domingo, 2 de setembro de 2012

Prémio Literário Vitorino Nemésio ( I )

Um dia, por força da proximidade, soltou-se a ousadia: bati à porta e, no meio do expediente a despacho, com a força interior possível, apalpei o terreno: " ... e se o jornal, que, a certa altura, foi dirigido por Vitorino Nemésio, instituisse um prémio literário com o seu nome?..."

Percebi um nim, o que, "para começar, num jornal teso, não está mal ...", pensei. Nos dias seguintes rondei a ideia ao mesmo interlocutor e ... passado pouco tempo anunciava-se a iniciativa à cidade e ao mundo, mais ou menos assim:

"... presta homenagem ao seu antigo director e decide criar o Prémio Literário Vitorino Nemésio, para romance ou novela ... tal, tal e tal ..."

Passo à frente que o espaço, sendo muito, destina-se a leitores com pressa: o Prémio foi criado, teve mais de uma dezena de concorrentes, que submeteram as suas obras a um júri de gente ilustre das Letras, presidido por António Quadros e ... e, finalmente, houve um vencedor (com a obra inédita "Polidoro Banazola ou A história duma apoteose") que, em cerimónia repleta de sorrisos, num salão do Casino Estoril, recebeu o Prémio Literário Vitorino Nemésio.

Tenho agora aqui o livro distinguido, a que, em próximas mensagens, farei uma ou outra menção. Para já, lembro os autores:

Cruz Andrade e Raúl d'Andrade, numa edição dos Estúdios Cor.

Mas ... mas não só ... Começo pelo ... pelo PREFÁCIO da obra e, a propósito das eventuais compensações de quem publica, uma citação que apetece:

"QUALQUER MOTIVO (...) SÓ PODERÁ OFERECER A COMPENSAÇÃO MUITO INTIMA DO PRAZER DE CRIAR, PORQUE AS COMPENSAÇÕES DE ORDEM MATERIAL E MUNDANA PODEM OS HOMENS COLHÊ-LAS POR VIAS MAIS FÁCEIS E CÓMODAS. MAS ESSE PRAZER É UMA VIVÊNCIA ESTRANHA À PARCELA VEGETATIVA DO HOMEM, NÃO DERIVA DELA, NEM A ELA SE DIRIGE. É DA ALÇADA EXCLUSIVA DO ESPÍRITO. EMBORA EXISTA TAMBÉM EM OUTRAS ACTIVIDADES, TEM A SUA MÁXIMA EXPRESSÃO NA ACTIVIDADE ARTÍSTICA, E É TÃO DISPENSÁVEL AO FUNCIONAMENTO DO ORGANISMO HUMANO QUE, EM CERTA MEDIDA OBVIAMENTE SUBJECTIVA, NOS SUPER-HUMANIZA."

Raul d'Andrade

É isso. Hei-de continuar. Em honra do homem do "Se bem me lembro ..."

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