Analistas acreditam que Chui Sai On foi pressionado por Pequim para ceder aos opositores ao regime de garantias para ex-governantes.
Sónia Nunes
O Chefe do Executivo, Chui Sai On, deixou ontem cair proposta de lei que cria um pacote de garantias para os ex-titulares dos altos cargos públicos – cinco dias depois da manifestação de Domingo, a maior desde 1999, contra o regime. A decisão foi tomada para responder às reivindicações das milhares de pessoas que protestaram na rua e junto à Assembleia Legislativa ou para garantir a recandidatura? Os observadores políticos Eilo Yu e Camões Tam não têm dúvidas: a principal motivação do líder do Governo foi a eleição, marcada para 31 de Agosto.
O próximo Chefe do Executivo toma posse a 20 Dezembro e até agora Chui Sai On posiciona-se como candidato único ao cargo. “Nos próximos seis meses o Governo não vai propor nada”, antecipa o ex-jornalista e professor universitário Camões Tam, numa reacção à intenção do Executivo de avançar com uma consulta pública. O comentador político identifica dois travões ao regime de garantias: “O primeiro obstáculo é o Governo Central. Nunca foi informado da intenção de Macau de criar este sistema”.
A posição de Pequim foi colada à notícia da Xinhua sobre a proposta de lei, em que agência estatal diz que em Hong Kong não existe este regime. Sobre a imunidade prevista para o Chefe do Executivo? “É muito fácil de responder. Destina-se ao presidente de uma nação e não a um líder regional. O Governo Central está contra”, responde Camões Tam.
“Chui Sai On sofreu uma pressão enorme, não só dos manifestantes, mas do Governo Central”, subscreve Eilo Yu. “O Governo Central levou este evento [de contestação social] de forma muito séria. Macau é uma sociedade onde há estabilidade. Pequim irá considerar uma alternativa para o cargo de Chefe do Executivo caso Chui Sai On não consiga lidar com esta situação”, defende o politólogo.
Com a retirada da proposta de lei, Chui conseguiu o principal objectivo: manter-se no caminho da eleição, entende Eilo Yu. “A oposição já não tem motivos para manter a campanha de contestação. Este evento chegou ao fim”, diz – o que não quer dizer que “não continuem as críticas ao desempenho do Governo” no período pré-eleitoral.
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