domingo, 15 de maio de 2011

DIÁLOGO possível

PRETENSÃO: (...) aspiração, (...), desejo, (...), orgulho, (...), projecto, (...).

Aspiro, desejo, tenho orgulho, projecto estar sentado neste banco de jardim - e, sempre que possível, passar o tempo convosco (vocês não sabem, mas às vezes, por exemplo, toca-me o telemóvel e sou obrigado a suspender-me; mas também já me tem acontecido ter acabado de poisar as nádegas aqui nas tábuas do banco e aparecer uma fulana, um fulano, uma pomba, a fazer o desabafo que se lhe impõe...). Cá estou, como, mais uma vez, se nota ...

Nota?... Nota, apontamento? Também. Mas, antes disso, dinheiro. Recuo mais de cinquenta anos e deixo-vos uma ponta do manuscrito que, naturalmente, conservei estes anos todos, onde peço à administração do "Diário de Notícias" um empréstimo de 275$00 para comprar, para comprar o livro "Diálogo com o Visível", que, folheado na livraria, me fascinara - mas... mas "era caro"...


Tenho-o aqui. Divida liquidada "de acordo com as regras da casa...", vai, de certeza, de vez em quando, apetecer-me soltar-lhe "frases" que me entusiasmaram. Apenas "frases", quando muito, provocadoras de conversas aí em vossas casas, se a tanto me quiserem dar a honra. No caso, quem as escreveu foi um senhor chamado René Huyghe, ex-professor do Colégio de França e ex-Conservador-chefe honorário do Museu do Louvre.

"É PRECISO TER A CORAGEM DE DIZER QUE NAZISMO, FASCISMO, RÚSSIA MARXISTA OU AMÉRICA CAPITALISTA TERÃO SIDO, EM GRAUS DIFERENTES E POR CAMINHOS OPOSTOS, NÃO MAIS DO QUE RIVAIS LANÇADOS NA MESMA CORRIDA. A exigência é universal: as nações que consideramos como irredutíveis adversárias afigurar-se-ão ao historiador futuro concorrentes excessivamente ciosas de lograrem o mesmo objectivo."

"Postos entre dois fogos (o nosso passado e o nosso futuro), desanimamos com as nossas contradições e as nossas intemperanças, sentimo-nos, simultâneamente, muito novos e muito velhos. Época embriagante para o observador, mas esmagadora para os que a vivem e nela procuram encontrar o equilíbrio..."

É tudo. Por agora.

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