quarta-feira, 9 de maio de 2012

Os portugueses em França - anos 80 ( III )













"( ... ) Entrementes, vamos andando pelas áreas da construção civil, pela hotelaria, pelas fábricas de automóveis e ... pela manutenção dos prédios de "gente fina", que nos trata bem e nos faz sonhar com um Portugal onde nem sempre se regressa definitivamente, não obstante a saudade permanente que assalta os nossos emigrantes.

Regressar?

O caso é que, quanto a este último aspecto, os portugueses que nos anos 60 foram para França são hoje homens de 40, 50 anos, portanto, com filhos - alguns eventualmente lá nascidos -, netos, todo o peso de uma parte da vida adaptada a novas circunstâncias. Digamos que a força física e psicológica já não é a mesma de há duas décadas atrás. Daí, por vezes, a drama do ficar longe da pátria, onde, entretanto, se construiu a maison a pensar no gozo de uma reforma compensadora e todo um mundo tornado rotina a que o peso dos descendentes já radicados e menos ligados às origens confere características muito especiais.

Donde, salvo raras excepções, a situação apareça muito clara: ou Portugal consegue criar condições económicas para "segurar" os seus filhos, saindo apenas aqueles que, mesmo sem darem por isso, têm dentro de si um certo "bichinho" de Quinhentos, ou, atingida a chamada idade madura, ficar-se-á pelo neurologista, que, em última análise, tentará o impossível entre o drama de uma pátria que se ama e deseja e uma França de que se acaba por gostar, e onde o dia-a-dia tomou conta dos pensamentos dos nossos compatriotas. Valha-nos, neste transe, a proximidade geográfica da terra de origem, que apesar de tudo, ajuda a resolver parte do problema, permitindo um "matar de saudades" quase regular (...)."

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