terça-feira, 18 de maio de 2010

in CARTAS À MINHA NETA *

"Dominguiso, s/data, mas neste período dos 13 aos 19 em que achei por bem escrever-te - sem prejuízo de nada


Frontalmente, a banalidade que, se não houvesse perdão, transformava o mundo numa cadeia: errar é humano. Só que, para que tudo se encaminhasse para a harmonia, no Princípio começou a falar-se de justiça divina, de leis, de códigos e, mais tarde, de sociologia, de psicologia e de coisas assim - e a humanidade foi dando o jeito... Passou, como sabes, por inúmeras e imensas dificuldades, mas lá foi acertando o passo...Olhou, olhou-se, percebeu-se. Avançou, recuou, avançou. Tropeçou muito, estudou bastante, até descobrir que, sem falar nos intervalos das rabugices (iniciais e finais) havia que dar a maior atenção, em particular, ao período da vida humana (é esta fase que agora te interessa especialmente) a que os camones chamam a dos "teenagers", isto é, dos indivíduos com, idades compreendidas entre os 13 e os 19 anos, em que muito se define...

Diz quem sabe que é aí que os seres humanos verdadeiramente abrem os olhos e, quais potros à nascença, começam a tentar ver (e reinventar) o mundo. Fascinante! Fascinante e, apetece dizê-lo, determinante em que ou aparecem as mais "surpreendentes" asneiras ou se definem os mais convicentes carácteres. São frequentes os erros, é frequentíssima a generosidade, é quase sempre bonito o desabrochar.


Surgem, então, sabe-se, vindos do quase nada, os meninos embirrantes, os contestários, os poetas da desgraça, mas aparecem também os generosos, os ávidos de conhecer, os da força renovadora do futuro, os sonhadores que, à vezes, na sua fresca e fraca, ingenuidade (ou pureza) acreditam que os mais novos ainda não sabem e os mais velhos nunca souberam...


E está lançada a dinâmica da vida onde errar é, de facto, uma consequência do ser ou estar - tornado impossível, isso sim, em qualquer idade, sem tolerância e amor. Sobretudo, da família.


Mas basta de catecismo que eu, enquanto avô, o que mais desejo é que, como diria a tia Lígia, possa haver sempre mesa farta para todos e bailarico no adro para os que quiserem.
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M.A.

* a publicar ("Cartas do meu avô") quando houver um editor que não esteja falido e tenha netos. Bom dia, Facebook!

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