiras. No espaço entre estas traseiras foram autorizados pequenos quintais com medidas bem definidas, o que, sem se ver do alcatrão da rua, deixou espaço para couves, flores, galinhas, patos ou, pura e simplesmente, relva e baloiços para as crianças.

Estive dezenas de anos sem lá voltar. Até que um dia destes "fui ver"... E fiquei a pensar naquele sociólogo que, quando viajava e queria saber "mais" acerca da terra visitada, optava por uma incursão pelas traseiras dos prédios, onde segundo ele, encontrava "o povo" ... Pois bem, lamento escrever que, em Alvalade, Lisboa, se ninguém, nos últimos anos fez nada pelo saneamento das traseiras dos seus prédios, o que lá está é uma mata, quase sem caminhos, onde se acumulam lixos, dejectos de animais, porcarias as mais diversas ...

Infelizmente, é assim. Mas ainda se fosse só em Alvalade ... Mas não: visitem-se, por exemplo, alguns bairros das zonas límitrofes da capital lisboeta, ou outras, e ver-se-á, ver-se-á, "em todo o seu esplendor", a educação que, no fundo, em nome dos mais estranhos argumentos, foram levados do interior de cada um para as traseiras de muitos prédios, cujas fachadas ... não passam disso ... Com mais vasinho, menos vasinho.

Nem de propósito, o filme sobre Macau que ontem passou na RTP 1 trouxe à memória o passeio matinal dos pássaros que muitos macaenses têm em casa. Vou tentar descrever, com um exemplo, o que acontece a partir de uma gaiola trazida daquele ex-território sob bandeira portuguesa.


Repare-se na sucessão:
 a argola do fundo,
faz com que, quem lhe pegar no gancho de cima, transporte outra gaiola suspensa por baixo (2ª imagem).
E assim sucessivamente,
até à altura de possível suspensão. Normal, portanto, é uma pessoa (é vulgar observar-se) levar duas ou três gaiolas "a passear" ao jardim.

Exemplar em tudo, mas sobretudo no AMOR aos pássaros, aos quais, assim, é fácil dar a possibilidade de cantar  "ao ar livre".

Oportunidade, já agora, para lembrar Alvalade, em Lisboa, e o seu esterco interior.
E ... e os cocós que por aí se deixam a infectar a paisagem urbana ...
Tudo em nome de quê?...








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