Trata-se de um debate, de um julgamento público do judeu que Cristo era, para saber que razões "histórias, sócio-culturais e políticas" terão levado à sua condenação.
Trabalho de Diego Fabri (1911-1980), estreou em Milão em Março de 1955, sabe-se. Mas o que, para além do tema, nesta peça, mobiliza particularmente o espectador é o aparecimento, na plateia, de quatro actores (um padre, um jornalista, um filósofo e a amante do filósofo) a interpelar o tribunal instalado no palco, onde, a certa altura, surge a empregada da limpeza do tribunal com as suas opiniões de mulher simples (Palmira Bastos, maravilhosa - é a imagem que retenho).
Não será, hoje, tão invulgar como isso, este palco total, em que, dentre o público surgem vozes intervenientes ... Mas é sempre uma surpresa que prende, que agarra o espectador.
Conta-se, a propósito, que, aquando da estreia da peça, houve um espectador que, desprevenido e entusiasmado, presumo, terá feito uma intervenção dentro do contexto, mas fora do guião. "Salvou" o eventual embaraço, conta-se, o próprio autor da peça que, presente na sala, se terá apressado a reequilibrar a situação com palavras adequadas. Teatro dentro do teatro? Não sei. De qualquer modo, deve ter sido um momento único - e inesquecível, que aqui lembro como mo contaram à saída do D.Maria II, em Lisboa, ainda empolgado por interpretações e encenação magistrais.
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