Bruno Álvares regressa ao comando técnico dos encarnados com vontade de retomar a “cultura de vitória” e levar o Benfica de Macau a lutar pelo melhor resultado.
Cláudia Aranda
Bruno Álvares, 27 anos, é o treinador que sucede a Daniel Pinto, que saiu do comando técnico dos encarnados no final de Fevereiro.
O novo treinador regressa à direcção técnica trazendo na bagagem as vitórias obtidas na época passada, que conduziram o Benfica de Macau à conquista da Taça de Macau e ao título de vice-campeão da Liga de Elite.
Bruno Álvares regressa com essa mesma vontade de tornar o Benfica de Macau “numa equipa competitiva”, capaz de “chegar a qualquer jogo e lutar pelo melhor resultado, que é a vitória”.
- Quando é que recebeu o convite do Benfica de Macau?
Bruno Álvares – Primeiro, para deixar claro e para que não haja dúvidas, jamais estando um clube com um treinador no activo há qualquer tipo de contacto da minha parte com esse clube. Neste caso, tendo os jogadores trabalhado comigo, poderia haver uma tendência para haver um contacto mais pessoal ou com dirigentes com quem trabalhei. Mas, nunca o fiz, não tive contacto nem com dirigentes nem com jogadores enquanto o Benfica de Macau teve um treinador. O primeiro contacto surgiu quando o Benfica de Macau ficou sem treinador pela segunda vez esta época. Surgindo o contacto por parte de Duarte Alves foi muito simples chegarmos a um acordo para um regresso, porque a comunicação entre nós sempre foi a melhor, sempre respeitámos mutuamente o trabalho de cada um neste projecto do Benfica de Macau. Portanto, foi muito simples termos chegado a um acordo e tentarmos trabalhar num regresso tão rápido como acabou por ser.
- Havia a possibilidade de ser contratado para a época de 2014?
B.A. – Essa possibilidade nunca esteve fechada, agora num campeonato que pára em Junho e só regressa em Janeiro é natural que tenha chegado a Portugal e tenha tentado saber quais os projectos disponíveis que eu pudesse ingressar. Durante este período a direcção do Benfica tomou a decisão que achou melhor.
- Quando terminou a época o ano passado, mostrou-se disponível para voltar a dirigir a equipa?
B.A. – Eu sempre me mostrei disponível para o Benfica de Macau e sempre irei mostrar disponibilidade, agora não é uma decisão que passa por mim. É sempre uma decisão da direcção do Benfica de Macau, escolher o seu treinador e sucedeu-se desta forma.
- Qual é exactamente o seu papel neste momento?
B.A. – Eu sou apenas treinador de futebol do Benfica de Macau e, tendo esta função, aquilo que me é exigido por parte da direcção são as decisões técnicas, que passam todas pelo treinador. Ou seja, o trabalho que é desenvolvido, quais são os jogadores que jogam, qual é a forma como a equipa joga, a estratégia que a equipa tem para cada jogo, portanto tudo o que tenha responsabilidade directa com a área técnica é da minha obrigação. Desta forma, posso responsabilizar-me por todos os resultados da equipa. A única coisa em que a direcção me instruiu, enquanto directrizes deste projecto, foi para levar este projecto com grande rigor profissional, com grande cultura e respeito pelo treino e para tornar a equipa do Benfica de Macau uma equipa competitiva, que chegue a qualquer jogo e seja uma equipa que lute pelo melhor resultado que é a vitória, é só isso que é exigido da parte técnica.
- O que é que a direcção do Benfica lhe transmitiu em termos de objectivos para esta época?
B.A. – Aquilo que se espera de mim, novamente, como treinador do Benfica de Macau é que retome uma cultura de trabalho, uma exigência de trabalho, com grande rigor e profissionalismo, como aconteceu na época passada, com uma cultura de vitória – portanto, tornar o projecto Benfica de Macau num projecto vencedor que, para além de tirar rendimento da equipa, procura dar uma boa imagem do futebol. Temos como objectivo, sobretudo, jogar com qualidade, trabalhar com grande rigor, com uma cultura de treino muito forte e procurar atingir os objectivos que passam sempre por tentar vencer qualquer jogo.
- Qual é a meta em termos de campeonato?
B.A. – Acreditamos que, se retomarmos essa cultura de trabalho, os bons resultados estarão mais próximos de acontecerem, estaremos mais próximos de retomar os bons resultados que obtivemos na época passada e portanto o objectivo neste momento, e tendo em conta que partimos em desvantagem, é procurar fazer o melhor possível, sabendo que se o fizermos estaremos mais próximos de ganhar.
- Porque é que diz que partem em desvantagem?
B.A. – Partimos em desvantagem porque em termos pontuais não estamos na frente. É claro que enquanto treinador preferia ter os quatro meses que passaram sob o meu comando porque iria garantir que alguns processos de jogo e algumas dinâmicas tinham sido desenvolvidas nesse período. Mas, não irei de forma alguma lamentar isso. Irei, sim, olhar para o trabalho que temos pela frente. Aquilo que a equipa fazia na época passada, terá de ser retomado de uma forma mais rápida, mais eficiente, não tendo tanto tempo para desenvolver a equipa. Mas, felizmente, grande parte da equipa manteve-se e os jogadores têm bastante qualidade para perceber e entrar rapidamente naquilo que lhes vai ser pedido.
- Como é que encontrou a equipa quando chegou?
B.A. – Daquilo que posso falar é da semana em que treinámos. Treinámos de terça a domingo. Aquilo que posso dizer é que encontrei um grupo de trabalho com uma vontade e um empenho idênticos àqueles que havia quando saí de Macau. Não encontrei grandes diferenças naquilo que é a vontade e o empenho dos atletas. Logicamente, encontrei diferenças ou senti que grande parte do trabalho e dos objectivos que tínhamos conseguido na época passada, muitos deles, temos de os retomar. Temos muito trabalho pela frente para o recuperar.
