domingo, 6 de março de 2016

20 minutos num Maracanã com FLA-FLU


Um dia, no Rio, meteu-se-me na cabeça ir ao Estádio do Maracanã, em dia de FLA-FLU (Flamengo-Fluminense) para tentar sentir "o ambiente". SENTI. Vinte minutos numa das bancadas "deram a imagem e resolveram a dúvida": o espectáculo era a multidão, "impossível" nos gritos, no senta-levanta, no levanta-senta, no grita-chora, no chora-grita, na variedade garrida no trajar. Nos sinais permanentes para esconder a máquina fotográfica que levava para "fotografar tudo"... No desconforto do não ser, nem deixar de ser do FLA ou do FLU.

Saí pisando pernas e braços, corpos às riscas e sem ser às riscas. Saí como quem, não querendo, tem que voar sempre a tentar perceber por onde isso deve acontecer com o mínimo de atropelos - que às vezes são abraços, outras são encontrões - mas nunca deixam de ser gritaria quase como a que se imagina num jardim zoológico de animais esfomeados sem grades a separar espécies.

Lembro-me de, pelos olhares, me terem desaconselhado a presença da máquina fotográfica que a minha inocência tinha levado para o Maracanã na esperança de um bom "boneco" ...

Saí no meio de um inferno verbal e físico cerca de 20 minutos depois de ter entrado: IMPOSSÍVEL ficar. Corri para o primeiro táxi que encontrei - que me levou para a área do hotel onde me hospedara ... Melhor: levou-me para a zona do alojamento indicado, mais ou menos, pelos demais passageiros (acabámos por encher o táxi sem nos conhecermos ...). Paguei o que me foi dito pelo motorista e ... e, salvo erro, ouvi dizer, mais tarde que a contenda tinha terminado com um empate entre o FLA e o FLU (Flamengo e Fluminense), era o caso.

Ainda na entrada do hotel revi-me, entrei e fui para a janela do meu quarto em Copacabana - ouvir ondas e vozes chegadas de um Maracanã, qual "manicómio" para doentes da bola em estado adiantado. Sosseguei. A máquina fotográfica tinha escapado. E eu ... eu quase ... Sem conseguir lembrar-me quantos cruzeiros tinha pago. Nem, ainda hoje, perceber como é possível viver em paz no Rio do futebol. E no meio de tanta febre de ser e estar. Haja o que houver. Como, aliás, mostra, com frequência, a televisão, por exemplo.Que prende Lulas, mas cultiva abraços que quebram ossos. Fraternalmente.

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