sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Do lido, o sublinhado (66) - HÚMUS, porque sim ...












Eu sei, e mesmo que não soubesse as estatísticas diriam, que estes dias de Verão, não são para consumir blogues. Eu sei que os melhores dias para consumir blogues são, em cada ano, os de Janeiro e Fevereiro, que é quando, lá fora, a chuva costuma ser companheira do frio, e apetece, em ambiente aquecido, ler coisas mais ou menos quentes. Eu sei também, de saber de experiência feito, que aqui, seja qual for o tempo que esteja a olhar-nos para lá da vidraça, só a brejeirice tem algumas hipóteses de leitura garantida. Cientista não escreve em blogue,  cartões premiados não são aqui ... Etc. Em suma, este espaço é, sobretudo, nestes meses de termómetro a subir, chamados de época alta, coisa, não para lamentar, mas parlamentar no sentido mais básico: parlamentar no jardim. Ora como este é o jardim que me apetece e a palavra inicial é minha ... a de hoje é DO LIDO e SUBLINHADO (no Inverno), para quem não tenha mais que fazer, claro. Nem sequer brejeirices ...

Fui aviar-me a um tal Raúl Brandão, que foi lusa figura das letras, para fazer minhas palavras que não saberia, pelo menos, escrever assim ...

"Deus existe - ou Deus não existe. Se Deus existe, se tenho a certeza que Deus existe e se interessa pela minha dor, esta vida transitória é um único minuto com a eternidade à minha espera. Tudo me parece fácil.Que exige o meu Deus? Que me reduza a pó e despreze a aparência? Tudo é vão diante da eternidade que me espera. O meu Deus enche o mundo. Só o meu Deus existe, e todo o resto no universo é tão pequeno é tão fútil, que reclamo mais dor, mais sofrimento, mais fome. Que a desgraça caia sobre mim com todo o peso da desgraça; que a dor me descarne até à medula. Desprezo a dor. Exijo-a diante da eternidade. Sou capaz de andar de rastro com a boca no pó, sou capaz de sofrer todos os tormentos, com a certeza de que me livro de uma eternidade de angústias para ver Deus. Venham todos os escárnios, todos os gritos, todos os suores da agonia - venha Deus meu a cruz! Até à morte hei-de crer no creio. Sem crer não sou nada - sem nada não existo - sem crer não compreendo a vida. Preciso de caminhar para um destino. Crer é uma necessidade absoluta, um sentimento primário, a própria vida, sua razão e seu fim."

Gostaram? Creio no que escrevo. E nalguns coisas que leio. Mesmo que ninguém mais leia, estou na lota o ano todo. E, apesar de a vida estar cara, vou conseguindo aqui ganhar para meu alento (ía a escrever sustento, mas isto é de borla...).



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