quinta-feira, 28 de abril de 2011

"Diário de um pároco de aldeia" *

 Do autor: "Pela sua visão dramática das consciências, pelo poder de criação de um clima religioso e patético, pela envergadura da construção romanesca, Georges Bernanos é um dos nomes mais altos da moderna literatura francesa", escreveu-se.
                                                                             
*"(...) Acusam-nos, hão-de acusar-nos sempre, a nós, sacerdotes - e é tão fácil! -, de nutrirmos, no fundo dos nossos corações, uma raiva invejosa, hipócrita, da virilidade: seja quem for que tenha alguma experiência do pecado não ignora, todavia, que luxúria ameaça sufocar constantemente, debaixo das suas vegetações parasitas, das suas hediondas proliferações, tanto a virilidade como a inteligência.

Incapaz de criar, não lhe resta senão macular desde o germe a frágil promessa de humanidade; é ela que está provavelmente na origem, no princípio de todas as taras da nossa raça, e desde que, no desvio da grande floresta selvagem, cujos atalhos nós desconhecemos, a surpreendemos frente a frente, tal como ela é, tal como ela saiu das mãos do Mestre dos prodígios, o grito que nos sai das entranhas não é apenas pavor, mas de imprecação: "Foste tu, e só tu, quem desencadeou a morte no mundo!"


NOTA: Georges Bernanos nasceu em 1888 e morreu em 1948. Era licenciado em Letras e Direito.
Para muitos, o livro citado é considerado a obra-prima do autor. Para "o pobre de mim", pode retomar-se o tema ... Quem sabe, numa eventual comunidade de leitores das que, graças a Deus, proliferam na Terra.

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