domingo, 19 de dezembro de 2010

Natal da Natureza

Sempre assim terá sido, mas este apontamento escrevi-o eu no início da década de 90, "do século passado", sob forte emoção... Publicaram-mo no Dia de Natal. Hoje é memória que se transmite. Porque todos, mas todos, a compreendem...

"Viçosas que foram, levaram-nas os Outonos de que há testemunhos sem data. Desapareceram do nosso olhar folhas que as idades fragilizaram e o vento soprou, douradas e, não raro, vencidas pelas rugas, para as entranhas da terra, à mistura com restos de mundo, capaz de se renovar e, à sua maneira, fazer de cada instante o Natal da Natureza.

Não as vamos ter na humana consoada viva, ali à beira do que somos, olhados ao espelho. À mesa não vão estar os que, queridos, em dia de tristeza, nos deixaram a caminho doutros lares. Resta-nos - e sempre assim será - o sorriso amplo, a entrega das crianças que continuam o ciclo que não pára. Os campos aguardam que elas, de preferência elas, as crianças, nesta quadra, como em cada dia, plantem as árvores que aproveitam as migalhas outonais que os bailes do vento foram espalhando pelo quotidiano das natividades.

É tempo de sorrir: o Homem comemora o seu Natal.

Feliz Natal, deseja quem há décadas o vê chegar carregado de bons modos e fartas esperanças."

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