- Retomar esse trabalho passa por fazer o quê em concreto?
B.A. – Eu não acredito em milagres no futebol, não acredito que com uns simples toques de magia as coisas aconteçam, acredito, sim, em vários conteúdos que é necessário desenvolver, sejam eles em processos ofensivos, sejam eles em processos defensivos, sejam eles em processos de transições, que é necessário treinar, solidificar e depois, sim, eles vão acontecer de uma forma consistente em jogo. Sobretudo, o que é necessário retomar é essa qualidade de treino. Só com treino, só com repetição, só com aquisição de conhecimento é possível desenvolver o jogo.
- Quais são os maiores adversários do Benfica neste momento?
B.A. – Todos. O Benfica não encara os seus adversários pelo lugar que ocupam na tabela classificativa. O Benfica encara todos os jogos para os disputar da melhor forma, para os disputar com qualidade e para vencer. Portanto, temos respeito e queremos vencer todos os adversários da Liga de Elite. Não tememos nenhum mas respeitamos todos e queremos vencer todos. Um dos grandes feitos da época passada foi deixar de temer para começarmos a ser temidos. Neste momento respeitamos todos e queremos vencer todos.
- Com quem vai trabalhar em termos de equipa técnica completa?
B.A. – Neste momento, o treinador-adjunto é o Daniel Melo. Foi jogador do Benfica na época passada. Era um dos capitães de equipa e, apesar de a sua actividade profissional não ser a de jogador, sempre mostrou um gosto e uma vontade em fazer parte da equipa – até pelo gosto que tem pelo Benfica em si. Estou muito contente que continue a fazer parte deste projecto, apesar de não ser como jogador.
- Qual é o papel do director desportivo Fernando Silva?
B.A. – É o papel que um director desportivo tem de ter, que é procurar reunir as melhores condições para que a equipa técnica e os seus jogadores possam trabalhar.
- Ele tem algum papel de aconselhamento na parte técnica?
B.A. – Em termos de responsabilidade técnica, de alguém que eu procure para uma decisão, essa pessoa é apenas o director-adjunto, o Daniel Melo. A restante estrutura será para apoiar e para poder reunir as melhores condições logísticas para a equipa técnica e jogadores poderem trabalhar. Neste momento, é assim que as coisas se passam.
- Pode assumir-se que o Bruno Álvares é o único responsável da parte técnica e que mais ninguém vai interferir?
B.A. – Se estivermos a falar da parte técnica, sim. E aquilo que transmito aos jogadores é que exijo. E, se sou exigente, também sou o primeiro sempre, quando as coisas não correm tão bem, a assumir as minhas responsabilidades. Quando corre bem e quando obtemos os resultados esperados, são eles os primeiros responsáveis desse sucesso. Mas em termos de responsabilidade máxima, de projecto directivo, isso cabe ao doutor Duarte Alves.
- Via-se de alguma forma a manter na equipa técnica o antigo treinador, o Dani, ou isso não faria sentido?
B.A. – Não sei responder. Não o conheço. Sei quem é, mas nunca tivemos qualquer tipo de relação. O que acho é que se as pessoas estivessem disponíveis para ajudar e para fazer parte deste projecto conforme ele está neste momento, eram sempre bem-vindas. Mas, é uma situação em que não lhe sei responder.
- Todo o processo de contratação de treinador por parte do Benfica – o próprio Dani foi contratado um bocadinho em cima do início do campeonato – afectou o moral dos jogadores? Vai conseguir dissipar alguma perturbação que isso possa ter causado?
B.A. – Essas mudanças nunca são boas para uma equipa de futebol. A verdade é que o futebol é próspero nesse tipo de situações, e os jogadores muitas vezes, ou quase sempre, estão habituados a lidar com isso. Mas, como lhe disse, são jogadores que gostam de treinar bem, que gostam de partir para o jogo a saber exactamente aquilo que têm de fazer e são jogadores de grande entrega e grande rigor profissional, como mais uma vez esta semana eu tive o privilégio de assistir. Não estou minimamente preocupado com isso porque sei aquilo com que posso contar destes jogadores. E aquilo que lhes transmiti com o meu regresso é que nada irei conseguir sozinho. Sozinho não conseguirei certamente dar a volta ou alcançar os objectivos que nós queremos. Se eles se mentalizarem que todos a remar para o mesmo lado, todos a trabalhar de uma forma árdua e exigente para que eles próprios possam ter um maior rendimento individual – e, resultante, um rendimento colectivo –, aí, sim, iremos conseguir alcançar os objectivos e iremos conseguir retomar uma cultura de vitória que tínhamos.
- O próximo jogo da Liga de Elite é no domingo, dia 16, com o Kei Lun, que está em último na tabela classificativa, o que é que espera alcançar neste jogo?
B.A. – Não encaramos o jogo preocupados com a qualidade do adversário, sobretudo espero conseguir já ver algumas dinâmicas no jogo da nossa equipa, ver já alguns objectivos que irei propor a estes jogadores a acontecer com sucesso. Portanto, vamos partir para este jogo com duas semanas de trabalho, apesar de serem poucos os treinos. Sei que vou exigir muito desses jogadores já para este jogo, mas também só o faço porque eles têm qualidade para responder da melhor forma. Portanto é um jogo em que queremos ser competitivos, em que queremos conquistar os três pontos, e é um jogo em que queremos ver alguns processos da equipa a traduzirem-se com sucesso durante o jogo.
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