sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O elevador da Estrela (Lisboa) - ( II )

"(...) A empresa pagou, por ela, 10 contos e logo mandou à Câmara o projecto de "casa para a installação das machinas a vapor e transmissão teledynamica para a tracção dos carros ascensores da Calçada da Estrela".

O município não tinha verba para expropriar esta e outras casas no sítio; e a Ascensores ofereceu 40 contos de reis ao juro de 5%, ficando para ela as sobras dos terrenos expropriados: a oferta foi aceite.

Em princípios de 1889 procedia-se às escavações para assentamento da linha, mas com prudência por se ignorar o perfil que iria ter uma avenida já chamada de Esperança e destinada a ligar o aterro com o Largo das Cortes. Quando se procedia aos primeiros trabalhos na Calçada dos Paulistas, a Junta de Paróchia
acompanhada por moradores e proprietários da freguesia de Santa Catarina, embarga as obras pois, no seu entender, o futuro elevador os ia prejudicar; o mesmo fazem a Companhia das Águas e a do Gás.

Em Janeiro seguinte, dependia do Supremo Tribunal Administrativo a resolução do caso porque a Junta intrepuzera recurso contra a Câmara; esta respondeu que estava autorizada, por lei, a conceder licença para qualquer melhoramento de viação pública. Tinham-se feito vistorias à linha em construcção; e as conclusões dos peritos foram: "A linha constitui um sistema superior aos americanos e não impossibilita nem impede a viação ordinária; as ruas mais estreitas do trajecto ficam em melhores condições que algumas em que passam os americanos como a dos Mastros, a da Silva, a de São Pedro de Alcântara junto a São Roque de Alcântara junto a S.Roque, etc". O Tribunal Administrativo dera razão à Empresa: e a Junta recorrera para a instância superior.

Em Março de 1890 chegaram os primeiros carros, mas só rebocadores, abertos e com toldo de lona, "obra de feira". Certa noite fez-se uma experiência com um deles, quasi às escondidas, descendo-se do Largo da Estrela até ao das Cortes; o desgraçado trepidava escandalosamente porque as rodas tinham um rasto demasiadamente largo e, em vez de assentar no carril, iam por cima das pedras da calçada que estavam mais altas, com o que a marcha do carro era horrorosa. Sem que chegassem, porém, os atrelados não se podia inaugurar o serviço público."

Sem comentários :

Enviar um comentário

Seguidores