A importância de um nome "sonante" ...

Há uns 50 anos, existia nos Restauradores, em Lisboa, uma empresa de compra e venda de propriedades que dava pelo nome de A FINANCIADORA, com anúncio luminoso e tudo. Familiares meus, com dinheiro na mão, quiseram, na altura, comprar um andar que havia sido anunciado no Diário de Notícias. Deram o respectivo sinal e ficaram à espera da sequência ... E esperaram, esperaram ... Telefonaram um vez, duas vezes, dezenas de vezes, foram lá, voltaram lá - NADA! Até que me foi cometida a "tarefa" de tentar ir à fala com ... com um tal sr. Secundino (o sr. Secundino era o administrador visível, sabia-se) que ... que nunca estava, ou "está em reunião".Uma vez, duas vezes, sempre! Subi as escadas, desci as escadas - "não está, acabou de sair..." Tentei a via telefone. Nada: "não está." "Está em reunião. Ligue amanhã". Nada: "ainda não chegou, teve uma reunião fora ..."- passou a ser a telefonista, como se fosse um gravador, a dizer o não está, o não pode atender, o ligue amanhã, o ... Mal eu me identificava a resposta era uma invariável impossibilidade.

Até que, um dia  (razão deste apontamento), um dia, disfarcei a voz e à clássica pergunta  quem fala?, desesperado, respondi qualquer coisa como: "diga, por gentileza ao Secundino que daqui fala o Policarpo Meireles da Cunha e Sá (foi qualquer coisa assim ...). A telefonista, solicita, pediu-me um minuto de espera  e voltou à linha para dizer que o sr. Secundino não se lembrava do "meu nome" ... Abreviando, fiz então saber que considerava ofensivo que o Secundino se não lembrasse de mim e ... e, passados dois minutos, o fulano, ele próprio, "devidamente informado", apareceu na linha para me ouvir ... com o verdadeiro nome de baptismo. Imagine-se.

Mais tarde, ao que sei, o Secundino terá sido preso. Ele e outros da "sua equipa". Mas desconheço o que é que a Justiça terá acabado por lhe, lhes fazer... Mas lá que foi, foram notícia, foram ... Pelo menos, no mesmo jornal em que haviam abusado da boa fé dos leitores ... Durante meses.