"Arruinada no fim do XVI século, e perdida a independência, a nação arrasta uma vida pedinte e miserável no XVII século, à mercê da Europa e das suas intrigas de equilíbrio. No século XVIII o rendimento do Brasil vem dar riqueza a um país desolado e despovoado; e agora, de facto perdida outra vez a independência - se alguma houve realmente, a não ser durante o reinado do marquês de Pombal
perdia-se com ela o tesouro português. No fim do XVI século, era o desabar do império ultramarino que fazia cair por terra a nação. A dinastia de Avis soube acabar heroicamente. O D. Sebastião de agora, o D.Sebastião dos Braganças, sabia fugir em vez de morrer; sabia apenas sacrificar tudo para se salvar a si, como fizera o avô, D. João IV. Por tudo isto, o último homem dos de Avis deixou no coração do povo um rasto de luminosa saudade, e o último homem dos Braganças deixou apenas aquele enjoo que provoca o vómito ... Quando Napoleão saiu e voltou a paz, deu-se o balanço à fortuna portuguesa. Era um sudário de miséria e solidão. De 1807 a 14 a população baixara de meio milhão: um quarto do que fora. Não havia quem trabalhasse; Beresford fizera soldados todos os que não eram frades, nem desembargadores, nem cónegos e capalães cantores, ou castrados. Não havia cultura, nem indústria, nem gado, nem pesca. De cada 2000 recrutas só às vezes dois sabiam ler. Até o princípio do século, com uma população de um quarto maior, bastava importar por ano 10 milhões de cruzados de trigo: agora necessitavam-se 40, e mais 23 de bacalhau, num país que é uma faixa marítima e piscosa. A desgraça crescia de ano para ano. 19 era muito pior do que 18. Em Lisboa e Porto tinham entrado menos 416 navios, tinham saído menos 238. As importações de fora baixavam de 49 a 37 milhões; as exportações de 42 a 26. Para o Brasil, em 18 tinham ido 20 milhões de géneros, em 19 iam só 16; tinham vindo 24 milhões, vinham 19 apenas. No congresso (1821, Fevereiro) lamentava o ministro, ainda sectário do equilíbrio económico pombalino, que o deficit total da balança do comércio português fosse 21 milhões de cruzados. As finanças arruinadas reproduziam o estado da indústria, do comércio. Custava a casa real por ano, apesar do rei estar ausente, 260 contos; e só por si as cavalariças absorviam 80. O comissariado consumia mais de 1200 contos; e ao mesmo tempo que os operários das fábricas de Portalegre e da Covilhã pediam esmola, o deficit do orçamento anual chegava a 2000 contos."
2011, Maio: vamos às comparações. JÁ! Antes de se votar.
E, como diz por aí um leitor de jornais, "não se esqueçam da auditoriazinha às contas públicas."
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