sábado, 30 de julho de 2011

Garrett, presente! *

"(...) Não: plantai batatas, ó geração do vapor e do pó de pedra, macadamizai estradas, fazei caminhos de ferro, construí passarolas de Ícaro para andar a qual mais depressa, estas horas contadas de uma vida toda material, maçuda e grossa como tendes feito esta que Deus nos deu tão diferente do que a hoje vivemos.

Andai, ganha-pães, andai; reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, comprai, vendei, agiota. No fim de tudo isto - o que lucrou a espécie humana? - Que há mais umas poucas dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?  (...) Cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis."

* in Viagens na minha terra

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